O que a ciência está testando para revolucionar tratamento de doenças
Vacina contra câncer de mama, novas terapias para câncer de pele, insuficiência cardíaca e AVC, além de medicamentos, são aguardados
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A ciência nunca para de avançar e está sempre em busca de melhores terapias para doenças que ainda desafiam médicos e pesquisadores.
Pesquisadores ouvidos pela reportagem listaram os estudos que prometem revolucionar o tratamento de enfermidades, oferecendo esperança para milhões de pacientes no Brasil e no mundo.
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Vacina contra câncer de mama, novas terapias para câncer de pele, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, além de medicamentos, são as novidades mais aguardadas pela medicina.
No Estado, o estudo de uma vacina contra câncer de mama está sendo conduzido pela oncologista e investigadora principal Virgínia Sessa e pela enfermeira Renata Vicente da Penha.
Serão avaliados pacientes com câncer de mama triplo negativo, que já passaram por quimioterapia e cirurgia, mas restou doença na mama retirada. O objetivo é medir o efeito de uma vacina durante o período de 100 semanas, sendo, ao todo, 21 injeções.
“Essa paciente, que sobrou doença na mama retirada, tem maior risco de recidiva (volta da doença). Por causa desse risco, estamos desenvolvendo o estudo com a vacina, para aumentar a chance de cura”, destaca a oncologista.
A pesquisa já passou pelas fases I e II e agora está na fase III. “Tivemos resultados positivos nas fases anteriores. Hoje não podemos dar garantia, porque ainda estamos em estudo, mas a perspectiva é boa”, afirma Virgínia.
Outra pesquisa em curso que, se aprovada, pode revolucionar o tratamento de câncer de pele melanoma está sendo desenvolvida no Unesc. “O estudo é com um protocolo de fotofitoterapia para tratamento de melanoma utilizando a luz verde e extrato de Polypodium leucotomos combinados. Nosso objetivo é fazer apenas uma incidência de luz para ver se é possível eliminar o tumor. Isso seria menos agressivo do que a radioterapia”, explica a pesquisadora Tatiani Bellettini.
A terapia com células CAR-T é considerada pelos médicos o que há de mais novo no tratamento de câncer, porém o tratamento é caro e ainda limitado. “Trata-se de uma terapia celular cujo objetivo é ensinar o sistema imunológico a reconhecer e atacar células cancerígenas”, explica a oncologista Sabina Aleixo.
CÂNCER
Terapia para Melanoma
A proposta de inovação é um protocolo de fotofitoterapia para tratamento de melanoma utilizando a luz verde e extrato de Polypodium leucotomos combinados como tentativa de eliminação do tumor em apenas uma sessão de irradiação.
O estudo, em fase I, está sendo coordenado pelo doutor em Bioquímica Orlando Chiarelli Neto, no Unesc, e tem como uma das pesquisadoras principais a coordenadora de pesquisa, pós-graduação e extensão da instituição, Tatiani Bellettini.
Nova máquina de perfusão abdominal
Recentemente, foi realizada pela primeira vez no Estado uma cirurgia com a nova máquina de perfusão abdominal pela equipe do Hospital Meridional Cariacica. Na cirurgia para retirada da camada que recobre os órgãos abdominais (peritonectomia) foi feita a infusão de quimioterapia dentro do abdômen, aquecida a mais de 40º C.
O equipamento consegue atingir a temperatura ideal, entre 40º C e 42º C, para chegar diretamente às células cancerosas. Durante o procedimento, o cirurgião remove todos os tumores visíveis da região e, em seguida, faz a lavagem do abdômen com quimioterapia em temperaturas elevadas para aumentar sua eficácia.
Medicamento para câncer de Fígado
Um estudo de fase III, IMbrave 05, da Roche, demonstrou que atezolizumabe em combinação com bevacizumabe reduziu em 28% o risco de recorrência no cenário de adjuvância de câncer de fígado.
De acordo com o líder médico e chefe de desenvolvimento de Produto Global Levi Garraway, quatro a cada cinco pessoas com carcinoma hepatocelular que realizam cirurgia com intenção curativa ainda podem ver a doença retornar. Por isso a necessidade por tratamentos adjuvantes para prevenir recorrência precoce e melhorar as taxas de sobrevida.
Inteligência artificial para câncer de fígado
Uma nova ferramenta que usa inteligência artificial, desenvolvida no Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), ajuda a diagnosticar precocemente lesões hepáticas em exames de tomografia de abdômen, agilizando o tratamento de casos mais graves.
