Especialistas explicam os desafios da menopausa, enfrentada por 250 mil mulheres
Esse é o total no Estado das que estão na faixa etária entre os 45 e 55 anos, período em que geralmente acontece o último ciclo menstrual
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Fase pouco falada até pouco tempo, a menopausa está ganhando espaço na mídia nos últimos anos. E não é para menos. Neste ano, mais de 1,1 bilhão de mulheres no mundo estarão na pós-menopausa, o que representa cerca de 12% da população global.
No Espírito Santo, a estimativa é que mais de 250 mil mulheres estejam enfrentando os sinais e sintomas da menopausa.
Isso porque, segundo definição do Ministério da Saúde, a menopausa corresponde ao último ciclo menstrual e ocorre entre os 45 e 55 anos das mulheres. No Espírito Santo, o Censo Demográfico Mulheres Capixabas, do Instituto Jones dos Santos Neves, aponta 259.557 mulheres nessa faixa etária.
Segundo a ginecologista Karin Rossi, do Hospital Santa Rita, a menopausa pode causar em torno de 40 sintomas.
“Algumas manifestações são transitórias e outras acontecem em longo prazo, no período de pós-menopausa. Os sintomas mais comuns são os vasomotores, que incluem as ondas de calor ou fogachos, suores noturnos, distúrbios do sono, irritabilidade, instabilidade emocional, depressão leve, distúrbios alimentares e ganho de peso”.
Além disso, aponta a médica, há também a irregularidade menstrual que pode alternar fluxo intenso e ou ausência de menstruação por períodos maiores, como menstruações a cada três meses e com muito fluxo.

Outro ponto bastante incômodo dessa fase é a falta de libido, tema que foi até mesmo abordado pela apresentadora Fernanda Lima, 48. “Não ter vontade de transar é um negócio que me afeta. Me afetou como mulher e afetou de alguma maneira meu casamento”, afirmou ao podcast do Fantástico.
Sandra Helena Pereira, preceptora da residência médica de ginecologia e obstetrícia do Hospital São José e professora do Unesc, destaca ainda que com a queda do estrogênio - importante para regular funções metabólicas - há aumento do colesterol LDL, de triglicerídeos e da resistência à insulina, aumentando o risco de desenvolver diabetes tipo 2.
“Desenvolvendo essa síndrome metabólica, a mulher vai aumentar o risco cardiovascular. Mulheres, depois da menopausa, infartam tanto quanto os homens. Antes, elas infartam quatro vezes menos”, detalhou.
Entenda
Quando começa
A menopausa costuma acontecer, em média, aos 48 anos de idade, mas pode ocorrer entre os 45 e 55 anos. Quando aparece antes dos 40, recebe o nome de menopausa precoce. Importante lembrar que a menopausa em si é apenas a data da última menstruação da mulher.
Já o período que antecede e sucede essa fase, marcado por sintomas, é chamado de climatério e pode se estender por até dez anos.
Sinais iniciais
O primeiro alerta de que a menopausa está se aproximando costuma ser a irregularidade menstrual. Os ciclos passam a variar, podendo se tornar mais curtos ou mais longos, com fluxos intensos ou até espaçados – por exemplo, menstruações a cada três meses.
Nesse período, também é comum a mulher apresentar indisposição, cansaço, perda de memória, irritabilidade e queda da força física, sintomas que muitas vezes são confundidos com estresse ou envelhecimento natural.
Sintomas mais comuns
Entre os sintomas mais marcantes estão os chamados vasomotores, como ondas de calor e suores noturnos, que atrapalham o sono e prejudicam a disposição durante o dia.
Alterações emocionais também são frequentes, incluindo irritabilidade e até sintomas depressivos.
A vida sexual pode ser impactada pela secura vaginal, dor nas relações e diminuição da libido. Além disso, o metabolismo sofre alterações: há tendência ao ganho de peso, resistência à insulina e acúmulo de gordura abdominal.
Doença cardiovascular
A doença das artérias do coração, como infarto e angina, é a causa mais comum de morte em mulheres após a menopausa, maior do que casos de câncer de mama ou qualquer outro tipo de tumor.
Mulheres antes da menopausa têm baixa frequência de infarto e angina, provavelmente devido aos efeitos benéficos do estrogênio nas artérias do coração, e sua falta após a menopausa aumenta a chance da doença.
Reposição hormonal ainda é cercada de mitos
Tratamento ainda cercado de mitos, a terapia de reposição hormonal com estrogênio deve ser individualizada de acordo com os riscos e benefícios de cada mulher, e tem alta eficácia no alívio de sintomas da menopausa.
A evidência é apontada pelo guia “Feito Para Ela”, elaborado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DCM/SBC) e a Sociedade Interamericana de Cardiologia (SIAC).
A ginecologista Sandra Helena Pereira, preceptora da residência médica de ginecologia e obstetrícia do Hospital São José e professora do Unesc, ressalta que, antes de fazer qualquer tratamento, a mulher primeiro precisa procurar o médico para fazer um exame detalhado da sua saúde.
“É preciso ver como essa mulher está de saúde para saber se ela pode ou não usar a terapia hormonal. Porque existem algumas contraindicações. E a terapia hormonal é o tratamento mais adequado para os sintomas do climatério. Porque se o ovário deixou de produzir aquele hormônio, repondo a quantidade fisiológica desse hormônio, a gente vai atrasar muito todas as complicações que o envelhecimento traz”, explica.
Quanto à informação que circulou, durante anos, de que a reposição hormonal estaria ligada ao câncer, a médica esclarece que tudo não passou de um mal entendido, devido a um trabalho divulgado em 2002, o WHI, que um programa de televisão levou para a mídia, afirmando que o tratamento causava câncer e aumentava risco cardiovascular em mulheres.
“Isso é totalmente equivocado. A reposição hormonal traz muito mais benefícios do que risco”.
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