ES investiga segunda possível morte por febre do Oropouche
O primeiro foi confirmado na cidade de Fundão, onde uma mulher de 61 anos morreu em agosto
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O Espírito Santo vive uma epidemia de febre de Oropouche e os números alertam: de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), neste ano, até a última segunda-feira (9), 3.126 casos e uma morte foram confirmados pela doença. Um segundo óbito segue em investigação.
As informações foram compartilhadas nesta terça-feira (10) pelo subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, e pelo coordenador do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen-ES), Rodrigo Rodrigues, em uma apresentação à imprensa.
Segundo o que foi detalhado, a vítima fatal é uma mulher de 61 anos, moradora do município de Fundão, que morreu em 28 de agosto. O que mais chamou atenção em seu caso foi ela ter ido à óbito apenas 11 horas após dar entrada no Pronto Atendimento (PA), 24 horas após o início de sintomas como febre e falta de ar.
Durante o período em que estava no PA, seus familiares informaram que ela teve contato com inseticidas, abrindo uma possibilidade de envenenamento. Com isso, o corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) e uma amostra de sangue foi enviada ao Lacen-ES, permitindo que fosse identificada a causa da morte.
“A investigação do óbito foi realizada de maneira minuciosa, utilizando diferentes métodos para eliminar possíveis causadores e confirmar, de fato, o Oropouche. Testamos a amostra para 295 patógenos e apenas o Oropouche apareceu”, explicou Rodrigo.
O Ministério da Saúde apontou que outros três óbitos pela doença foram confirmados no País, sendo dois registrados na Bahia e um óbito fetal em Pernambuco.
De acordo com Orlei Cardoso, o vírus do Oropouche é mais presente na região rural do Estado, principalmente por conta das áreas de mata, onde há a infestação do vetor. O principal é um inseto conhecido como maruim.
“O vírus desponta muito na região rural do Estado, mas tem se urbanizado. O que vimos é que muitas pessoas que moram na zona urbana vão a trabalho para a zona rural e se infectam”, disse Orlei.
“Temos na capital, por exemplo, 50 casos, sendo que quatro deles foram realmente infectados aqui. Os outros são de pessoas que viajaram para fora do município”, completou.
Orlei recomendou que, se possível, evite ir para as regiões de mata. Grávidas devem ter cuidado redobrado, pontuou. Afinal, o Oropouche pode ser passado para o bebê durante a gestação.
Oropouche
Segundo o Ministério da Saúde, é uma arbovirose causada pelo vírus Oropouche (OROV).
O vírus é transmitido principalmente por um inseto da espécie Culicoides paraensis, conhecido como maruim.
Sua história é de décadas atrás: o OROV foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília.
Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica.
Sintomas e tratamentos
São parecidos com os da dengue: febre, dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea.
Segundo o Ministério da Saúde, os primeiros sintomas aparecem entre três e oito dias após a picada do inseto.
Não há vacina para prevenir ou combater o vírus. A pessoa precisa tratar os sintomas.
Outro perigo
Esse é um vírus que pode ter transmissão vertical, ou seja, passar da gestante para o bebê.
Segundo o coordenador do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen-ES), Rodrigo Rodrigues, se o vírus for transmitido no início da gravidez, podem ocorrer anomalias congênitas no bebê. Se for mais para o final da gestação, a criança pode nascer positiva, mas sem anomalias.
No Estado, um recém-nascido de Rio Novo do Sul, de Mimoso do Sul e dois de Iconha estão sendo investigados. Eles não nasceram com anomalias, mas podem ser positivos para a enfermidade.
Por que a epidemia no Espírito Santo?
Na visão da infectologista Ana Carolina D'Ettorres, o aumento dos casos da doença pode ser justificado pela globalização, com o maior trânsito de pessoas e cargas, que facilitam a transferência de vetores contaminados; e também pelo aquecimento global que favorece a proliferação do vetor.
Prevenção
O Ministério da Saúde passa algumas orientações:
1. Limpeza de terrenos e de locais de criação de animais.
2. Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas áreas expostas da pele.
3. Evitar o contato com áreas de ocorrência e/ou minimizar a exposição às picadas dos vetores.
4. Recolhimento de folhas e frutos que caem no solo.
5. Uso de telas de malha fina em portas e janelas.
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