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Saúde

Maioria dos brasileiros toma remédio sem consulta médica, aponta pesquisa

Automedicação é feita por nove em cada dez brasileiros, aponta pesquisa. Especialistas alertam sobre os riscos desse hábito à saúde


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Imagem ilustrativa da imagem Maioria dos brasileiros toma remédio sem consulta médica, aponta pesquisa
Entre os perigos da automedicação está retardar o diagnóstico médico e o tratamento correto da doença |  Foto: Canva

Nove em cada 10 brasileiros tomam remédio sem prescrição médica no Brasil. É o que aponta uma pesquisa sobre o mercado farmacêutico realizada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ). Apesar de ser um hábito extremamente comum entre os brasileiros, especialistas alertam sobre os riscos da automedicação para a saúde.

A médica, pediatra e toxicologista referência técnica das intoxicações exógenas da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa), Rinara Machado, ressalta que um dos perigos da automedicação é o paciente achar que está tratando a doença quando, na verdade, está retardando o diagnóstico e o tratamento correto.

“Outro problema que acontece com bastante frequência é o paciente tentar buscar, na internet, um falso diagnóstico e um falso tratamento, que não são adequados para aquilo que ele realmente tem. É aí que acontece a automedicação”.

Além do risco de intoxicação ao medicamento, quando utilizados sem prescrição médica, o paciente pode enfrentar ainda os efeitos colaterais dos fármacos.

“O paciente, ao se automedicar, pode usar um determinado medicamento em uma dose incorreta, e pode, dependendo do tempo que ele usa esse medicamento, ter alterações hepáticas, renais, hematológicas ou neurológicas, porque o medicamento tem os seus efeitos adversos”, disse Rinara Machado.

Virgínia Altoé Sessa, médica oncologista clínica, ressalta que a automedicação pode mascarar os sintomas e atrapalhar um possível diagnóstico.

“De maneira geral, pacientes que têm algum sintoma sempre tentam controlá-los antes de procurar atendimento médico. Se o sintoma for persistente e caso o paciente continue fazendo uso de automedicação, o diagnóstico pode até surgir, mas de forma tardia, o que atrapalha e diminui as chances de cura”.

Outro perigo é a automedicação, mesmo após o diagnóstico e a prescrição correta.

“É comum que, pacientes com o mesmo diagnóstico, compartilhem informações sobre medicamentos. A primeira coisa que eu sempre respondo quando alguém me pergunta sobre automedicação é, 'as doenças são diferentes, portanto, os tratamentos são diferentes'”, finaliza Virgínia Altoé Sessa.

Saiba mais | Problema de saúde pública

>> Pesquisa

- Nove em cada dez pessoas no Brasil tomam remédio sem receita médica.

- A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Ciências, Tecnologia e Qualidade (ICTQ).

- Levantamento revela que 86% dos brasileiros usam medicamentos sem consultar um médico.

- Desses, a maioria são mulheres, pessoas economicamente ativas, que possuem ensino superior e maior poder aquisitivo.

- Além disso, 68% dos entrevistados afirmaram usar a internet para buscar ajuda sobre questões de saúde.

- Em 2022, a investigação ouviu 2.099 pessoas, em 151 municípios. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, no nível de confiança de 95%.

>> Automedicação

- A automedicação é tão grave, que se tornou um problema de saúde pública para a Organização Mundial da Saúde (OMS).

>> Os sintomas

- A automedicação acontece principalmente para tratar sintomas como:

- 65% dor de cabeça

- 50% gripe e resfriado

- 38% febre

- 37% dores musculares

- 6% ansiedade

- 6% insônia

- 5% estresse

- 3% perda de peso.

>> Histórico

- Em 2014, o ICTQ identificou que 76% da população declarava se automedicar sem qualquer reserva.

- Em 2016, esse índice variou para 72%; em 2018 cresceu para 79%, e em 2020 subiu para 81%.

>> Riscos

- Intoxicação

- Reações alérgicas

- Resistência aos remédios

- Dependência.

Fonte: Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ).

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