ES teve 21 mortes por envenenamento este ano
As causas foram uso de drogas, agrotóxicos e medicamentos. Não foram registradas mortes por ingestão de metanol

Um perigo que muitas vezes é silencioso. Ele pode estar num frasco de medicamento, numa substância usada no campo ou em um consumo aparentemente comum, como materiais de limpeza, mas pode provocar intoxicações e até mortes.
De janeiro até o último dia 10, foram registrados 8.597 casos de intoxicações, segundo o Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Espírito Santo (Ciatox-ES).
Dessas, 21 pessoas morreram por complicações, sendo quatro por drogas de abuso, seis por agrotóxicos e 11 por medicamentos.
As circunstâncias das mortes, ou seja, se alguma foi criminal, não foram divulgadas, pois algumas ainda estão em investigação. Não há mortes por intoxicação de metanol.
O médico e referência técnica do Ciatox-ES, Nixon Souza Sesse, explicou que o Centro é um importante componente na promoção da assistência toxicológica. Por meio do teleatendimento, a equipe orienta e presta assistência a quem foi exposto a algum agente tóxico.
“O Ciatox é um serviço de urgência e emergência, só que telefônico. A pessoa, que pode ser população ou profissional de saúde, liga, e explica o que aconteceu. Com base nas informações, a equipe vai orientar, quais são os procedimentos de primeiros-socorros, se a pessoa precisa procurar um serviço de saúde ou pode ficar em casa”.
Milena Gobbo, biomédica, especialista em análises clínicas e toxicológicas e professora do Unesc, ressaltou que as intoxicações podem ocorrer desde acidentes domésticos até exposições ocupacionais e intencionais.
“Elas acontecem quando uma substância entra no organismo em quantidade suficiente para causar alterações nas funções normais”.
Os riscos, como aponta, estão presentes no cotidiano, seja pelo uso incorreto de medicamentos, pelo contato com produtos de limpeza, agrotóxicos, cosméticos, substâncias ilícitas ou até alimentos contaminados.
“A gravidade da intoxicação depende de diversos fatores, como a dose absorvida, a via de exposição, o tempo de contato e as condições individuais da pessoa exposta”.
Os sintomas podem incluir náuseas, tonturas, vômitos, dificuldade respiratória, confusão mental, convulsões e, em casos mais graves, parada cardiorrespiratória. “É fundamental reconhecer os sinais precoces e buscar ajuda imediata, evitando práticas populares”.
Saiba mais
Intoxicações
No País
Segundo dados do Ministério da Saúde, 560 pessoas foram envenenadas e 15 morreram somente no primeiro semestre de 2025. O número é o maior da série histórica no mesmo período e representa um aumento de 9% em relação 2024, que teve 513 casos nos seis primeiros meses.
No Espírito Santo
2024
Casos de intoxicação
11.165
Óbitos
33 mortes, sendo 7 por drogas de abuso, 11 agrotóxicos, 11 medicamentos e 4 produtos químicos.
Neste ano (até 10 de outubro)
Casos de intoxicação
8.597
Óbitos
21, sendo 4 por drogas de abuso, 6 agrotóxicos e 11 medicamentos.
Onde buscar ajuda?
O Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Espírito Santo (Ciatox-ES) tem atendimento 24h, inclusive em feriados. A ligação, que é gratuita, deve ser feita para o número 0800 283 9904.
Principais tipos de intoxicação por grupo, agentes e categorias
Todas as faixas etárias
- Animais peçonhentos.
- Medicamentos: ansiolíticos, antidepressivos e analgésicos.
- Produtos de uso domiciliar: alvejantes e desinfetantes.
- Agrotóxicos: inseticida e herbicida.
- Drogas de abuso: bebida alcoólica, cocaína e crack.
Crianças até 6 anos
- Medicamentos.
- Animais peçonhentos.
- Produtos de uso domiciliar.
- Produtos químicos residenciais ou industriais.
- Cosméticos e higiene pessoal: acetona, repelente e álcool gel.
Fonte: Sesa.
Casos no país
Baião com veneno
Em janeiro, nove pessoas da mesma família comeram um baião de dois envenenado com terbufós – substância altamente tóxica – em Parnaíba (PI). Seis morreram. Meses antes, duas crianças já tinham morrido com sintomas de envenenamento.
Os suspeitos são Francisco de Assis e Maria dos Aflitos. Algumas vítimas eram filhos ou netos da mulher. Eles estão presos desde janeiro e vão responder por oito homicídios qualificados e três tentativas de homicídio qualificado.
Serial killer presa
Apontada pela polícia como serial killer, a universitária Ana Paula Veloso Fernandes, 36 anos, é acusada de envenenar e assassinar quatro pessoas nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro nos últimos cinco meses. A suspeita é que ela tenha usado um veneno contra ratos.
A estudante, que continua em prisão preventiva, é acusada de ter envenenado seu namorado, Hayder Mhazres; o proprietário do apartamento onde morava em Guarulhos, Marcelo Hari Fonseca, 51 anos; Maria Aparecida Rodrigues, uma amiga que conheceu pelas redes sociais, e o pai de um ex-colega de classe. Ela também disse que matou cachorros. A Polícia Civil de Guarulhos investiga se Ana Paula matou pelo menos 14 cães.
Planta tóxica
Um idoso, de 60 anos, que consumiu uma planta tóxica conhecida como “fumo bravo” achando que era uma folha de couve, segue internado no Alto Paranaíba, em Minas Gerais.
Outro paciente, de 64 anos, que também consumiu a planta, apresentou melhoras e recebeu alta da UTI, mas segue na enfermaria. Uma mulher de 37 anos, que também foi intoxicada, morreu na última segunda-feira. A quarta vítima, um idoso de 67 anos, teve sintomas mais leves e foi liberado.
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