Priscila da Silva: “A dengue grave me levou para a fila do transplante”
Vítima de hipertensão, Priscila da Silva, de 44 anos, teve complicações causadas pela doença e precisou receber novo rim
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Três vezes por semana, por quatro horas, a auxiliar administrativo Priscila Marcelino da Silva, de 44 anos, está presa a uma máquina, que hoje faz por ela o que seus rins já não são mais capazes de fazer.
As sessões de hemodiálise e a luta para manter a saúde e a qualidade de vida começaram após Priscila, que já era hipertensa, ter seu quadro agravado pela dengue. “A dengue grave me levou para a fila do transplante”.
Priscila contou que, na época, levava uma vida normal, trabalhando, namorando e saindo com amigos. “Eu fazia tratamento com medicamentos para a pressão alta. Em 2013, tive uma dengue que, na época, chamavam de hemorrágica. Cheguei a ter que tomar bolsa de sangue e soro todos os dias”.
Ela revelou que alguns meses depois, ao fazer exames de rotina, descobriu alterações que indicavam problemas nos rins.
Entre idas e vindas a médicos, o caso se agravou a ponto de ter que ser internada por 12 dias. “Eu já estava morrendo. Estava inchada e não conseguia mais me alimentar. Foi quando comecei a fazer hemodiálise”.
As sessões duraram 3 anos e 6 meses, até que em 2017 veio a chance de fazer o primeiro transplante de rim. “O resultado foi muito bom. Consegui retomar uma rotina. Mas, em meados de 2021, os exames de rotina voltaram a apresentar alterações e não foi possível reverter, nem com corticoide”.
De volta a hemodiálise há mais de dois anos e sem trabalhar por causa do tratamento, hoje Priscila voltou para a fila do transplante e está na expectativa de uma nova chance, com um novo rim.
Quanto às mudanças na vida, ela revela que tem altos e baixos, mas procura se manter positiva.
“A hemodiálise não tem apenas o desconforto das agulhadas, mas restringe um pouco a vida, já que é difícil viajar e não podemos tomar muitos líquidos ou comer muito. Mesmo assim, tento manter o bom humor, a autoestima e a atividade física”.
Em meio ao aumento no número de casos de dengue, ela também revelou o medo que ainda sente da doença. “Não tive dengue novamente e procuro me cuidar, mas sabemos que nem sempre tem como evitar. O medo maior é porque não podemos ingerir muito líquido ou tomar muito soro, pois dependemos da máquina para a função do rim. Por isso, mais do que nunca, espero pelo meu novo milagre do transplante”.
Perigo é maior para quem tem diabetes e hipertensão
A nefrologista do Hospital Evangélico de Vila Velha, Ramiele Souza, destaca que, em geral, hipertensão arterial e diabetes estão entre principais causas que levam a quadros de doença renal crônica.
A médica, que acompanha o caso de Priscila Marcelino da Silva, revela que em pacientes com dengue grave lesões renais têm sido causadas devido à desidratação.
“Entre pacientes internados com dengue, cerca de 4% desenvolvem lesão renal aguda. Destes, em torno de 14% necessitam de diálise, podendo chegar a 70% dos internados na UTI. Isso acontece tanto em pacientes com fator de risco quanto em paciente saudável”.
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Ela destacou a necessidade do paciente com dengue buscar atendimento médico em caso de sinais de alerta de gravidade da doença. Entre eles, dor abdominal e vômito que não pode ser contido.
O coordenador do Centro de Transplantes do Hospital Evangélico de Vila Velha, Bruno Majevski de Assis, afirmou que o Estado tem hoje cerca de 1.200 pessoas na fila de transplante de rins.
“A literatura aponta que o paciente consegue ficar com o rim transplantado entre de 5 a 10 anos. No entanto, temos paciente que vive há 44 anos com o órgão”.
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