Insônia aumenta em 69% o risco de sofrer infarto
Constatação foi feita após estudo com quem dorme cinco horas por noite. Estresse e ansiedade pioram a qualidade do sono
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Uma análise de estudos reforçou a ligação entre distúrbios do sono e problemas metabólicos e no coração, ao concluir que pessoas que dormem cinco horas ou menos por noite têm um risco 69% maior de ter um infarto do que aquelas que não sofrem com a insônia.
Os resultados foram publicados no periódico científico Clinical Cardiology e apresentados nas sessões científicas do Colégio Americano de Cardiologia durante o Congresso Americano de Cardiologia (ACC), realizado no início de mês, nos Estados Unidos.
O coordenador do Serviço de Cardiologia do Hospital Evangélico de Vila Velha, Diogo Barreto, explica, que com o estresse, a pessoa dorme menos e piora a qualidade do sono.
“Precisa do sono para ter o relaxamento muscular, a diminuição da tensão muscular e da pressão arterial. Sair do estado de vigília e diminuir o cortisol e noradrenalina (hormônios que deixam a pessoa em estado de alerta ou fuga), produzidos durante do dia”, afirma o cardiologista.
Ele explica, que quem tem insônia, fica em estado de vigília, produzindo esses hormônios, afetando a concentração a longo prazo. “É muito ruim para o sistema cardiovascular, principalmente para o coração”, afirma.
O psiquiatra José Luis Leal de Oliveira, da Rede Meridional e diretor da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes), observa que ao longo da vida são necessárias diferentes horas dormidas e que a pesquisa considera insônia como menos que 5h de sono por noite.
“São pessoas que acabam tendo prejuízos cognitivos, de memória, irritabilidade, o que causa a cronificação do problema. Aí, tem-se o risco de sofrer com hipertensão arterial ou infarto agudo do miocárdio. É uma população com hábitos de vida pouco saudáveis”.
O cardiologista da Unimed José Airton de Arruda, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, regional Espírito Santo, explica que o infarto ocorre quando uma artéria é fechada, por exemplo, por uma placa de gordura.
“Ela interrompe o fluxo sanguíneo do coração e o músculo deixa de receber sangue. Ocorre pelo estresse, pela velocidade da circulação sanguínea. Mas a placa é multifatorial, como o sedentarismo já associado ao infarto”.
“Eu superei um processo de depressão”
Junto com a aposentadoria, há três anos, Clecineia Cadorini, 57 anos, realizou o sonho de aprender a nadar. Ela conta que foi sedentária até os 42 anos, quando começou a intercalar a caminhada com a corrida e as pedaladas.
“Eu superei um processo de depressão. Parei de tomar um ansiolítico e durmo muito melhor do que quando não fazia atividade física. Vou alternando as atividades”, afirma a aposentada.
Clecineia, que há 45 dias fez uma cirurgia nos joelhos, foi liberada por seu médico de usar muletas ontem e poderá voltar a nadar em 15 dias.
“A superação é para qualquer idade. É maravilhoso poder nadar. Se eu não soubesse, não aproveitaria as viagens como aproveito hoje”.
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“Precisamos do sono para ter o relaxamento muscular, a diminuição da tensão muscular e da pressão arterial Diogo Barreto, Cardiologista
“Infarto ocorre pelo estresse, pela velocidade da circulação. Mas a placa é multifatorial, como o sedentarismo já associado à doença José Airton de Arruda, Cardiologista
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Medidas ajudam a prevenir problema
Sono e problemas do coração
Dormir bem é uma questão essencial para a saúde como um todo, e isso inclui a parte cardiovascular: há alguns anos os distúrbios do sono vêm sendo associados a problemas metabólicos e no coração.
Mas agora, uma análise de estudos reforçou essa ligação ao concluir que pessoas que dormem cinco horas ou menos por noite têm um risco 69% maior de ter um infarto do que aquelas que não sofrem com a insônia.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores revisaram mais de 1,2 mil estudos observacionais publicados entre 1998 e 2019. Esses artigos avaliaram a associação da insônia com o infarto do miocárdio.
Assim, após a exclusão dos vieses, nove estudos foram selecionados para a análise final.
Ao todo, mais de 1 milhão de pessoas com idade média de 50 anos foram incluídas. Aquelas que sofriam de apneia do sono, um fator de risco muito conhecido para problemas cardíacos, foram excluídas da análise. Dessas, mais de 153 mil tinham insônia.
Os resultados foram publicados no periódico científico Clinical Cardiology e apresentados nas sessões científicas do Colégio Americano de Cardiologia durante o Congresso Americano de Cardiologia (ACC), realizado no início do mês, nos Estados Unidos.
Tipos de insônia
Autoinduzida: Quando a pessoa se força a assistir a uma série até alta madrugada, ou fica ao telefone até altas horas e negligencia o horário de dormir.
Inicial: Quando há a dificuldade de pegar no sono, mas a pessoa consegue dormir depois disso.
Intermediária: A pessoa pega no sono sem dificuldades, mas acorda diversas vezes no meio da noite. Não consegue chegar aos estágios mais profundos do sono.
Insônia terminal: Adormece sem dificuldade, dorme bem até determinado horário, mas acorda de madrugada e não consegue mais dormir.
Dicas para dormir melhor
Desligar as telas, como celulares, TV e tablets, entre 20h e 21h.
Atividades físicas não devem ser feitas antes de dormir.
Após as 18h não consumir produtos à base de cafeína.
Apagar as luzes de casa, deixando somente a iluminação ambiente.
Alimentar-se no máximo até duas horas antes de dormir.
Fonte: Especialistas consultados.
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