Médica afirma: “Envelhecer não é uma sentença de adoecimento”
Envelhecer não significa adoecer e hábitos saudáveis garantem mais qualidade de vida

Ainda que envelhecer seja parte natural da vida, cerca de 90% da população brasileira tem medo dessa transição, segundo estudo encomendado pela Pfizer. Boa parte desse medo está relacionado às doenças.
A endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional Espírito Santo (SBEM-ES), Maria Amélia Julião, destaca que, apesar de envelhecer aumentar o risco de doenças, “não é uma sentença de adoecimento”.
“A ideia de que envelhecer é sinônimo de adoecer é um mito ou, no mínimo, uma grande simplificação da realidade biológica e médica. Embora o envelhecimento seja, de fato, o maior fator de risco para o desenvolvimento de muitas doenças crônicas (devido ao acúmulo de danos celulares ao longo do tempo), a experiência de certas comunidades no mundo prova que é possível ter uma longevidade ativa e livre de doenças por décadas”.

O melhor contra-argumento, segundo Maria Amélia, para essa ideia vem das Blue Zones (Zonas Azuis), cinco regiões do planeta, como Okinawa no Japão, Sardenha na Itália e Nicoya na Costa Rica.
Nesses locais, aponta a médica, as pessoas atingem os 90 e 100 anos de idade com baixíssimos índices de doenças crônicas, como demência, problemas cardíacos e câncer.
“Ou seja, elas comprimem a morbidade, vivendo a maior parte de suas vidas de forma autônoma e saudável. Os hábitos de vida desses centenários, que vivem sem adoecer, são a prova de que o estilo de vida é fator determinante”.
A neurologista Mariana Grenfell ressalta que, mesmo que a genética tenha influência sobre a saúde, não é um destino traçado ou predestinado.
“Gosto de explicar que os genes são como o “terreno” em que nascemos. O estilo de vida, por sua vez, é o tipo de cultivo que escolhemos fazer nesse terreno. Ou seja, a genética pode ser o terreno, mas é o estilo de vida que decide o que vai florescer”, exemplifica.
A neurologista reforça que não existe uma “pílula mágica”, mas, sim, uma rotina de cuidados consistentes. “A consistência é essencial, tão essencial quanto os próprios cuidados. O indivíduo que envelhece bem não é quem não tem doenças, mas quem consegue controlá-las, aplicar essas mudanças do estilo de vida de forma consistente e manter qualidade de vida”.
Atividade física e reiki

Após a gravidez de sua segunda filha, hoje com 19 anos, a dentista Raquel Sobreira Gomes Oliveira, na época com 31 anos, ficou hipertensa. Há pouco mais de um ano, ela mudou seus hábitos de vida, orientada por sua médica endocrinologista, seu cardiologista e uma nutricionista. Raquel, que estava pesando 76 quilos, já conseguiu eliminar 10 quilos.
Hoje, aos 50 anos, ela pratica atividade física regular e reiki (técnica terapêutica). “Minha pressão está estável, apesar de ainda precisar do auxílio da medicação, e para o colesterol não tomo mais remédio. Está valendo muito a pena”, afirma.
Foco na prevenção

Apesar de ainda não ter 50 anos, a servidora pública Laudinéia Pereira Tonon, 42 anos, sempre teve preocupação com a sua saúde e priorizou a atividade física e alimentação saudável. Isso porque em sua família há histórico de hipertensão e pré-diabetes. “Associo a nutrição com exercício físico. Além da qualidade de vida, me proporciona muito bem-estar, para controle de comorbidades”.
Ela conta que controla o açúcar e também mantém uma alimentação balanceada para a filha de 5 anos, que, por exemplo, nunca tomou refrigerante. “Já que eu tenho esses quadros de comorbidades na minha família, o que eu fizer agora ajuda a me prevenir”, afirma.
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