A plataforma, batizada de HepatIA, faz uma triagem inicial, sugerindo o diagnóstico. Se há suspeita de cirrose ou câncer, esse paciente ganha prioridade na fila de análise.
Vacina contra câncer de mama
Está sendo feita uma pesquisa com uma vacina para pacientes com câncer de mama triplo negativo, com o objetivo de medir o efeito de uma vacina durante o período de 100 semanas, sendo, ao todo, 21 injeções. O estudo está sendo conduzido em vários países, inclusive no Brasil. No Estado, a oncologista Virgínia Sessa é a investigadora principal do estudo.
Serão avaliados, por cinco anos, pacientes que passaram por quimioterapia e cirurgia, mas ainda têm doença na mama retirada. O objetivo da vacina é reduzir a chance de recidiva da doença. Interessados em participar do estudo podem entrar em contato pelo telefone (27) 99907-1219.
IA câncer de pulmão
Um projeto piloto da AstraZeneca, Greater Manchester Cancer Alliance e Qure.ai vai testar uma nova tecnologia baseada em inteligência artificial que auxilia os radiologistas no diagnóstico de câncer de pulmão com radiografia de tórax.
A expectativa é de que a tecnologia possibilite a realização de um diagnóstico precoce, o que melhoraria no tratamento e nas chances de sobrevida, uma vez que a doença seria detectada inicialmente, antecipando o tratamento. A previsão é que até o fim do ano a iniciativa esteja concluída.
CAR-T
A tecnologia é feita a partir da coleta de células T do sistema imunológico, os linfócitos, que são modificadas geneticamente e programadas para reconhecer e combater o tumor. É usada para o tratamento de leucemia linfoide aguda e linfoma difuso de grandes células B.
Entre as instituições credenciadas no País para oferecer o tratamento estão o A.C.Camargo Cancer Center e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, em São Paulo.
Casos de câncer no País
700 mil casos de câncer por ano no Brasil até 2025, segundo Inca
70% dos casos estarão concentrados na região Sul e Sudeste do País
Alzheimer
Nova Medicação
Um medicamento experimental para Alzheimer desenvolvido pela Lilly Farmacêutica retardou em 35% o declínio cognitivo dos pacientes em 18 meses. Participantes em uso de Donanemabe apresentaram 40% menos declínio em suas habilidades de realizar atividades diárias em 18 meses.
O estudo TRAILBLAZER-ALZ 2 avaliou pessoas com doença de Alzheimer precoce e sintomática. Neste estudo, participaram 1182 pessoas.
No caso de Donanemabe, a dose estudada é aplicada mensalmente.
Com base neste estudo, a Lilly pretende discutir os resultados positivos com o FDA, órgão regulador dos EUA, e outros órgãos reguladores para disponibilizar esse medicamento aos pacientes o mais rápido possível. Segundo a farmacêutica, ainda não há previsão de datas para o Brasil.
Uso de probiótico
Estudo feito por pesquisadores da UVV apontou os benefícios do kefir (leite fermentado rico em bactérias e leveduras probióticas) como auxiliar no tratamento de pacientes com Alzheimer. Durante o estudo, os pacientes continuaram fazendo o tratamento médico e utilizando o kefir diariamente, sendo que cada um, por meio de um cálculo feito pelos pesquisadores, utilizam uma quantidade determinada.
Após o tratamento, que durou três meses, foi observada uma melhora cognitiva acentuada nos domínios memória, capacidade visual-espacial e abstração, funções executivas e linguagem.
Parkinson
Ultrassom focalizado
Pacientes com doença de Parkinson alcançaram uma melhora significativa em seus tremores, mobilidade e outros sintomas físicos após um procedimento minimamente invasivo com ultrassom focalizado.
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, realizaram um estudo com 94 pacientes com doença de Parkinson.
O ultrassom focalizado é um procedimento sem incisões, realizado sem a necessidade de anestesia ou internação hospitalar. Os pacientes, que permanecem totalmente alertas, deitam-se em um scanner de ressonância magnética, usando um capacete transdutor. A energia ultrassônica é direcionada através do crânio para o globo pálido, uma estrutura profunda no cérebro que ajuda a controlar o movimento voluntário regular.
