“Foi como lutar boxe de mãos amarradas”, afirma Armandinho ao ser reeleito vereador
Após ficar mais de um ano preso, parlamentar conseguiu a vitória mesmo com medidas restritivas, que, diz ele, “não eram necessárias”
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Após ser afastado do cargo em dezembro de 2022 e ficar mais de um ano preso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o vereador Armandinho Fontoura (PL) voltará à Câmara de Vitória no ano que vem.
O parlamentar foi o 9º candidato a vereador mais votado na capital, no último domingo (06), e contou para A Tribuna sobre a expectativa de voltar à vereança.
Ele pediu que as perguntas fossem enviadas por escrito e, então, as respondeu para a reportagem.
A Tribuna — Qual o sentimento de poder retornar à Câmara, após ficar afastado?
Armandinho Fontoura - Recebo com humildade o triplo da votação da minha primeira eleição, sem apoio de medalhões nem da máquina do governo. Uma campanha simples e fantástica. Foi uma resposta a quem interrompeu nossa história, ao sistema. É um sentimento de dever cumprido, pelo reconhecimento de nosso trabalho e pela extrema solidariedade aos abusos medievais que sofri.
Sou o único vereador do Brasil nessas condições entre mais de 80 mil vereadores. Não é estranho?
Como foi fazer campanha com as medidas restritivas impostas pelo STF?
Foi uma luta injusta e desigual, como lutar boxe com as mãos amarradas. Mesmo com o relatório final da Polícia Federal dizendo que eu não cometi atos antidemocráticos nem crime algum, e sem qualquer denúncia da Procuradoria-Geral da República até hoje, Moraes manteve as medidas cautelares de recolhimento noturno às 20 horas e proibição de usar redes sociais diretamente. Isso não era necessário.
Quando acabam as medidas cautelares e o que pensa sobre elas?
Acabam quando o ministro quiser. Deve acontecer em breve, já que há um relatório da PF a meu favor. A ausência de denúncia da PGR até hoje e o fato de eu sequer ser ouvido mostram o quão medieval é o procedimento.
Foram seis anos de quebras de sigilo analisados, documentos e computadores apreendidos. Não acharam nada, nenhum crime.
Você atrelou sua imagem à do ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso te ajudou a ser reeleito?
Não atrelei. Ele me apoia e eu estou filiado ao PL. Ele é o maior líder da direita conservadora do Brasil. É natural que minha campanha use a imagem dele. Ganhei apoio espontâneo do ex-presidente e de seu grupo. Ele me ligou quando fui solto, conversamos por vídeo. Ele se solidarizou e se colocou à disposição, inclusive liberando o uso de sua imagem.
Como vai ser sua atuação na Câmara neste retorno?
Corajosa, destemida, humilde, técnica e equilibrada. O que for bom para a cidade podem contar comigo. O que merecer críticas, reparos ou enfrentamento, terá o mesmo empenho.
Você saiu do Podemos e foi para o PL. Será situação ou oposição ao prefeito (Pazolini)?
Serei aliado do que for bom para Vitória. E oposição ao que for ruim. Não tenho alinhamento automático nem serei oposição automática. O perfil de gado político não combina conosco. Estarei aberto ao diálogo e também pronto para o enfrentamento em torno do debate de ideias e não de pessoas.
E a relação com vereadores do PT e do Psol?
Sempre tivemos convivência harmoniosa, sem violência, apesar das divergências ideológicas e debates ácidos ou acalorados. Vou buscar convergência no que for bom para a cidade. É normal haver temas que nos dividam, mas isso não impede uma convivência democrática e harmoniosa.
Não somos inimigos, só temos visões de mundo distintas. Mas no final somos humanos, eleitos pela população, representantes legítimos e queremos o melhor para Vitória. Mas somos polos opostos, como água e óleo.
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