Ingestão de zinco pode ajudar a prevenir doenças? Médica explica
Estudo revelou que a ingestão adequada do nutriente pode estar associada a um menor risco de acidente vascular cerebral
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Nutriente presente em carnes, castanhas, quinoa, feijão e cereais integrais, o zinco pode ter um papel importante na prevenção de doenças.
Um estudo com adultos nos Estados Unidos revelou que a ingestão adequada de zinco na alimentação pode estar associada a um menor risco de acidente vascular cerebral (AVC). A pesquisa analisou dados de 2.642 pessoas, entre 2013 e 2020.
Os resultados mostraram que pessoas com consumo moderado de zinco (entre 6,09 e 8,83 mg por dia) tiveram uma chance significativamente menor de sofrer AVC em comparação com aquelas com ingestão mais baixa (até 6,08 mg).
No entanto, acima de 8,82 mg/dia, o risco deixou de diminuir, sugerindo que o efeito protetor do zinco tem um limite.
A ingestão diária recomendada é de 11 mg para homens e 8 mg para mulheres.
Para a neurologista Mariana Grenfell, da Rede Meridional, este é um estudo “relevante e provocador”, que reforça o papel da alimentação — e em especial dos micronutrientes — na prevenção do AVC, uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo.
“Embora ainda não justifique uma recomendação universal de suplementação de zinco, ele abre portas importantes para novas pesquisas e para uma conversa mais ampla entre neurologia, nutrição e saúde pública”, analisa.
A nutróloga Sandra Fernandes explica que o zinco atua como cofator de enzimas antioxidantes, como a superóxido dismutase (SOD), ajudando a combater o estresse oxidativo e a inflamação, que estão associados a aterosclerose (acúmulo de colesterol ruim em placas ou artérias), principal causa de infartos e AVCs.
“Estudos sugerem que níveis adequados de zinco ajudam a manter a função endotelial (das paredes dos vasos) e reduzir a pressão arterial, diminuindo o risco de AVC isquêmico”.
Gabriela Rebello, colunista de A Tribuna e nutricionista do Einstein Hospital Israelita, destaca ainda que o zinco fortalece o sistema imunológico, ajudando a prevenir resfriados, gripes, infecções respiratórias, gastrointestinais e urinárias.
“Ele também previne a progressão da perda de visão em idosos. Sua ação antioxidante e anti-inflamatória pode ajudar a proteger o cérebro contra danos celulares associados ao Alzheimer e ao Parkinson”.
“O excesso também pode trazer riscos”, alerta médica
Apesar dos benefícios do zinco, especialistas alertam que a suplementação não deve ser feita sem orientação.
O excesso do micronutriente também pode trazer riscos, como interferência na absorção de outros minerais (como o cobre) ou até aumento do estresse oxidativo, o efeito oposto ao desejado, alerta a neurologista Mariana Grenfell.
“Por isso, antes de pensar em suplemento, é fundamental avaliar se há deficiência, se há risco aumentado e qual a melhor estratégia nutricional para aquele paciente”.
A médica destaca que o ideal é que esse mineral seja obtido por meio de uma alimentação equilibrada, com fontes como carnes magras, leguminosas, sementes e grãos integrais.
Segundo a nutróloga Sandra Fernandes, há relatos de alteração nos níveis de lipídios e aumento potencial de risco cardiovascular após ingestões crônicas acima de 100 mg por dia.
Fique por dentro
Ingestão
A ingestão diária recomendada de zinco é de 11 mg para homens e 8 mg para mulheres. Apesar disso, boa parte da população consome menos do que o ideal.
Excesso
Por outro lado, a suplementação sem indicação pode ser perigosa. O excesso de zinco pode provocar náuseas, deficiência de cobre, anemia, desequilíbrios lipídicos, imunossupressão e toxicidade. O ideal é avaliar os níveis por meio de exames (valor de referência: 70 a 120 mcg/dL) antes de suplementar.
Benefícios
O zinco contribui para a prevenção de resfriados, gripes, infecções respiratórias, gastrointestinais e urinárias. Além disso, participa de processos de cicatrização, sendo útil em casos de úlceras por pressão, acne, psoríase e dermatite atópica.
O nutriente pode proteger o cérebro de danos celulares ligados ao Alzheimer e Parkinson, além de ter papel importante na formação óssea.
Onde encontrar
Carnes vermelhas, frango e peixes, ostras (uma das maiores concentrações), fígado, ovos, castanha-de-caju, amêndoas, sementes de abóbora e gergelim, grão-de-bico, feijão e cereais integrais.
Fonte: Especialistas entrevistadas.
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