Médicos explicam quando é indicado repor hormônio
Há mulheres que buscam testosterona por queixas como fadiga, queda da libido ou perda de massa muscular
Em quais casos haveria indicação para repor o hormônio? Segundo as sociedades médicas, a prescrição de testosterona “deve restringir-se estritamente à única indicação formalmente reconhecida, o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH), após avaliação clínica adequada, sendo potencialmente danosa quando utilizada sem indicação, com base em dosagens isoladas ou com objetivos não terapêuticos”.
A endocrinologista Flávia Tessarolo explica que a reposição só é indicada em mulheres com TDSH na menopausa, cujo diagnóstico não se faz por dosagem de testosterona.
A ginecologista Mariana Pontello destaca que, mesmo em mulheres com esse perfil, como não existem protocolos bem estabelecidos quanto à dose e tempo de tratamento, “sempre deve-se considerar a menor dose efetiva e o monitoramento clínico durante o uso”.
“É nítida a melhora dos quadros em que realmente há necessidade do uso desse hormônio”, afirma.
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Queixas
Há mulheres que buscam testosterona por queixas como fadiga, queda da libido ou perda de massa muscular. Nesses casos, segundo Flávia Tessarolo, deve-se procurar os motivos que podem estar envolvidos para um adequado tratamento, como doenças crônicas, a exemplo do diabetes descompensado.
“Até baixa ingesta de água pode ser um motivo para se sentir mais cansado! Sedentarismo é outro motivo para cansaço, indisposição e perda de massa muscular, que ocorre normalmente com a idade”.
“Já a libido da mulher é multifatorial, sendo influenciada por medicamentos – como antidepressivos –, estresse, obesidade, alterações hormonais – como hipotireoidismo –, sono de má qualidade e problemas de relacionamento com o parceiro. O hormônio da libido da mulher é o estradiol”.
Saiba mais
Testosterona em mulher
Atualmente, a única indicação clinicamente reconhecida e respaldada por diretrizes internacionais e nacionais para o uso terapêutico da testosterona em mulheres é o tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH) na pós-menopausa.
O diagnóstico de TDSH é clínico e de exclusão, devendo ser realizado por profissional qualificado.
Antes de se considerar a terapia androgênica, é imprescindível avaliar e tratar outras causas de desejo sexual reduzido, incluindo: hipoestrogenismo; depressão e outros transtornos psiquiátricos; efeitos colaterais de medicamentos (antidepressivos); obesidade e síndrome metabólica; disfunções no relacionamento conjugal ou fatores psicossociais.
A decisão de iniciar a terapia com testosterona deve ser feita apenas após esgotadas essas abordagens e confirmada a persistência do quadro clínico.
Dosagem de testosterona
Não há indicação para dosar testosterona sérica com o objetivo de deficiência androgênica na mulher saudável ou em mulheres com queixa de baixa libido.
A única indicação formal de dosagem de testosterona na mulher é a investigação de níveis elevados de androgênios, com vistas ao diagnóstico diferencial de hiperandrogenismo (ex.: síndrome dos ovários policísticos, hiperplasia adrenal congênita, tumores ovarianos ou adrenais, síndrome de Cushing, entre outros).
A Testosterona não sofre queda abrupta na menopausa. Seus níveis declinam progressivamente a partir da terceira década de vida, independentemente da menopausa, com redução discreta e gradual.
Segurança
Não se recomenda o uso de implantes subcutâneos, pellets ou formulações manipuladas de testosterona, devido à ausência de controle de qualidade, farmacocinética imprevisível e riscos aumentados de eventos adversos.
Fonte: SBEM, Febrasgo e SBC.
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