Após três meses de acompanhamento, cerca de 70% dos pacientes tratados com ultrassom apresentaram melhora nos sintomas da doença em comparação com 32% no grupo de controle. Além disso, um ano após o procedimento, 66% continuaram a ter uma resposta bem-sucedida do tratamento.
Os participantes continuarão sendo acompanhados durante cinco anos.
Eesclerose Múltipla
Medicação
O Evobrutinibe, remédio da Merck para o tratamento da esclerose múltipla, demonstrou, em estudos da fase III, reduzir as lesões de expansão lenta, que podem estar associadas à inflamação crônica no sistema nervoso central. Além de não demonstrar aumento de infecções graves em mais de 1.200 pacientes por até dois anos. O medicamento ainda está sendo estudado, inclusive no Brasil.
Medicamento reduz doença
O fenebrutinibe, da Roche, em teste para esclerose múltipla, demonstrou, em teste com 2.400 pacientes e voluntário, ser 130 vezes mais seletivo em comparação com outros tratamentos, podendo diminuir tanto a atividade quanto a progressão da doença.
O estudo está atualmente em fase III.
Curiosidades
As doenças neurodegenerativas afetam os neurônios de uma pessoa e podem ocasionar diversos problemas. A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente na população, depois do Alzheimer. O tratamento para as doenças degenerativas costuma ser por meio do uso de medicamentos que retardam ou inibem a destruição dos neurônios do paciente.
Doenças neurodegenerativas
1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência no País
40 mil pessoas vivem, no Brasil, com esclerose múltipla
Insuficiência Cardíaca
Aparelho
Um tipo de marcapasso que pode ser instalado de forma endovenosa, sem precisar de grandes cortes, está sendo testado no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes).
O estudo, batizado de PhysioSinc, vai avaliar a eficiência de um aparelho de ressincronização cardíaca em tratamentos que não respondem bem à medicação para insuficiência no coração.
O cardiologista Fernando Luiz Torres Gomes, coordenador da pesquisa, explicou que o aparelho já existe há alguns anos, só que o procedimento no SUS é feito por meio de uma cirurgia aberta. A pesquisa avalia agora fazer o implante de forma endovascular, sem necessidade de abrir o paciente.
O médico explicou que interessados podem entrar em contato pelo telefone (27) 3335-7077.
Vício
Vacina anticocaína
Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, em fase de testes com animais, teve resultados promissores contra o vício em cocaína. Segundo explicou o professor da universidade Frederico Garcia, coordenador da pesquisa, quando injetada no organismo, a vacina, chamada de Calixcoca, faz com que o sistema imune produza anticorpos anticocaína.
Quando imunizado, toda vez que a cocaína entra na corrente sanguínea ela se liga aos anticorpos anticocaína produzidos pelo sistema imune.
Os testes também mostraram que a vacina pode proteger os bebês de gestantes usuárias de drogas, evitando abortos espontâneos.
O projeto está em curso desde 2015 e os pesquisadores estão em busca de recursos para realizar testes em humanos.
AVC
Medicamento
O Hospital Estadual Central, em Vitória, é uma das unidades do País que participa do estudo em pacientes com Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), patrocinado pelo Ministério da Saúde, o Resilient Direct-TNK.
O estudo visa avaliar a eficácia de um novo medicamento usado para dissolver o trombo que obstrui a artéria cerebral.
O Hospital Central deu início ao processo no último dia 29 de março, com o primeiro paciente. Ele será acompanhado por 12 meses, com consultas em 90 dias, 180 dias e um ano.
Os participantes do estudo já teriam a indicação de realizar a trombectomia mecânica. Se forem sorteados para receber o medicamento, receberão antes da trombectomia.
Anemia Falciforme
Terapia gênica
A tecnologia está sendo estudada para o tratamento da anemia falciforme, que é uma doença herdada por mutação genética. Essa mutação é passada de pai para filho. É uma doença que não tem cura, sendo necessário que o paciente passe por um transplante de medula.
A terapia gênica iria mudar o gene mutado, substituindo pelo gene normal. Nesses casos, as células-tronco do paciente são coletadas, levadas para o laboratório, onde são feitas as modificações genéticas dessas células, e depois de modificadas elas são reinseridas na circulação do paciente.
No Hospital Israelita Albert Einstein uma pesquisa está sendo feita sobre a terapia, em parceria com o Ministério da Saúde para possibilitar o tratamento, que tem um custo alto até mesmo no Sistema Único de Saúde.
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