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Saúde

Médicos explicam câncer que afeta ex-presidente do Uruguai “Pepe” Mujica

Ex-presidente do Uruguai enfrenta doença no esôfago. Cigarro e refluxo estão entre as principais causas


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O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, 88 anos, anunciou que foi diagnosticado com câncer de esôfago, ou seja, um tumor maligno no tubo muscular que liga a garganta ao estômago. Esse tipo de câncer é o sexto mais frequente entre os homens brasileiros. Mas, afinal, o que causa a doença?

O câncer de esôfago é uma doença maligna que pode acometer o esôfago superior, o médio ou o esôfago inferior, explica o médico oncologista Fernando Zamprogno.

O especialista aponta fatores de risco comuns para o desenvolvimento da doença.

“O cigarro, por exemplo, pode causar o câncer de esôfago superior e médio. Já o refluxo, pode causar o câncer de esôfago inferior. Os hábitos de risco incluem o tabagismo, o refluxo crônico e os acidentes com algumas substâncias. É uma doença que acomete mais os homens fumantes”.

O emagrecimento, dor ao engolir, engasgos, dificuldade para se alimentar e perda de apetite são alguns dos sinais de alerta, aponta a médica oncologista Virgínia Altoé Sessa.

Ela explica o protocolo adotado para o tratamento dos pacientes. “O tratamento depende do estágio em que a doença foi descoberta. Se for avançada, geralmente é quimioterapia e imunoterapia. No início, geralmente é só uma cirurgia. Quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores são as chances de cura”.

O diagnóstico do câncer de esôfago é feito por meio da biópsia por endoscopia. A médica oncologista Juliana Rocha aponta a estimativa de novos casos da doença até 2025.

“Temos uma expectativa de que, entre 2013 e 2025, serão quase 11 mil novos casos de câncer de esôfago. O ideal é que evitemos o tabagismo, a ingestão de bebidas alcoólicas e a obesidade, principalmente”.

Nas redes sociais, o ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, explicou por que seu caso de câncer de esôfago é “duplamente complicado”.

“Eu já sofro de uma doença imunológica há mais de 20 anos que afetou, entre outras coisas, meus rins, o que cria dificuldades óbvias para técnicas de quimioterapia e uma cirurgia”.

Opiniões

"As possibilidades de cura dependem do momento do diagnóstico. Quem tem refluxo, faça endoscopia.", - Fernando Zamprogno, médico oncologista.

"O tratamento depende do estágio da doença. Se for avançada, é quimioterapia e imunoterapia.", - Virgínia Altoé Sessa, médica oncologista.

Saiba mais

- O câncer de esôfago é uma doença maligna que pode acometer o esôfago superior, o esôfago médio ou o esôfago inferior

- No Brasil, o câncer de esôfago (tubo muscular que liga a garganta ao estômago) é o sexto mais frequente entre os homens e o 15º entre as mulheres. No mundo, ele é o oitavo mais frequente, e sua incidência em homens é cerca de duas vezes maior do que em mulheres.

- O tipo mais frequente de câncer de esôfago é o carcinoma epidermoide (CEC), porém, devido ao aumento da prevalência da obesidade e da doença do refluxo gastroesofagiano, os casos do tipo adenocarcinoma (AC) estão aumentando nos últimos anos.

Risco

- O consumo frequente de bebidas muito quentes, em temperatura de 65ºC ou mais, pode levar ao câncer de esôfago.

- O excesso de gordura corporal, a história pessoal de câncer de cabeça, pescoço ou pulmão, e a exposição à poluição urbana são outros fatores de risco para a doença.

- O consumo de quaisquer bebidas alcoólicas, seja regular, excessivo ou esporádico, pode causar câncer de esôfago.

- O tabagismo isoladamente é responsável por 25% dos casos de câncer de esôfago. O risco aumenta rapidamente com a quantidade de cigarros consumida.

Sinais

- No início, a doença pode ser silenciosa. Com a progressão do quadro, podem surgir sintomas como a dificuldade ou a dor ao engolir, a dor retroesternal (atrás do osso do meio do peito), a dor torácica, a sensação de obstrução à passagem do alimento, as náuseas, os vômitos e a perda do apetite, por exemplo.

Diagnóstico

- O diagnóstico é feito por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença. A detecção precoce é uma estratégia para encontrar o tumor em fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de sucesso no tratamento.

Tratamento

- O tratamento pode ser feito com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, de forma isolada ou combinada, de acordo com o estágio da doença e das condições clínicas do paciente. Geralmente, os pacientes são submetidos a um tratamento combinado com quimioterapia e radioterapia, e, depois, é feita a cirurgia.

- O acompanhamento pós-tratamento deve ser realizado por pelo menos cinco anos e é fundamental para detectar um eventual retorno da doença.

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