Trepanação: entenda o procedimento feito por Lula para drenar hematoma
Lula foi submetido a uma cirurgia de emergência após exame de imagem identificar hemorragia intracraniana
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou por uma cirurgia de emergência para drenar uma hematoma na cabeça, na segunda-feira (09). O procedimento é chamado de trepanação e o petista foi submetido logo após uma ressonância magnética identificar hemorragia intracraniana.
Segundo o boletim médico, a hemorragia é decorrente do acidente domiciliar sofrido por Lula no banheiro do Palácio do Alvorada, em outubro deste ano. Na ocasião, o presidente foi atendido no hospital, passou por exames e levou pontos na região do ferimento.
No entanto, após se queixar de dores na cabeça e de sonolência, Lula foi atendido no Hospital Sírio-Libanês, unidade Brasília, onde o exame de imagem apontou a hemorragia. O presidente precisou ser transferido para a unidade de São Paulo para passar pela trepanação por conta do hematoma subdural, isto é, um sangramento abaixo da dura-mater, uma membrana que protege o cérebro.
O neurocirurgião e professor de neurocirurgia da Ufes, Walter Fagundes, explicou que o procedimento consiste na abertura de orifícios na cabeça do paciente para drenar o sangue da região e diminuir a pressão no crânio.
"A gente faz um buraquinho do tamanho de uma moeda de 5 centavos, mais ou menos. A gente faz esse orifício, abre a dura-mater (membrana que protege o cérebro) e drena o sangue", explicou o especialista.
Inicialmente, foi divulgado que o procedimento ao qual Lula foi submetido seria uma craniotomia. "A craniotomia é quando a gente tira um pedaço maior do osso (do crânio) e coloca de volta. É uma abertura mais ampla", comparou Fagundes.
A equipe médica que operou Lula deu detalhes do procedimento na manhã desta terça-feira (10). O presidente evolui bem, tem quadro de saúde estável e conversa normalmente.
Fagundes destaca que o processo de recuperação precisa ser acompanhado por novos exames, pois há risco do hematoma voltar.
PERIGO SILENCIOSO
Após a queda no dia 19 de outubro, o presidente da República passou por exames que não apontaram sangramentos na região.
O neurocirurgião e professor de neurocirurgia da Ufes, Walter Fagundes, explica que o mais comum é o sangramento ocorrer na hora do trauma, porém as pessoas idosas sofrem atrofia no cérebro e por isso, até mesmo, pequenas pancadas na região da cabeça podem representar perigo ainda que exames de imagens não identifiquem hematomas naquele momento.
"Esse sangramento é pequeno de início, mas, até seis meses depois, ele pode ir aumentando. Ele apresenta poucos sintomas. Como o idoso tem atrofia cerebral o paciente nem sabe que está com esse sangramento. Ele vai aumentando aos poucos e, quando chega em um tamanho que comprime o cérebro, aparecem os sintomas e se descobre o sangramento com exames de imagens", explicou Fagundes.
E orienta: "A gente sempre que atende paciente idoso e que não tem sangramento orienta a família a observar o paciente por seis meses, porque ao longo desse período o sangramento pode acontecer e o paciente evoluir com hematoma e ter que operar".
Entre os sintomas a serem observados estão dores de cabeça, sonolência, perda da força e da fala.
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