ES registra mais de 5 mil acidentes com escorpiões
Números se referem apenas entre janeiro e setembro deste ano. Especialistas alertam que crianças e idosos são mais vulneráveis
Entre janeiro e setembro de 2025, o Estado registrou 5.077 acidentes com escorpiões, segundo dados do Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Espírito Santo (CIATox/ES). O alto número preocupa especialistas e reforça a necessidade de cuidados.
De acordo com o biólogo e vice-presidente do Conselho Regional de Biologia do Espírito Santo, Daniel Gosser Motta, o aumento do número de casos tem relação com o processo de expansão das cidades.
“A expansão urbana causa proximidade com regiões de mata. Com isso, há maior contato com vários tipos de animais, inclusive os escorpiões”.
O especialista afirma que o risco de acidentes costuma aumentar no período de calor. “Em épocas mais quentes, como primavera e verão, estes animais ficam mais ativos, ocasionando maior número de acidentes”.
O médico e referência técnica do Programa Estadual de Vigilância e Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos, Nixon Souza Sesse, explica que os escorpiões se aproveitam de locais escuros, onde podem se esconder.
“É bom lembrar de sacudir roupas e sapatos antes de usar e redobrar a atenção no período da noite, já que os escorpiões têm hábitos noturnos”.
Nixon acrescenta que é importante não tentar matar ou capturar o escorpião. “O animal não é agressivo, apenas pica em defesa. O melhor a se fazer é entrar em contato com a Vigilância em Saúde do município”.
O infectologista Eduardo Pandini reforça que a picada de escorpião oferece perigos maiores a crianças, idosos e pessoas de baixo peso.
“Isso não significa que adultos não tenham problemas. Mas, geralmente, esses grupos podem apresentar sérios problemas cardíacos”.
A orientação do médico é procurar atendimento logo após o acidente. “Quanto mais tempo o veneno circula no sangue, maior é o risco de complicações”.
Prevenção e primeiros socorros
O que fazer ao ser picado?
- Lavar o local atingido com água e sabão.
- Fazer compressas mornas.
- Procurar atendimento médico mais próximo imediatamente.
O que não fazer ao ser picado?
- Fazer torniquetes.
- Usar pomadas.
- Usar gelo.
- Tentar soluções caseiras, pois elas podem atrasar o tratamento específico.
Tratamento
Nos casos leves, o tratamento é feito com analgesia, geralmente aplicada no local da picada.
Em casos mais graves, é utilizado o soro antiescorpiônico ou o soro antiaracnídico. A dose depende da gravidade do quadro clínico.
Riscos à saúde
Crianças menores de 10 anos, idosos e pessoas com doenças crônicas têm maior risco de evolução para quadros moderados ou graves, que podem exigir o uso de soro antiescorpiônico.
Nesses grupos de risco, o veneno pode causar problemas cardíacos que podem levar à morte.
A maioria dos adultos saudáveis evolui com quadros leves, que exigem apenas observação e controle da dor.
Na maioria dos casos, não há sequelas, especialmente quando o atendimento médico feito é rápido e adequado.
O que fazer ao encontrar um escorpião?
Não tentar matar ou capturar o animal, pois ele pode picar para se defender.
Ligar para o Centro de Controle de Zoonoses, a Secretaria de Meio Ambiente ou a Vigilância em Saúde do município para coleta do animal.
Como evitar acidentes?
Evitar acumular entulhos, que criam esconderijos para os animais.
Não acumular resíduos orgânicos, para não atrair baratas, que são os principais alimentos dos escorpiões
Limpar e manter sempre o quintal limpo, com grama baixa.
Tampar ralos, frestas, caixas de gordura e buracos em paredes.
Sacudir roupas, toalhas, sapatos e roupas de cama antes de usar.
Redobrar os cuidados à noite, pois o escorpião tem hábito noturno.
Onde é possível encontrar mais informações?
Pelo telefone 0800 283 9904, do CiaTox, onde pode encontrar orientações sobre acidentes com animais peçonhentos e unidades de saúde com soro antiveneno.
No link https://vacinaeconfia.saude.es.gov.br/cidadaos/ também é possível acessar os pontos de soro antiveneno do Estado.
Motivos de aumento dos casos
A expansão das cidades para áreas que eram de mata.
Mudanças no uso do solo.
Alterações climáticas.
Além disso, o escorpião-amarelo, que é o principal responsável pelos acidentes, se reproduz sem necessidade de macho, o que facilita sua multiplicação.
Áreas rurais x urbanas
Atualmente, os acidentes são muito comuns em áreas urbanas.
Os escorpiões se adaptaram muito bem às cidades, onde encontram abrigo, alimento e menos predadores.
Os números
2025 (até setembro): 5.077 acidentes por escorpião no Estado.
2024 (até agosto): 3.065 acidentes por escorpião no Estado.
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