“Viagra eletrônico” tem 90% de eficácia em testes
Novo dispositivo se chama “CaverStim” e funciona como um marca-passo, que é ativado por paciente com controle remoto
Um dispositivo conhecido como “Viagra eletrônico” registrou eficácia de 90% na recuperação da ereção. O resultado preliminar foi obtido após estudo feito por um brasileiro na Suíça com homens operados por causa do câncer de próstata. O número abre uma nova possibilidade para o tratamento da disfunção erétil e para a reabilitação sexual.
O urologista Fernando Ferreira Chagas conta que o aparelho é específico para pacientes com disfunção erétil de causa neurológica.
“Quando o paciente tem câncer de próstata e precisa retirá-la, muitos nervos que passam ali, vindos da medula, também vão embora. É como cortar a fiação da rede elétrica”.
O novo dispositivo se chama “CaverStim” e funciona como um marca-passo. Alguns eletrodos são implantados cirurgicamente na região pélvica, enviando estímulos aos nervos cavernosos do pênis.
Embora ainda esteja em fase de experimentação e comprovação, especialistas enxergam na ferramenta uma possibilidade de novos caminhos.
Pedro Daher, urologista, explica que após o implante, através de um controle remoto, o paciente ativa o estímulo nos nervos quando ele for ter relação.
“O mecanismo não induz uma ereção sozinho, mas dá o estímulo nervoso para que, após o estímulo sensorial e tátil, o paciente tenha a resposta neurológica que o marca-passo manda para os nervos cavernosos”, destaca.
O estudo preliminar, mas promissor, de acordo com especialistas, foi realizado em 10 voluntários e abre caminho para duas possibilidades.
“Ele pode ser usado como reabilitação, por um período transitório, porque às vezes o paciente não tem lesão definitiva do nervo, mas sim uma neuropraxia. O marca-passo ajuda nesse período temporário. E pode ser usado também em pacientes com lesões neurológicas mais severas de forma indefinida”.
Camilo Milanez, urologista e andrologista, acrescenta que é um estudo motivador. “Você ter um dispositivo que é fácil de ser implantado, com poucos efeitos colaterais e que o paciente aciona apertando um controle remoto é revolucionário”, ressalta.
“Abre uma perspectiva muito boa para pacientes com disfunção erétil de causa neurológica que não respondem à medicação oral, precisam de injeções ou até de prótese”.
Atualmente, o tratamento depende da gravidade e varia entre leve, onde são utilizados medicamentos orais; moderada, com injeções; e grave, com prótese peniana.
Fique por dentro
O que é o CaverStim - “Viagra eletrônico”
O dispositivo funciona como um marcapasso dos nervos do pênis. Ele é implantado internamente na pelve e possui eletrodos conectados aos nervos cavernosos.
Por controle remoto, o paciente ativa o estímulo elétrico para restaurar a comunicação neurológica necessária à ereção.
O aparelho não provoca ereção sozinho, ele apenas recria o impulso nervoso que antes vinha do cérebro.
Para quem o dispositivo foi desenvolvido
O foco do estudo são pacientes com disfunção erétil de causa neurológica, especialmente aqueles que perderam a função erétil após cirurgia para retirada da próstata por câncer.
A retirada da próstata pode comprometer os nervos responsáveis pela ereção.
A disfunção erétil pode ter origem em causas variadas. O equipamento não serve para todas. Há fatores vasculares, hormonais e principalmente psicológicos.
Em pacientes com lesões vasculares, como diabéticos com vasos sanguíneos danificados, o dispositivo não ajuda, porque o nervo até responde, mas o sangue não chega de forma adequada ao pênis.
Resultados preliminares
A primeira fase avaliou 10 pacientes e apresentou resultado considerado “animador”, em que 90%, ou seja, nove, conseguiram recuperar a capacidade erétil.
Com isso, o equipamento segue agora para um estudo que pretende recrutar 150 pacientes.
Uso temporário ou permanente
Há dois cenários possíveis: Reabilitação temporária, em casos de lesão nervosa transitória, como a neuropraxia, permitindo que o nervo se regenere com auxílio do estímulo.
Uso contínuo, para pacientes com lesões neurológicas mais graves e definitivas, que não têm chance de recuperação espontânea.
Tratamentos atuais e suas limitações
Atualmente, o tratamento da disfunção erétil depende da gravidade e varia entre leve, onde são utilizados medicamentos orais (sildenafila, tadalafila, vardenafila); moderado, com injeções intracavernosas, e grave, com prótese peniana.
Muitos pacientes não respondem bem às alternativas, e para aqueles em que a causa da disfunção erétil seja neurológica, o novo dispositivo surge como uma possibilidade futura.
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