Suplente de Zambelli elogia renúncia e promete mandato de continuidade
Adilson Barroso (PL-SP) diz ter visto exagero nas condenações contra a deputada, e que ela foi injustiçada
Após a renúncia da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) neste domingo (14), seu suplente, Adilson Barroso (PL-SP), elogiou o ato da parlamentar, afirmando que com isso o partido terá mais deputados ativos no Congresso.
"Ela teve uma consciência muito boa quando resolveu pôr fim nisso tudo e renunciar ao mandato. Ela está de parabéns. Vou dar continuidade ao mandato dela, ela pode contar comigo porque nós defendemos a mesma coisa", disse à Folha de S.Paulo.
Adilson afirma acreditar que Zambelli não quis complicar as coisas e que teria visto que "não tinha necessidade nenhuma de ficar segurando a vaga sem poder estar atuando" e que ela "fez um papel muito bonito, um papel necessário para poder dar continuidade a mais deputados do PL no mandato".
Questionado também sobre a votação no plenário da Câmara dos Deputados que manteve o mandato de Zambelli, ele diz que ela se explica pela revolta dos deputados com o que ele chamou de perseguição política e de interferência do Judiciário no Legislativo e que por isso eles teriam trabalhado para salvar seu mandato.
"Mas salvar o quê? [A votação] salva ela, mas ela não tem como votar, como mandar emenda para ajudar os municípios, não tem direito nenhum político, gabinete fica vago de deputado."
A decisão de Zambelli foi parte de uma solução política articulada com a cúpula da Câmara depois que o plenário rejeitou a cassação da parlamentar, condenada à prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Na última sexta-feira (12), a corte ordenou que Motta tirasse o mandato de Zambelli.
Como informou a Folha, a negociação foi feita por Motta e aliados, em nome da Câmara, com a família de Zambelli, advogados e o deputado Cabo Gilberto (PL-PB), próximo da parlamentar e do presidente da Câmara.
Adilson Barroso tinha tomado posse em fevereiro de 2023 e exercia mandato até há algumas semanas, quando Guilherme Derrite, que estava licenciado como secretário do governo de Tarcísio de Freitas, voltou para a cadeira na Câmara dos Deputados, o que Adilson disse ter sido uma surpresa.
Neste cenário, ele destaca que, na prática, ele estará apenas passando de um gabinete para outro. "[Derrite] voltou e eu fiquei fora do mandato e uma surpresa maior foi resolver essa situação da Zambelli após a volta do Derrite tão rápido. E foi resolvido por várias vias, porque foi pelo Supremo, foi pela Turma, foi pela Zambelli agora pedindo a renúncia."
Depois do anúncio da renúncia de Zambelli, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou que dará posse a Adilson Barroso.
Natural de Minas Gerais, Adilson nasceu em 1964. Ex-presidente do Patriota, ele acabou afastado do comando da sigla pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 202. À época ele tentava filiar o então presidente Jair Bolsonaro, que estava sem partido, para a disputa das eleições de 2022. Ala contrária à entrada da família Bolsonaro na sigla acusava Adilson de descumprir regras do estatuto.
Ele acabou concorrendo pelo PL, tendo recebido 62 mil votos. Já tinha disputado o cargo em São Paulo em 2018 e 2014, sem sucesso. Antes, em 2016, foi eleito vereador de Barrinha (SP), município do qual já tinha sido vice-prefeito. Em 2002 foi eleito deputado estadual em São Paulo.
Aliado de Bolsonaro, em 2023, logo após o fim do primeiro julgamento que declarou o político inelegível, Adilson protocolou um projeto de lei para anistiá-lo.
Ao ser questionado sobre o PL da Dosimetria, Adilson disse que a proposta é revoltante e que seu voto seria pela anistia ampla. "Mas quem não tem cão, caça com gato, né? Não deu para vir a anistia, então vamos com a dosimetria", ponderou, acrescentando que seguirá buscando o perdão ao ex-presidente.
"A gente vai estar brigando por ela [anistia] o tempo todo, o ano todo, a vida toda, porque a gente não acha correto as injustiças que foram cometidas juridicamente contra o esse povo do 8 de Janeiro."
Sobre Zambelli, ele diz ter visto exagero nas condenações contra a deputada, e que ela foi injustiçada. Também defendeu a postura dela no episódio da perseguição com a arma na véspera da eleição em 2022, argumentando que ela pode ter sentido algum medo e que arma é para usar "quando a gente se sente acuado".
"Ela jamais teve má intenção ou intenção de prejudicar qualquer tipo de coisa. 'Ah, correu atrás do cara com a arma'. Pô, vai estar no lugar dela, sentir que de repente entrou algum medo. Ela tinha autorização de tudo e a arma é para se usar quando a gente se sente acuado. Ou arma é para enfeitar a cintura? Não é", disse.
"Ela para mim fez tudo que era certo. Não deu ferimento em ninguém, apenas colocou o sujeito no lugar dele."
MATÉRIAS RELACIONADAS:
Comentários