Vacina para tratar câncer em fase de desenvolvimento
Estudos indicam a perspectiva de utilizar vacinas em tratamentos, não apenas como prevenção de doenças
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Se agora as vacinas são utilizadas como “armas” na prevenção de doenças, em um futuro - quem sabe próximo - elas poderão ser utilizadas no tratamento de enfermidades.
Estudos realizados ao redor do mundo já apontam para essa perspectiva, com pesquisas sendo desenvolvidas para tratamento de câncer de pâncreas, por exemplo.
Na fase inicial de testes, a vacina terapêutica para câncer de pâncreas apresentou bons resultados em humanos nos Estados Unidos, segundo divulgado no início do mês durante o encontro anual da Associação Americana para Pesquisa em Câncer, na Califórnia.
O câncer de pâncreas é um dos mais letais, e a vacina personalizada com dados genéticos do paciente, produzida pela BioNTech, mostrou que metade dos que receberam a dose na fase 1 dos estudos clínicos ainda tinha uma resposta imunológica contra o tumor três anos depois da aplicação.
A infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) Espírito Santo, Ana Paula Burian, explicou que a vacina em estudo utiliza a tecnologia RNA mensageiro (mRNA), mesma usada na vacina da covid-19.
“A célula tumoral é isolada e a partir daí produz uma vacina que ensina o corpo a destruí-la. A tecnologia da mRNA, que ensina como montar a “fábrica” de anticorpos, é quem está permitindo isso. O RNA mensageiro não se mistura ao nosso RNA, e demorou a conseguir essa tecnologia, porque dependia de nanotecnologia”, explica a médica.
Burian ressalta que as vacinas terapêuticas “vão revolucionar o tratamento de câncer no futuro”.
A presidente da SBIm nacional, a médica Mônica Levi, destaca que as vacinas terapêuticas (para tratamento) “são o futuro”. “Elas estão em estudo ainda, não é possível precisar em quanto tempo estarão disponíveis, mas poderemos ter vacinação como ferramenta terapêutica. Hoje elas funcionam como prevenção”.
Atualmente, a vacina de HPV previne contra câncer do colo de útero e genitais, por exemplo, e a vacina de hepatite B previne o câncer de fígado.
“As pessoas têm a ilusão de que, por serem casadas, virgens ou terem namorado fixo, não precisam da vacina de HPV. Essa é uma vacina para proteger de câncer e todo mundo precisa. A resposta da vacina produz mais de 10 mil vezes mais anticorpos do que a resposta da doença”, alerta Burian.
O que dizem as especialistas
"Muita gente deixa de se prevenir por falta de informação e, pior ainda, por desinformação. As vacinas licenciadas pela Anvisa são seguras e aprovadas. É importante acreditar no nosso órgão regulatório”
"Estão em estudos vacinas de RNA mensageiro, personalizadas para alguns tipos de câncer, para serem utilizadas para tratamento de câncer de pâncreas, melanoma e um tipo de câncer de pulmão”
"Quanto maior a fragilidade da saúde, mais benefício se obtém da vacinação. Por isso, crianças pequenas, pessoas imunossuprimidas e pessoas idosas estão na lista de prioridade para várias vacinas”
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