Pré-diabetes pode ser revertida antes de virar doença crônica
O Dia Mundial do Diabetes é celebrado nesta sexta-feira (14)
O Brasil é o país com maior número de diabéticos na América do Sul. Segundo dados do último Atlas da IDF (federação internacional de diabetes, na sigla em inglês), há 17 milhões de pessoas com a doença no país, e a estimativa é que, em 25 anos, esse número chegue a 24 milhões. No mundo, são 588 milhões de adultos diabéticos, sendo 90% dos casos de tipo 2.
O Dia Mundial do Diabetes é celebrado nesta sexta-feira (14), para fortalecer a conscientização sobre a doença. E antes do diagnóstico de diabetes tipo 2, pacientes passam por uma fase que, se tratada, poderia ser revertida: a pré-diabetes.
Marília Fonseca, diretora médica da farmacêutica Novo Nordisk, explica que a pré-diabetes é um estágio intermediário antes do diagnóstico.
"É uma condição em que os níveis de açúcar no sangue estão acima do normal, mas ainda não são altos o suficiente para o diagnóstico de diabetes tipo 2", explica Fonseca.
"Isso acontece porque o corpo começa a ter dificuldade em usar a insulina de forma eficiente, ou porque o pâncreas não consegue produzir insulina suficiente. Ou seja, não é só ‘açúcar alto’, mas um sinal de que o organismo já está com dificuldade de controlar a glicose", completa.
Além de levar ao desenvolvimento do diabetes tipo 2, estudos apontam que a pré-diabetes aumenta em 15% o risco de alguns tipos de câncer, em 20% o risco cardiovascular e em 67% o risco de complicações renais.
PRÉ-DIABETES É UMA DOENÇA?
Sim, é considerada uma doença e carrega um risco elevado para o desenvolvimento de diabetes tipo 2, complicações nos vasos e doenças cardiovasculares, explica a endocrinologista Marília Fonseca.
"Deve ser visto como um alerta importante, pois indica que o metabolismo do açúcar já está alterado", completa.
PRÉ-DIABETES É UM QUADRO REVERSÍVEL?
Diferente do diabetes, o pré-diabetes pode ser revertido. Roberta Brito, gerente médica para diabetes e obesidade na Merck, afirma que mudanças no estilo de vida, alimentação saudável, prática regular de atividade física e perda de peso são capazes de normalizar os níveis de glicose.
Segundo a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), adultos com sobrepeso ou obesidade, especialmente aqueles com histórico familiar de diabetes tipo 2, hipertensão, colesterol elevado ou síndrome dos ovários policísticos, devem realizar rastreamento anual da glicemia, mesmo sem sintomas. A recomendação também vale para pessoas com mais de 45 anos.
QUAIS SÃO OS EXAMES QUE DETECTAM A PRÉ-DIABETES E COMO INTERPRETAR OS RESULTADOS?
Os principais exames são laboratoriais, de sangue:
- Glicemia de jejum: 100 a 125 mg/dL indica pré-diabetes;
- Hemoglobina glicada (HbA1c): 5,7% a 6,4% indica pré-diabetes;
- Teste oral de tolerância à glicose (TOTG): após 1 hora, 155 a 208 mg/dL; após 2 horas, 140 a 199 mg/dL indicam pré-diabetes.
"Estar na ‘faixa cinza’ significa que os resultados estão acima do normal, mas ainda não caracterizam diabetes. Quanto mais próximo do limite superior, maior o risco de evoluir para diabetes", explica Fonseca.
HÁ CONDIÇÕES ASSOCIADAS AO PRÉ-DIABETES?
O endocrinologista Guilherme Visconti, do Hospital Nove de Julho, explica que "obesidade, sedentarismo e má alimentação, especialmente com alto consumo de carboidratos", são fatores de risco. Além deles, falta de sono, estresse crônico e histórico familiar de diabetes também aumentam as chances de desenvolver a condição.
Ele ressalta ainda a relação com Síndrome dos Ovários Policísticos, "devido à resistência insulínica que esta síndrome acarreta, com o posterior aumento da glicemia do paciente". "Outro fator importante é a idade, pois pacientes mais velhos tendem a ter elevação da glicemia", afirma.
Mulheres que tiveram diabetes gestacional também têm maior risco de desenvolver pré-diabetes nos anos seguintes à gestação, completa Roberta Brito.
HÁ SINTOMAS?
O pré-diabetes pode não causar sintomas, mas é importante estar atento a sinais de alerta que indicam progressão para diabetes: sede excessiva, urinar muito, fome aumentada, perda de peso inexplicada, cansaço, visão turva e infecções frequentes, explica Fonseca.
"O mais comum é a progressão silenciosa, detectada apenas por exames. Por isso a importância do acompanhamento médico regular", conclui.
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