'Farsa foi desmontada', diz Boulos sobre Marçal acusá-lo de uso de cocaína
Após ato de campanha na região central, Boulos disse que o candidato do PRTB usa "método de estelionato" para enganar os eleitores
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O candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) afirmou nesta quarta-feira (28) que reportagem da Folha de S.Paulo "desmontou a farsa de Pablo Marçal", do PRTB, ao mostrar que o influenciador tem usado contra ele um processo judicial sobre posse de drogas no qual figura como réu um homônimo seu.
"Acabou de sair a reportagem que desmonta a farsa do Pablo Marçal", disse o deputado federal em vídeo publicado em suas redes sociais, rebatendo "as acusações mentirosas" do adversário ao associá-lo ao uso de droga. Ele chamou as acusações de "malandragem" e afirmou que Marçal "não é bobo".
Após ato de campanha na região central, Boulos disse que o candidato do PRTB usa "método de estelionato" para enganar os eleitores. "É muita baixaria, é muito vergonhoso, mas a verdade prevaleceu", declarou a jornalistas sobre o que chamou de "fake news que ele [Marçal] inventou".
A campanha do PSOL avalia entrar com novas ações na Justiça contra Marçal a partir do que foi revelado pela reportagem. Boulos afirmou que o novo elemento será incorporado aos processos em andamento e lembrou que já conseguiu sete decisões favoráveis, mas mesmo assim "ele não parou".
A reportagem "traz mais um elemento de como é que se fabricou a fake news, como é que a máquina de fake news fez a malandragem para inventar uma mentira", comentou Boulos. "Que bom que o trabalho jornalístico sério foi feito, que isso veio à tona antes que pudesse desinformar os eleitores de São Paulo."
Ainda na conversa com a imprensa, o candidato afirmou que Marçal "não é um candidato a prefeito de São Paulo, ele é um bandido, ele é um marginal, comete crimes, fez fortuna com base em crimes, quer fazer uma campanha com base em crimes e mentira, e isso vai ser desmascarado ao longo da eleição".
No vídeo, ao citar o empresário Guilherme Bardauil Boulos, que aparece como réu em um processo sobre drogas iniciado em 2001, o deputado mencionou que o homônimo "inclusive é candidato a vereador na chapa" do prefeito Ricardo Nunes (MDB), pelo Solidariedade. "Não tem nada a ver com a gente", disse.
Pelo Twitter, o prefeito comentou a reportagem, aproveitando para alfinetar ambos os adversários, a quem chamou de "lacradores que têm zero respeito pela cidade". "O crime de calúnia do Mentiroso é só mais um em seu prontuário. Já o invasor, bastava ter feito o teste para acabar no início com a celeuma", disse Nunes, referindo-se respectivamente a Marçal e Boulos.
O deputado do PSOL afirmou ainda que Marçal "sabia que são pessoas diferentes, não foi enganado". "Tanto é que eu desafiei ele no [programa] Roda Viva a mostrar a prova que ele dizia que tinha [...] e ele disse que mostraria no debate da Globo", disse.
"Por quê? Porque o debate da Globo é o último, a dois dias da eleição. Então ele jogaria a mentira no ar, geraria confusão e não daria tempo de as pessoas desmentirem", seguiu, acrescentando que "agora essa tática vergonhosa, criminosa do Pablo Marçal caiu por terra porque foi desmontada pela investigação jornalística."
Marçal tem acusado o adversário de ser usuário de cocaína sem apresentar nenhuma prova.
Reiteradas vezes em debates e em publicações nas redes sociais, o autodenominado ex-coach se referiu ao psolista como "aspirador de pó" e fez gestos no nariz antes de se dirigir a ele. Boulos nega a acusação de uso de cocaína, já chamou Marçal de "psicopata" e "mentiroso compulsivo" e foi à Justiça contra ele.
Advogado de Boulos, Francisco Almeida Prado Filho disse, após a publicação da reportagem da Folha de S.Paulo, que Marçal empreende "uma estratégia criminosa e mentirosa" para influenciar o eleitorado e "será devidamente responsabilizado, como já vem sendo feito".
"Ficou claro que Pablo Marçal tinha a intenção de usar um documento que não tem qualquer relação com o candidato para enganar a população e causar tumulto às vésperas da eleição", afirmou o advogado.
A Folha de S.Paulo apurou que esse dossiê de Marçal contra Boulos é uma lista de processos buscados na Justiça apenas com o filtro das palavras-chave "Guilherme" e "Boulos", não pelo CPF, por exemplo.
O resultado disso é uma listagem sem detalhamento. A maioria das ações é de reintegração de posse (Boulos é ex-líder dos sem-teto) e, em uma delas, o assunto é "posse de drogas para consumo pessoal".
A reportagem obteve a certidão do caso, que ocorreu em 2001, e verificou que quem figura como réu nesse processo sobre drogas nas mãos de Marçal não é Guilherme Castro Boulos, candidato à prefeitura, e sim Guilherme Bardauil Boulos, um empresário que hoje, coincidentemente, disputa uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo pelo Solidariedade.
A Folha de S.Paulo procurou a assessoria de imprensa de Marçal para esclarecer se as acusações do candidato têm como base apenas o processo do homônimo, mas não obteve resposta. A assessoria também não compartilhou o número do suposto processo que fundamentaria as acusações do influenciador contra o adversário.
Na tarde desta quarta, ao ser questionado sobre a reportagem, Marçal repetiu o ataque a Boulos sem apresentar provas e desconversou sobre o caso do homônimo. "A questão é que já tenho em mãos e vou mostrar na hora certa", disse.
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