Especialistas explicam sinais da diabetes tipo 5
Associada à desnutriçao, essa nova versão da doença possui sintomas que são parecidos com alguns estágios iniciais dos outros tipos
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A Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês) reconheceu oficialmente uma nova versão da doença, o diabetes tipo 5. Associada à desnutrição, tem como alguns de seus sintomas: visão embaçada, aumento do volume de urina e perda de peso.
A endocrinologista Luize Palaoro explica que os sintomas são parecidos com os iniciais de um quadro de diabetes tipo 1. A glicemia elevada, acima de 200, é um deles.
“O paciente, por exemplo, já estaria indo muito ao banheiro, bebendo muita água e, às vezes, teria uma perda de peso”.
A causa principal é a desnutrição crônica no período de formação dos órgãos. Isso pode ocorrer tanto quando a pessoa estava dentro da barriga da mãe quanto na sua infância ou adolescência, explica a médica. “É mais comum em países de baixa renda, como a Etiópia. No Brasil, devemos pensar nos locais de maior pobreza”.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o tipo 5 não é uma novidade. Trata-se de uma renomeação do “diabetes relacionado à desnutrição”, já descrito há mais de 70 anos.
Carlos Minanni, endocrinologista, explica que a nova classificação é importante porque permite uma compreensão mais aprofundada desse tipo de diabetes.
“Também é relevante para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à melhoria da alimentação e à compreensão de como o ambiente, especialmente o que envolve a gestação, pode afetar a saúde da criança”.
O endocrinologista Maurício Dall’Orto detalha que a maior diferença vai ocorrer em regiões com maior prevalência de desnutrição na população.
“Muitos desses pacientes eram confundidos com diabetes tipo 1 ou tipo 2, mas não respondiam bem aos tratamentos tradicionais ou não fechavam o diagnóstico padrão. Agora, com o reconhecimento da diabetes tipo 5, é possível oferecer cuidados mais direcionados”.
O diagnóstico também é importante por que o manejo da diabetes tipo 5 pode ser mais simples do que os outros dois tipos, explica o endocrinologista. “Como esses pacientes não têm resistência à insulina, como no tipo 2, e nem tendência à cetoacidose, como no tipo 1, o diagnóstico correto pode gerar um manejo mais simples”.
De acordo com a IDF, estima-se que entre 20 milhões e 25 milhões de pessoas no mundo convivam com essa condição, sobretudo em países da Ásia e da África.
Saiba mais
O que é o diabetes?
É uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue. Tem origem em fatores genéticos ou na ausência de hábitos saudáveis.
Consequências
Pode causar aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, artérias, olhos, rins e nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte.
Tipos de diabetes
Tipo 1: ocorre quando o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta. Pouca ou nenhuma insulina é liberada. Afeta entre 5 a 10% das pessoas com diabetes.
Tipo 2: ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina. 90% dos diagnosticados tem esse tipo. Sobrepeso e sedentarismo são fatores de risco.
Diabetes gestacional: uma condição temporária que acontece durante a gravidez. Afeta entre 2% e 4% de todas as gestantes.
Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA): algumas pessoas diagnosticadas com o tipo 2 desenvolvem um processo autoimune e acabam perdendo células beta.
Diabetes tipo 5: É uma forma recentemente reconhecida internacionalmente. Ocorre principalmente em jovens adultos magros que viveram situações de desnutrição crônica.
Causa
A principal causa é a desnutrição grave durante a infância ou adolescência, especialmente a deficiência de proteínas. Pode acontecer também pela desnutrição durante a gestação quando a mãe está subnutrida.
A pessoa afetada provavelmente sofreu essa desnutrição na fase de formação dos órgãos, o que causou uma diminuição das células pancreáticas produtoras de insulina, chamadas de células beta. Por isso, a secreção de insulina é pequena,
Tratamento
Em geral, é tratada com doses baixas a moderadas de insulina, além de reestruturação alimentar e suplementação nutricional.
É essencial acompanhar o estado nutricional e tratar eventuais deficiências associadas.
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