Dia Mundial do Diabetes: novidades para 400 mil pacientes no ES
Medicamentos como Mounjaro e Ozempic, bombas de insulina e monitores contínuos de glicose ajudam a controlar a doença
Com o avanço da tecnologia, novos recursos para prevenir, tratar e controlar o diabetes têm transformado a rotina de cerca de 400 mil capixabas diagnosticados com a doença.
Nesta sexta-feira (14), Dia Mundial do Diabetes, especialistas reforçam a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, além de destacar os avanços científicos que vêm garantindo mais qualidade de vida aos pacientes, como novas terapias e dispositivos que facilitam o controle da doença.
Entre as principais novidades estão medicamentos modernos, como Mounjaro (tirzepatida) e Ozempic (semaglutida), que ajudam a controlar os níveis de glicose e promovem perda de peso, dois fatores fundamentais no tratamento do diabetes tipo 2.
“Esses medicamentos atuam no controle da glicemia e também auxiliam na redução de peso, o que tem impacto direto na prevenção de complicações”, destaca a endocrinologista Luize Palaoro, da Rede Meridional.
Outras inovações incluem os monitores contínuos de glicose e as bombas de insulina automatizadas, que aplicam doses precisas conforme a leitura da glicose, funcionando de forma semelhante a um “pâncreas artificial”.
Segundo o geriatra Roni Mukamal, coordenador do Programa Prime Diabetes e superintendente de Medicina Preventiva da MedSênior, o foco atual também está na integração entre prevenção, tecnologia e acompanhamento médico contínuo.
“Quando falamos em prevenção, os dois fatores mais importantes são alimentação equilibrada e prática regular de exercícios físicos. Na pré-diabetes, muitas vezes o paciente não tem sintoma nenhum. Por isso é importante também fazer avaliações médicas regulares. Quando os sintomas aparecem, geralmente o diabetes já está bem descompensado”, observa Mukamal.
Já Luize Palaoro explica que o diabetes é uma doença crônica caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue.
O tipo 1 ocorre quando o sistema imunológico destrói as células do pâncreas. Já o tipo 2, mais comum, está frequentemente relacionado ao excesso de peso, sedentarismo e maus hábitos alimentares.
“A obesidade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2, por causar resistência à insulina e dificultar o controle da glicose no sangue”, ressalta.
Adaptação ao descobrir diabetes
A estudante Ana Julia Basoni, de 20 anos, convive com o diabetes tipo 1 desde os 11. “Na época eu não sabia nada sobre o diabetes e como era a vida de uma pessoa insulinodependente. Foi muito assustador pensar que eu precisaria cuidar da minha alimentação a vida toda, aplicar insulina, medir a glicemia e todas as outras coisas que vêm junto com o diabetes”, relata Ana Julia.
A adaptação, segundo ela, foi especialmente difícil durante a infância. Ana Julia precisou mudar completamente sua alimentação e adotar uma rotina rigorosa de monitoramento da glicose e aplicação de insulina. Hoje, mais madura e consciente, ela encara o tratamento com equilíbrio e responsabilidade.
“Ainda hoje é um desafio bem grande, tem períodos que a gente se mantém mais disciplinada, outros é um pouco mais difícil, mas eu tento sempre ajustar a minha rotina e melhorar”, afirma.
Destaque mundial em tratamento
O Estado se firmou como referência internacional no tratamento das complicações do diabetes, em especial nas feridas do chamado “pé diabético”, graças à combinação de técnicas cirúrgicas inovadoras e terapias regenerativas que têm evitado amputações e recuperado pacientes tidos como irrecuperáveis.
Segundo o cirurgião vascular Eliud Garcia Duarte Junior, coordenador do Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas (HEUE), em Vitória, o salto de qualidade aconteceu porque o Estado integrou novas abordagens e assumiu protagonismo técnico.
“A Diretriz Nacional de Pé Diabético foi feita por nós aqui do Espírito Santo. Nós coordenamos esse trabalho em nível nacional”, destaca o especialista, lembrando que o modelo capixaba hoje serve de referência para o Brasil.
O Estado, segundo ele, se tornou referência por três motivos. Primeiro, pelas técnicas que aumentam a irrigação sanguínea do pé e aceleram a cicatrização, pelo uso combinado de terapias regenerativas, feitas com material do próprio paciente, como células da medula óssea e derivados do tecido adiposo; e resultados concretos, com inúmeros casos de pacientes que chegaram com indicação de amputação e tiveram o membro salvo.
“O Espírito Santo hoje é visto como um dos destaques mundiais no tratamento de feridas em pacientes diabéticos”, afirma Eliud.
Uma das principais inovações é o Transporte Transverso do Córtex Tibial (TTT), uma técnica cirúrgica que estimula o corpo a formar novos vasos sanguíneos.
Eliud explica que o procedimento consiste em abrir uma pequena janela de cerca de 1 por 3 cm na tíbia, preservar esse fragmento e movimentá-lo lentamente no pós-operatório, cerca de 1 mm por dia, para fora e depois de volta à posição.
“Esse movimento controlado ativa mecanismos de reparo do organismo, estimulando a formação de novos vasos sanguíneos, algo essencial para cicatrizar feridas no pé diabético”.
Fique por dentro
Preço reduzido e acesso à tecnologia
Novos medicamentos
Os medicamentos Mounjaro (tirzepatida) e Ozempic (semaglutida) representam uma nova geração de fármacos usados no tratamento do diabetes tipo 2, com efeitos positivos também na prevenção e controle do peso.
Segundo a endocrinologista Luize Palaoro, essas medicações reduzem a hemoglobina glicada em até 2%, o que antes não era alcançado com outras drogas.
Além do controle glicêmico, estudos mostram benefícios cardiovasculares, com redução do risco de infarto e AVC.
Monitores contínuos
O monitoramento contínuo de glicose está se tornando mais acessível e tecnológico. O modelo Libre foi o pioneiro, mas agora já existem três novos dispositivos disponíveis no mercado brasileiro.
A chegada de novos modelos deve reduzir o preço e permitir que mais pessoas tenham acesso à tecnologia.
Bombas e minibombas de insulina
As bombas de insulina são dispositivos inteligentes que liberam insulina de forma automática e contínua, simulando o funcionamento do pâncreas humano.
Insulina de aplicação semanal
Uma das maiores expectativas para os próximos anos é a insulina de aplicação semanal, já aprovada no Brasil, mas ainda sem comercialização.
Atualmente, os pacientes precisam aplicar insulina diariamente, o que exige disciplina e causa desconforto. A versão semanal promete facilitar o tratamento.
Fonte: Especialistas entrevistados.
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