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Saúde

Médico explica doença que atinge o príncipe Harry

A chamada agorafobia é caracterizada pelo medo excessivo de espaços públicos e pode estar associada à síndrome do pânico


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Imagem ilustrativa da imagem Médico explica doença que atinge o príncipe Harry
Príncipe Harry revelou doença em autobiografia |  Foto: Arquivo/AT

Recentemente, em seu livro autobiográfico, o príncipe britânico Harry revelou que sofre de agorafobia. Mas o que seria isso? 

Em entrevista ao  jornal A Tribuna, no estúdio Tribuna Lab, o psiquiatra Jairo Navarro explicou que a agorafobia é caracterizada pelo medo excessivo de espaços públicos, de sair de casa, e, por ser uma doença, exige tratamento.

O transtorno, segundo ele explicou, pode estar ainda associado à síndrome do pânico.  Além do medo de espaços públicos, ainda pode haver manifestações de sintomas físicos, como suor excessivo, tremor das mãos, aumento da frequência cardíaca e falta de ar.

A Tribuna – O que é a agorafobia?

Jairo Navarro – Agorafobia é uma palavra grega que define o medo por lugares abertos,  com muitas pessoas. A Ágora era um local na Grécia, onde as pessoas se encontravam e falavam sobre política. Era um espaço conhecido por ser um local de aglomeração, com mercados.

 Algumas pessoas têm esse transtorno, a agorafobia, que é justamente o medo de locais semelhantes à Àgora: mercados, shoppings, locais com muita gente. Ela tem medo de ir até esses locais.

Tem uma causa definida?

Quando falamos de transtorno mentais, não tem uma única causa. Os transtornos mentais, sem exceção, têm origem multifatorial. Temos desde componentes genéticos até componentes ambientais, que levam a pessoa a ter o adoecimento. 

A pessoa ter uma predisposição não quer dizer que desenvolverá o transtorno. Mas, para desenvolver a agorafobia, ela precisa ter uma genética suscetível. É essa genética que comanda as áreas do medo cerebral. Se juntamos essa predisposição com eventos traumáticos, como violência, a chance é maior de desenvolver a agorafobia.

Tem um público que seja mais suscetível ao transtorno?

Não temos um perfil exato. Porém, quanto mais estressante for a vida da pessoa, maior a chance de ter o transtorno. Temos visto isso acontecer mais  com professores,  com quem trabalha em transporte público, policiais, trabalhadores da área da saúde, mas pode acontecer com qualquer pessoa.

É um transtorno que tem se tornado comum?

Depois da pandemia, temos visto um aumento da agorafobia, normalmente associada ao transtorno de pânico.

Como é o  comportamento de quem tem  agorafobia?

Como ela tem medo de ter ataques de pânico, a pessoa começa a evitar determinadas situações, que chamamos de esquiva fóbica. Ela começa a fugir de situações em que ela pode passar mal e não ter ajuda ou ter algum constrangimento. 

Pode começar a evitar ir à aula, shopping, praia, a um jogo de futebol, pegar transporte público e até trabalhar. É comum pessoas com  agorafobia começarem a andar com pessoas conhecidas e  evitarem sair sozinhas.

Existem casos de a pessoa ter apenas a agorafobia, sem o transtorno de pânico?

Existem, mas é muito raro. O normal é o transtorno de pânico ser mais desencadeado nesses locais, então classificamos como transtorno de pânico com agorafobia, mas tecnicamente pode existir a agorafobia isolada. 

A pessoa não tem ataque de pânico, não tem o transtorno de pânico, mas ela sente os sintomas de ansiedade nesses locais.

Como é feito o diagnóstico?

Os transtornos mentais têm diagnóstico feito por meio clínico. O psiquiatra avalia e dá o diagnóstico diante de um conjunto de sintomas. Temos uma síndrome fóbica no caso do transtorno de pânico. 

Associamos os sintomas com tempo e evolução para fazermos o diagnóstico. Eles precisam durar semanas, causar algum prejuízo para a pessoa, e as pessoas ao redor  conseguem perceber  o prejuízo.

Tem tratamento? É possível ficar curado?

Em casos de transtornos mentais, assim como de doenças crônicas, não falamos de cura, mas  de controle ou remissão. Quem sofre de pânico ou agorafobia e faz o tratamento certo, vai melhorar. 

O tratamento não é curto, muitas vezes dura meses. Tomar  a medicação, os psicotrópicos e fazer sessão de psicoterapia muitos meses é cansativo, mas é possível ter melhora completa.

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