Número de fumantes volta a crescer e até adolescentes estão viciados
Nas capitais brasileiras, a proporção de adultos que fumam subiu de 9,3% em 2023 para 11,6% em 2024. Até adolescentes estão viciados, segundo a Org
Depois de duas décadas de queda, o cigarro voltou a ganhar espaço entre a população brasileira. Mesmo após anos de campanhas de conscientização e alertas sobre os riscos do fumo, o número de fumantes cresceu no País 25% em apenas um ano, segundo o Ministério da Saúde.
Nas capitais brasileiras, a proporção de adultos que fumam subiu de 9,3% em 2023 para 11,6% em 2024. Até mesmo adolescentes estão viciados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Esse aumento entre os mais jovens, segundo especialistas, pode ter relação com os cigarros eletrônicos, mais atrativo entre esse público.
Segundo a OMS, conteúdo de marketing promovendo cigarros eletrônicos, sachês de nicotina e produtos de tabaco aquecido foi visualizado mais de 3,4 bilhões de vezes em plataformas de mídia social. A estimativa da organização é de que 37 milhões de adolescentes entre 13 e 15 anos em todo o mundo usam tabaco.
Para a pneumologista Jessica Polese, entre os fatores que contribuíram para o aumento de fumantes no Brasil está a pandemia. “Na pandemia as pessoas beberam e fumaram muito, mais do que o habitual. Além disso, temos o cigarro eletrônico, que aumenta o tabagismo”, observa.
A internet, de acordo com Jessica, é um dos ambientes em que é possível encontrar variedade de cigarros. “Eles fazem de tudo para a pessoa comprar”.
O psiquiatra João Paulo Cirqueira destaca que há uma percepção “equivocada de que vape (cigarro eletrônico) é inofensivo, o que favorece a experimentação”. “Além disso, esses dispositivos usam sabores adocicados e embalagens atrativas, o que amplia seu alcance entre adolescentes e jovens adultos”.
A pneumologista Carla Bulian, do Hospital Santa Rita, destaca que alguns tabagistas, mesmo querendo parar de fumar, têm a ideia de que mudando a forma de tabaco – para o cigarro eletrônico – vai conseguir cessar o vício.
“Mas, pelo contrário, pode até piorar a dependência. A quantidade de nicotina, dependendo do cigarro eletrônico, é muito maior do que o cigarro comum”, explicou.
Quanto aos danos à saúde, a médica ressalta que ainda não há estudos finalizados que comprovem que o cigarro eletrônico possa levar à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), mas as alterações no pulmão de quem fuma o cigarro eletrônico são semelhantes às alterações de quem tem DPOC depois dos 55 anos.
Tosse e insônia são sinais de uso do cigarro eletrônico
Com o crescimento de adolescentes e jovens fumando, pais e responsáveis, muitas vezes, segundo especialistas, podem não notar a conduta.
Mas, embora os cigarros eletrônicos não deixem o mesmo cheiro característico do cigarro comum, alguns sinais físicos e comportamentais podem chamar atenção
Entre eles estão tosse seca persistente, irritação na garganta, dor de cabeça, falta de ar, cansaço, insônia ou irritabilidade, aponta o psiquiatra João Paulo Cirqueira.
“Alguns jovens também podem apresentar queda no rendimento escolar, dificuldade de concentração e mudanças de humor. No dia a dia, é importante observar dispositivos pequenos, parecidos com pen drive ou canetas, carregadores estranhos, cheiro adocicado no quarto ou na mochila, e embalagens de refis com sabores.
Porém, segundo o psiquiatra, é fundamental lembrar que o objetivo não é vigiar nem punir, e sim abrir diálogo, acolher e orientar.
“O uso desses dispositivos geralmente vem acompanhado de curiosidade, pressão social ou busca por pertencimento, não de má intenção. A conversa franca e sem julgamento continua sendo a melhor forma de proteger e cuidar”.
“Hoje se fala muito mais em educar, proteger e informar, em vez de apenas tratar depois do problema instalado”, ressalta o médico.
Fique por dentro
Fumantes
A proporção de adultos fumantes nas capitais brasileiras saltou de 9,3% em 2023 para 11,6% em 2024. Um crescimento de 25% em apenas um ano, segundo dados do Ministério da Saúde.
Para especialistas, o cigarro eletrônico é um dos motivos para esse aumento e também um forte fator que tem levado os mais jovens a fumarem.
Adolescentes
Estima-se, segundo a OMS, que 37 milhões de crianças entre 13 e 15 anos em todo o mundo usam tabaco.
Em muitos países, a taxa de uso de cigarros eletrônicos entre jovens excede a de adultos.
Os sabores artificiais são um dos principais motivos pelos quais os jovens experimentam produtos de tabaco e nicotina. Sabores como mentol, chiclete ou algodão-doce mascaram a aspereza dos produtos de tabaco e nicotina.
Morte
O uso do tabaco é a causa de morte mais evitável e atualmente é responsável pela morte de um em cada 10 adultos em todo o mundo.
Tratamento
Segundo dados do Programa Estadual de Tabagismo, em 2024, 5.123 pessoas buscaram tratamento pelo SUS no Espírito Santo, sendo 2.575 homens e 2.548 mulheres.
Os dados representam um aumento em quase 12% quando comparado à procura de 2023, quando foram registradas 4.578 pessoas, sendo 2.267 homens e 2.311 mulheres.
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