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Saúde

Crianças brasileiras estão mais altas e obesas, diz pesquisa

Estudo aponta que houve aumento de 1 centímetro na altura infantil. Excesso de peso e obesidade tiveram alta de 3,2%


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Imagem ilustrativa da imagem Crianças brasileiras estão mais altas e obesas, diz pesquisa
A pediatra Nathália Miranda analisa que a pandemia pode ter piorado ainda mais os números de obesidade infantil |  Foto: Fábio Nunes/ AT

Anos atrás, especialistas já previam que o Brasil teria mais crianças obesas do que desnutridas. Estudos indicam que a previsão tende a se cumprir. Recente pesquisa aponta que a obesidade nesse público só cresce no País.

Conduzida por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a University College London, a pesquisa mostra que as crianças estão ficando mais obesas e mais altas.

O estudo aponta que entre 2001 e 2014, foi registrado um aumento de 1 centímetro na trajetória de altura infantil.

Imagem ilustrativa da imagem Crianças brasileiras estão mais altas e obesas, diz pesquisa
Seguir uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e verduras, ajuda a prevenir a obesidade |  Foto: Arquivo/ AT

As prevalências de excesso de peso e obesidade também apresentaram alta, com até 3,2% de aumento entre os grupos analisados. Publicada na revista The Lancet Regional Health – America, a pesquisa analisou 5.750.214 crianças, de 3 a 10 anos.

“Nosso estudo não avaliou especificamente as causas do aumento de altura, mas outros estudos observam que a altura reflete muito o desenvolvimento econômico e condições de vida de uma população. Tivemos melhorias nas condições sociais, na área de saúde e na redução da pobreza, por exemplo”, analisa Carolina Santiago Vieira, pesquisadora associada ao Cidacs/Fiocruz Bahia e líder da investigação da pesquisa.

No caso do aumento da prevalência do excesso de peso e da obesidade, Carolina ressalta que a doença é complexa, multifatorial, envolve questões biológicas, sociais, consumo aumentado de ultraprocessados e maior comportamento sedentário das crianças.

Pandemia

A pediatra Nathália Miranda analisa que a pandemia pode ter piorado ainda mais os números de obesidade infantil.

“Apesar disso, estamos vivenciando uma conscientização maior, pelo que percebo no público que atendo. Sobre o crescimento, hoje fazemos suplementações importantes na infância como da vitamina D e do ferro e orientamos sobre a alimentação. Mas a alimentação desregrada tem piorado a questão da obesidade”.

O nutrólogo e cirurgião Roger Bongestab alerta que com a obesidade podem vir outras doenças associadas, como hipertensão e distúrbios hormonais. “A criança pode ter atraso do desenvolvimento puberal, infertilidade e até sequelas por toda a vida. Meninos muito obesos podem ter uma redução do tamanho do testículo e do pênis, por exemplo”, alerta o médico.

Fique por dentro

Aumento de excesso de peso em meninos

- Pesquisa

Os resultados da pesquisa indicaram que, entre 2001 e 2014, foi registrado um aumento de 1 cm na trajetória de altura infantil. As prevalências de excesso de peso e obesidade também apresentaram um aumento considerável entre os dados analisados.

Publicado no The Lancet Regional Health - Americas, o estudo foi realizado por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a University College London.

A equipe utilizou o banco de dados formado pela vinculação de três sistemas administrativos: o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), o Sistema de Informação de Nascidos Vivos (Sinasc) e o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan).

- Quantidade

O estudo analisou dados de 5.750.214 crianças, de 3 a 10 anos, que foram divididas em dois grupos, considerando os nascidos de 2001 a 2007, e os nascidos de 2008 a 2014. Ainda foram levadas em conta as diferenças entre os sexos declarados, ou seja, foi estimada uma trajetória média de índice de massa corporal (IMC) e altura para meninas e outra para meninos.

- Diferenças

Na comparação entre as duas coortes (grupos), a prevalência de excesso de peso para a faixa etária de 5 a 10 anos aumentou 3,2% entre meninos e 2,7% entre meninas.

No caso da obesidade, o aumento da prevalência passou de 11,1% para 13,8% entre os meninos e de 9,1% para 11,2% entre as meninas (um aumento de 2,7% e 2,1%, respectivamente).

O mesmo se deu para a faixa etária de 3 e 4 anos. Houve um aumento do excesso de peso em 0,9% entre os meninos e 0,8% entre meninas. Já para a obesidade houve um aumento de 4% para 4,5% nos meninos e de 3,6% para 3,9% nas meninas, ou seja, um crescimento de 0,5% e 0,3%, respectivamente.

- Comparação internacional

Se comparado com outros países, o Brasil possui quase três vezes mais crianças com excesso de peso do que a média global (14,2% no Brasil em 2022 e 5,6% da média global registrada no mesmo ano).

Em relação aos adolescentes, em 2022, a média nacional apontou que 31,2% dos adolescentes estavam com excesso de peso, quase o dobro da média global (18,2%).

Nos anos 1970, a relação de brasileiros obesos entre 6 e 18 anos em condições acima do peso eram apenas 3%.

- Dicas para prevenir obesidade

Seguir uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e verduras.

Respeitar os horários das refeições e não beliscar guloseimas entre um intervalo e outro.

Beber bastante água, pelo menos dois litros por dia.

- Preparação do alimento

A pediatra Nathália Miranda orienta que pais e responsáveis estimulem as crianças a participarem da compra e preparação do alimento, como a salada.

Podem ainda usar a tecnologia, por meio da pesquisa na internet, sobre os benefícios de frutas e verduras, por exemplo.

Fonte: Fiocruz e especialistas consultados

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