AVC mata uma pessoa a cada seis horas no ES
Dados da Sesa mostram que 993 pessoas morreram vítimas da doença de janeiro a agosto deste ano no Espírito Santo
Mais de 900 pessoas morreram vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Estado entre os meses de janeiro a agosto deste ano, o que significa quatro óbitos por dia ou uma morte a cada seis horas.
Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). No mesmo período do ano passado foram 998 mortes.
Os números reforçam a necessidade de atenção e cuidados constantes, já que 90% dos casos poderiam ser evitados por meio da prevenção, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS).
De modo geral, para reduzir os fatores de risco de AVC, os especialistas recomendam a adoção de hábitos saudáveis, independentemente da idade, considerando que de janeiro a agosto deste ano foram registradas 21 internações de pacientes com até 14 anos.
Jerônimo Vervloet, cardiologista da Bluzz Saúde, explica que o AVC ocorre quando uma determinada região do cérebro deixa de receber a quantidade de sangue necessária para nutrir a região, levando a um quadro de isquemia ou morte do tecido afetado.
“O AVC tanto pode ser isquêmico, por obstrução, compressão ou espasmo de alguma artéria, quanto hemorrágico, com sangramento significativo levando à diminuição do fornecimento dos nutrientes necessários”.
José Antônio Fiorot Junior, neurologista do Hospital Estadual Central e da Rede Meridional, conta que no AVC isquêmico, o entupimento da artéria pode estar associado à aterosclerose, causada principalmente por pressão alta, diabetes descontrolado, colesterol alto, tabagismo, obesidade e sedentarismo ou por trombos formados no coração após um infarto ou devido a arritmias, como a fibrilação atrial.
No AVC hemorrágico, 90% dos casos estão associados à pressão alta. “Os outros 10% têm a ver com doenças mais raras, mais comuns depois dos 70 ou 80 anos”.
A idade tem influência direta no risco de AVC. A doença acontece, geralmente, em pessoas com mais de 60 anos, mas uma mudança preocupante está acontecendo com no perfil dos pacientes.
“Nos últimos 10 anos, temos visto um aumento muito significativo de AVC em pessoas com menos de 60 anos. Antes era algo raro, mas hoje vemos com frequência pessoas entre 40 e 50 anos tendo AVC por entupimento das artérias, justamente porque não se cuidaram desde jovens”.
Vida ativa após sofrer três AVCs
	O aposentado Antônio Luiz Covre, de 70 anos, leva uma vida ativa após sofrer três AVCs. A segunda vez foi a que mais assustou.
“Eu estava em casa, assistindo televisão, quando a imagem começou a ficar ruim. Fui no banheiro e, no espelho, vi que a boca estava torta e chamei minha esposa”, lembra.
Ele foi socorrido, mas precisou de tratamento. “Por um tempo, não sabia o nome de ninguém da família, nem as cores, nem números, nada. Esqueci tudo”.
Lucineide Covre, sua esposa, acompanhou de perto. “Ele fazia conta de cabeça e, de repente, não sabia quanto era 2x2”, relata.
Com os tratamentos e após passar por uma cirurgia, Antônio Luiz conseguiu dar a volta por cima. Hoje ele cuida do jardim, faz musculação e está sem sequelas.
Dois milhões de neurônios são perdidos em um minuto
O neurologista José Antônio Fiorot Junior explica que o tempo é o fator mais determinante no tratamento do AVC. De acordo com ele, enquanto não há socorro, a cada minuto cerca de dois milhões de neurônios morrem.
Por isso, reconhecer os sinais e acionar os socorristas imediatamente é fundamental. “Em 80% a 90% dos casos, o paciente apresenta sintomas súbitos como boca torta, fraqueza em um lado do corpo, dificuldade para falar ou para entender o que os outros dizem. Quando isso acontece, a pessoa deve ligar para o Samu 192”, orienta.
Fiorot destaca que o Samu está preparado para direcionar o paciente ao hospital certo. “Nem todos os hospitais têm estrutura para tratar AVC, por isso, sendo socorrido pelo Samu, o paciente chega mais rápido e com prioridade de atendimento.”
Ele explica que quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores são as chances de recuperação. “Um dos tratamentos é a trombólise venosa, que é a aplicação de um medicamento para dissolver o coágulo. Esse remédio só pode ser feito até quatro horas e meia após o início dos sintomas”.
Outro tratamento possível, em casos selecionados é a trombectomia mecânica. Ele reforça: “ Cada minuto de atraso significa mais neurônios perdidos. Agir rápido salva vidas e reduz sequelas”.
- Mortes por AVC no Estado
 
2024 - 1.466
2024 (jan a ago) - 998
2025 (jan a ago) - 993
- Internações no SUS por AVC
 
2024 - 6.502
2024 (jan a ago) - 4.175
2025 (jan a ago) - 4.410
- Internações por faixa etária
 
2023
< 1 ano - 04
1-4 anos - 08
5-14 anos - 12
15-49 anos - 840
50 + anos - 5.514
2024
< 1 ano - 02
1-4 anos - 07
5-14 anos - 21
15-49 anos - 915
50 + anos - 5.557
2025 (jan a ago)
< 1 ano - 05
1-4 anos 06
5-14 anos - 10
15-49 anos - 570
50 + anos - 3.819
- Internações por gênero
 
2023
Masculino - 970
Feminino - 870
2024
Masculino - 899
Feminino - 837
2025 (jan a ago)
Masculino - 647
Feminino - 580
- Prevenção
 
Controlar a obesidade, hipertensão, diabetes, colesterol alto, sedentarismo, altos níveis de estresse constante, tabagismo e o uso de outras drogas.
- Hábitos saudáveis
 
Praticar esportes ou atividade física regularmente, ter uma boa noite de sono, manter uma alimentação saudável, fazer exames periodicamente, não fumar, evitar excesso de álcool, não fazer uso de drogas ilícitas, manter o peso ideal, beber bastante água e manter a glicose sob controle.
Sinais de um AVC
Boca torta, fraqueza em um dos lados do corpo e dificuldade para falar, dormência em face ou membros, paralisia ou diminuição da atividade do músculo nestas regiões; dificuldade de montar frases ou articulá-las e de entender frases simples.
Como identificar
Para ajudar a identificar, mande a pessoa sorrir e observe desvios da comissura labial (canto da boca).
Peça para levantar os dois braços e se autoabraçar e observe se a elevação e a amplitude do abraço é igual dos dois lados.
Peça para andar em linha reta e observar o equilíbrio.
Além disso, peça para falar, cantar, se localizar, nome de parentes, e analise.
Quadros de vertigens também podem estar associados ao ACV.
Alterações da glicemia como hiperglicemia ou hipoglicemia podem mimetizar um quadro de AVC, então, procure saber se o mesmo é diabético, se já teve episódios de hipoglicemia, se usa insulina ou hipoglicemiantes orais.
Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade (SIM)
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