Alerta para aumento de cirurgia de fimose em jovens
Médicos destacam que a cirurgia muitas vezes é feita de forma desnecessária, principalmente em crianças e adolecentes
Médicos fazem alerta para um aumento no número de internações cirúrgicas por problemas relacionados à fimose em crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos.
De acordo com estudo feito pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), entre 2015 e 2024, foi registrado um aumento de 81,58% nesse número de internações. Em 2015, foram registrados 10.677 procedimentos cirúrgicos e, em 2024, 19.387 casos.
Na criança, muitas vezes a pele do pênis é mais fechada, o que é chamado de fimose fisiológica. Em muitos casos, a condição melhora naturalmente, mas em outros a cirurgia pode ser necessária.
“Quando a pele realmente não abre com o tempo, quando a criança ou adolescente tem infecções repetidas na ponta do pênis, dor, sangramento, ou quando precariza a higiene e, no adolescente, atrapalha a vida sexual. Nesses casos, a cirurgia é indicada”, explicou o médico urologista e membro do departamento de urologia do adolescente da SBU, Atila Rondon.
Porém, a fimose não deve ser confundida com excesso de prepúcio, destaca o médico urologista da Bluzz Saúde, Bruno Baracho.
“Alguns homens têm um excesso de pele, o prepúcio. Mas quando eles puxam essa pele, toda a cabeça do pênis é exposta, permitindo a higiene. A fimose é quando a glande não é exposta ao puxar esse excesso de pele”, disse.
A cirurgia é simples. Em crianças, o processo de internação leva algumas horas, e em adolescentes e adultos, apenas uma hora, aponta o urologista da rede Meridional, Fernando Chagas.
“No caso de crianças, precisamos dar anestesia geral ou sedação, aí o paciente fica pelo menos seis horas no hospital, e depois está liberado. Já com adolescentes e adultos, a anestesia é local, e a cirurgia dura em torno de uma hora”, pontuou.
No Espírito Santo, a cirurgia é oferecida na rede pública de saúde (SUS), em três hospitais da Grande Vitória, conta o especialista em urologia e pediatra Vitor Fitaroni.
“O paciente deve procurar consulta com pediatra em uma unidade de saúde. Depois, será encaminhado para os hospitais estaduais infantis de referência, que são o Materno Infantil, na Serra, o Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vitória, e o Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha”, disse.
Entenda
Mais internações
19.387 internações cirúrgicas ocasionadas por problemas relacionados à fimose, em crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos, foram registradas em 2024 na rede pública de saúde (SUS).
10.677 casos de procedimentos cirúrgicos pelo mesmo motivo foram registrados em 2015.
81,58% é a taxa de aumento desse tipo de cirurgia no SUS nos últimos nove anos.
130.764 internações no total foram registradas de 2015 a 2024.
87,7% foi o aumento de internações registrado, no mesmo período, para a faixa etária entre 10 e 14 anos.
70% foi o crescimento de casos cirúrgicos ocasionados por fimose para a faixa etária de 15 a 19 anos entre 2015 e 2024.
Cirurgias no Estado
664 cirurgias para operar fimose foram realizadas em adolescentes com idades entre 12 e 17 anos, este ano, no SUS, em todo o Espírito Santo, até 3 de dezembro.
99 operações do mesmo tipo foram realizadas em 2021.
570% é o aumento em intervenções cirúrgicas para operar fimose registrado no Estado no período entre 2021 e 2025.
Tipos de fimose
A fimose pode ser classificada em primária e secundária. A primária, também chamada de fisiológica, é uma condição presente desde o nascimento devido à aderência natural do prepúcio (pele que recobre a cabeça do pênis) à glande.
Já a secundária surge após o nascimento, geralmente causada por infecções, inflamações ou traumas no prepúcio que levam ao estreitamento da pele e dificuldade na retração.
Riscos
A fimose não tratada pode aumentar as chances de infecções – como urinária, balanite (inflamação da glande) e balanopostite (inflamação da glande e do prepúcio) –, parafimose, dor e dificuldade nas relações sexuais e ereções e de contrair ISTs, como HPV, que é fator de risco para o câncer de pênis.
Até os 3 anos a fimose pode se resolver sozinha, porém após essa idade é necessário tratamento com pomada ou cirurgia.
Caso de urgência
A parafimose é uma urgência urológica que ocorre quando o prepúcio após ser retraído não consegue retornar à posição normal e estrangula o pênis, podendo comprometer o retorno venoso e linfático, levando a edema, dor intensa e, se não tratada, isquemia e necrose da glande. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais prevalente em adultos jovens não circuncidados.
O prepúcio redundante tem como característica o excesso de pele sobre a cabeça do pênis, mas que não impede a retração completa para expor a glande, como ocorre na fimose. Porém, assim como a fimose, pode provocar infecções caso não haja uma higienização ou cuidados adequados.
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