Brasil bate recorde na venda de cannabis medicinal
Com uma alta de 151%, foram comercializadas 417,6 mil unidades em 2024, contra 194,1 mil nos três primeiros meses do ano passado
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As vendas de produtos medicinais de cannabis nas farmácias brasileiras bateram recorde no primeiro trimestre deste ano, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides (BRCann).
Foram comercializadas 417,6 mil unidades neste ano, contra 194,1 mil unidades nos três primeiros meses de 2023. A alta é de 151%.
As vendas do setor movimentaram R$ 163,7 milhões no período um salto de 202% em relação ao ano passado.
No País, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), existem duas categorias de produtos medicinais à base de cannabis: a categoria dos medicamentos e a de produtos derivados de Cannabis, que não se enquadram como medicamentos, regulamentada pela Anvisa em 2019.
Atualmente, existe um medicamento registrado à base de cannabis no Brasil e 33 produtos de cannabis autorizados.
O farmacêutico e membro do grupo técnico de farmácia do Conselho Regional de Farmácia do Estado (CRF-ES), Silvio Louzada explica que, inicialmente, houve um período de adaptação, principalmente entre os idoso, por serem produtos derivados de uma planta discriminada, quando usada ilegalmente.
“Após esse período houve uma grande procura nas farmácias. Mas é preciso receita de controle especial, pois se trata de um psicotrópico”, explica.
O neurocirurgião Walter Fagundes, PhD em Neurocirurgia, pós-graduado em Medicina Canabinoide, professor e coordenador do grupo de pesquisa Geneuro da Ufes, analisa o aumento na venda de medicações à base de cannabis como resultado de um maior conhecimento, não só da classe médica, mas também da população a respeito desse produto da cannabis medicinal, do cannabis de óleo, do tetraidrocanabinol (THC) e de outros produtos presentes na cannabis ativa.
“Paralelamente a isso, ter esse produto no arsenal terapêutico do médico é muito interessante”.
Segundo a neurologista Soo Yang Lee, a s maiores indicações do produto são: epilepsia, onde as doses empregadas são bem maiores e o custo ainda é bastante alto; transtornos de comportamento relacionados a condições como Alzheimer e autismo; e dor crônica refratária.
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Produtos à base de cannabis
Existem duas categorias de produtos medicinais à base de cannabis no Brasil. A primeira é a categoria dos medicamentos, para a qual se aplicam todas as normas de medicamentos incluindo eficácia, segurança e obrigatoriedade de estudos clínicos.
A outra categoria é a de produtos derivados de Cannabis, que não se enquadram como medicamentos. Esta é a categoria regulamentada pela Anvisa em 2019 e que foi criada para permitir o acesso da população a estes produtos que, apesar de promissores, não tinham o nível de desenvolvimento clínico para atender às exigências feitas para medicamentos.
Indicação Anvisa
Os produtos de cannabis não têm indicação terapêutica específica aprovada pela Anvisa, sendo que a avaliação de benefício deve ser feita pelo médico que assiste o paciente.
Quantidade no Brasil
Atualmente existe um medicamento registrado à base de cannabis no Brasil e 33 produtos de cannabis autorizados.
Indicações
Crianças com epilepsia de difícil controle, pacientes com dor crônica, com fibromialgia, doença de Alzheimer, Parkinson, ansiedade e distúrbios do sono, a depender do caso, podem receber indicação para uso dos produtos medicinais à base de cannabis, de acordo com o neurocirurgião Walter Fagundes.
Efeitos adversos
A neurologista Soo Yang Lee explica que os efeitos colaterais dos produtos à base de cannabis são menores, mas ainda assim precisam de orientação de um médico especialista na prescrição, para que o paciente possa receber um acompanhamento personalizado. Alguns pacientes apresentam, de fato, muitos efeitos adversos.
Risco
O neurologista Ramon D' Angelo alerta que os produtos possuem metabolização hepática, interagem com outras medicações e possuem seus efeitos adversos. Portanto, devem ser prescritos e utilizados com muita cautela, assim como quaisquer outras medicações.
Outra preocupação, segundo a médica Soo Yang Lee, é com o uso da apresentação contendo o THC, que deve ser evitado em pacientes com risco de surtos psicóticos.
Fonte: Médicos consultados na reportagem e pesquisa A Tribuna.
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