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Saúde

Estudo alerta para risco de dieta sem carboidratos

Pesquisa com 80 mil voluntários feita por nove anos indica mais casos de morte por doenças cardiovasculares


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Imagem ilustrativa da imagem Estudo alerta para risco de dieta sem carboidratos
Pães, biscoitos e macarrão: seis porções de carboidratos devem ser consumidos ao dia, segundo a OMS |  Foto: Arquivo / AT

Uma dieta sem carboidratos pode diminuir a expectativa de vida. Essa foi a descoberta de um novo estudo, publicado no The Journal of Nutrition (Jornal da Nutrição), feito por cientistas japoneses da Universidade de Nagoya.

Após avaliarem mais de 80 mil voluntários ao longo de quase nove anos, os autores do estudo observaram que, de modo geral, o risco de morte por doenças cardiovasculares foi maior entre aqueles que consumiam uma quantidade moderadamente baixa de carboidratos.

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O nutricionista e especialista em Emagrecimento e Nutrição Esportiva Guilherme Meneguz Duarte explica que o estudo reforça que o problema não está só na baixa quantidade de carboidratos, mas também no que está associado a isso.

"No estudo, foi encontrada uma associação de uma dieta baixa em carboidratos (menos de 40% das calorias da dieta) com maior consumo de álcool, cigarro, menor consumo de gorduras insaturadas e maior risco de mortalidade geral e relação com o câncer”, relatou.

O profissional alerta que a dieta restrita e a perda de peso muito rápida podem ter prejuízos para algumas pessoas, principalmente para quem está dentro da faixa de peso ideal, há um risco grande de perda de massa muscular.

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O nutricionista Guilherme Meneguz mostra frutas e carboidratos e alerta que uma dieta restrita com perda rápida de peso leva à redução de massa muscular |  Foto: Heytor Gonçalves / AT

Riscos

“Há riscos também para pacientes com problemas cardíacos ou renais, com risco de arritmia pela diminuição da pressão na perda rápida de peso”, afirmou.

O nutrólogo, cirurgião e professor do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, Roger Bongestab ressalta que a quantidade de carboidrato que tem de ser consumida é de, pelo menos, 100 a 150 gramas por dia, no caso de adultos.

“O consumo abaixo disso faz com que a gente tenha os processos metabólicos alterados” ressaltou.

Em dietas, Bongestab afirma que a carbofobia – cortar carboidratos – é um grande perigo.

“As dietas devem ser feitas com a ajuda de um profissional, que irá saber o tanto de carboidrato a ser consumido pelo paciente”.

Já a nutricionista e colunista de A Tribuna Gabriela Rebello explica que o carboidrato é a principal fonte de energia para o organismo.

“A presença de carboidratos na alimentação nas quantidades adequadas não provoca o aumento da gordura corporal. A dieta restritiva tem risco: as dietas da moda usualmente se limitam a considerar apenas a ingestão de nutrientes e calorias e não consideram a individualidade de cada um e o contexto em que vive”, completou.

Saiba mais

Baixo consumo leva ao risco de câncer

O estudo

Um novo estudo, publicado no The Journal of Nutrition (Jornal da Nutrição), feito por cientistas japoneses da Universidade de Nagoya, avaliou 80 mil voluntários ao longo de quase nove anos.

Os pacientes acompanhados tinham idades entre 35 e 69 anos, com uma média de idade de 55 anos.

Durante esse período, eles preencheram questionários detalhados sobre a sua alimentação, fornecendo dados tanto sobre o consumo de carboidratos refinados quanto integrais, gorduras saturadas e insaturadas, além de informações sobre estilo de vida, ingestão de álcool, consumo de tabaco e frequência que praticam atividade física.

O resultado

O excesso quanto à falta de carboidratos afeta a expectativa de vida, segundo o estudo.

Sabe-se que os dois extremos estão relacionados à maior taxa de mortalidade e prejuízos a longo prazo, mas ainda há poucos estudos sobre o tema.

Foi observado que, de modo geral, o risco de morte por doenças cardiovasculares foi maior entre aqueles que consumiam uma quantidade moderadamente baixa de carboidratos, correspondente a 40% a 50% do total energético diário.

Constatou-se que homens com ingestão inferior a 40% e mulheres que consumiam em excesso, acima de 65% do total energético ingerido, também apresentaram uma taxa de mortalidade mais elevada, abrangendo principalmente doenças cardiovasculares e câncer. Vale ressaltar que não houve diferença significativa quanto ao tipo de carboidrato preferido.

Diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS)

Segundo a nova diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicada em julho, a ingestão desse nutriente deve priorizar grãos integrais, vegetais, frutas e leguminosas como feijão e lentilha.

O Guia Alimentar para a População Brasileira, documento do Ministério da Saúde, recomenda consumir diariamente seis porções de carboidratos, que incluem cereais, tubérculos e raízes (como batata, mandioca e cenoura).

São recomendadas três porções de frutas, três de legumes e verduras e uma porção de feijão ou outros grãos como grão-de-bico e lentilha.

Os carboidratos

São nutrientes que fornecem energia para o organismo. A ingestão de carboidratos evita que as proteínas dos tecidos sejam usadas para o fornecimento de energia. Quando isso ocorre, há comprometimento do crescimento e reparo dos tecidos, que são as funções importantes das proteínas.

Carboidrato simples

São moléculas menores de carboidratos e estão presentes em alimentos como o açúcar e o mel. Podem também ser resultados da digestão dos carboidratos complexos.

Carboidrato complexo

São moléculas maiores, que levam mais tempo para serem absorvidas, já que, antes disso, precisam ser transformadas em carboidratos simples. Estão presentes nos pães, arroz, milho e massas.

Calorias

Cada nutriente fornece certa quantidade de energia: os carboidratos e as proteínas fornecem 4 calorias por grama ingerida por pessoa, em média.

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