Professor que usou mesma agulha em 43 alunos no ES é indiciado por crime; entenda
Caso ocorreu durante uma aula prática em uma escola de Laranja da Terra. Alunos realizaram testes para diversas doenças
Escute essa reportagem
O professor de química que utilizou a mesma agulha em mais de 40 alunos durante uma aula prática em uma escola estadual de Laranja da Terra, na região Serrana do Espírito Santo, foi indiciado criminalmente pela Polícia Civil após a conclusão das investigações sobre o caso.
A informação foi confirmada pela corporação, que afirmou que o homem, de 35 anos, foi indiciado pelo crime de expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente. Em março, ele foi demitido do cargo pela Secretaria de Educação do Estado (Sedu).
O caso foi registrado em uma delegacia em 14 de março deste ano, quando o pai de uma das alunas do colégio denunciou o ocorrido. Em seu depoimento, ele disse que a adolescente contou que o professor realizou uma aula prática de verificação de tipo sanguíneo, utilizando a mesma agulha em vários alunos, higienizando apenas as mãos dos estudantes com álcool 70%.
O pai da aluna informou, ainda, que dezenas de alunos estavam procurando a Unidade Básica de Saúde do município para realizar testes rápidos, suspeitando que o procedimento contraria as normas de saúde.
“A diretora da escola informou à equipe policial que o professor vinha realizando o procedimento desde 7 de março, totalizando 43 alunos submetidos ao teste com a mesma lanceta. A diretora acionou a equipe de saúde do município, que encaminhou os alunos para exames. Durante o inquérito policial, o professor admitiu ter realizado a aula prática nos dias 13 e 14 de março de 2025, com visualização de células sanguíneas em microscópio. Ele alegou ter higienizado a lanceta de metal com água corrente, água destilada e álcool 70% entre cada uso. No entanto, a diretora da escola afirmou que o professor não tinha autorização da equipe pedagógica para essa aula prática e que a escola não possuía material descartável para tal procedimento, que requer autorização da equipe pedagógica e dos pais”, disse o titular da Delegacia de Polícia (DP) de Laranja da Terra, delegado Guilherme Eberhard Soares.
Durante as investigações, outras alunas que participaram da aula confirmaram que a mesma agulha foi utilizada em todos os estudantes, com higienização entre os usos, e que não houve pedido de autorização aos pais.
“A Coordenadora da Vigilância Epidemiológica informou que todos os alunos e o professor realizaram testes rápidos (sífilis, hepatite B, hepatite C e HIV) e sorologias complementares, com resultados negativos até o momento. No entanto, o inquérito ressalta que o crime de perigo concreto, tipificado no Artigo 132 do Código Penal, não exige a ocorrência de dano efetivo, mas sim a criação de uma situação de perigo. A utilização da mesma lanceta em múltiplos alunos, sem a devida esterilização, configura um risco real e iminente de contaminação”, disse o delegado Guilherme Eberhard Soares.
Ao fim da investigação, a autoridade policial concluiu que a existência e autoria do crime estão demonstradas, ressaltando que a conduta do professor criou uma situação de perigo concreto e iminente à saúde dos estudantes. O inquérito policial foi encaminhado ao Judiciário e ao Ministério Público, que decidirão se o homem irá a julgamento.
Caso seja condenado pelo crime, o professor pode cumprir pena de detenção, de três meses a um ano, se o fato não for considerado um crime mais grave.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários