Policiais presos por morte de jovem podem responder por 3 crimes
Além do homicídio, eles podem responder por falso testemunho, caso seja comprovado que mentiram, e por tentarem ocultar corpo
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Com a prisão em flagrante convertida em preventiva, os cinco policiais militares acusados de participação na morte do adolescente Carlos Eduardo Rebouças Barros, de 17 anos, em Pedro Canário, no Norte do Estado, poderão responder por três crimes.
No Boletim Unificado, consta que o cabo Thafny da Silva Fernandes teria atirado. Com ele, estavam outros três soldados: Samuel Barbosa da Silva Souza, Wanderson Gonçalves Coutinho e Talisson Santos Teixeira, além do cabo Leonardo Jordão da Silva.
Além do crime de homicídio, ocorrido na manhã de quarta-feira (1º), eles também responderão por falso testemunho caso fique comprovado que a versão apresentada pelos policiais no boletim é diferente das imagens captadas por uma câmera de videomonitoramento.
A auditoria da Polícia Militar apura ainda se os acusados tentaram arrastar o corpo do jovem, no intuito de ocultar o cadáver.
"Todas essas medidas, que não estão previstas em nossas técnicas militares, serão apuradas e, inclusive, poderão imputar a eles um crime penal militar. Ou seja, não vai ser só homicídio. Essa questão da ocorrência e o arrastamento daquele corpo também são um tipo penal que eles irão responder", disse o comandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Douglas Caus.
Segundo o comandante-geral da PM, os cinco acusados foram levados, ainda na manhã de quarta-feira, para serem ouvidos na sede do 13º Batalhão, em São Mateus, pela autoridade competente.
Lá, ao serem questionados sobre os fatos, permaneceram em silêncio. "Eles se reservaram ao direito de ficarem calados, na presença de seus advogados. É um direito constitucional que lhes assiste, mas o conjunto probatório dentre eles, o vídeo, a ocorrência e testemunhas, foram suficientes para que o oficial que está no 13º Batalhão se convencesse da prática delituosa", disse.
Os policiais foram levados para o Departamento Médico Legal (DML), na manhã de ontem, onde fizeram exame de corpo de delito.
À tarde, eles passaram por audiência de custódia e tiveram a prisão em flagrante convertida para preventiva. Os cinco policiais estão presos no Quartel Geral da Polícia Militar, em Maruípe, Vitória.
ENTENDA O CASO
A morte
- O adolescente Carlos Eduardo Rebouças Barros, de 17 anos, foi assassinado na quarta-feira em Pedro Canário. Uma câmera de segurança flagrou a execução.
- PMS que atenderam a ocorrência teriam informado que o jovem colocou as mãos na cintura “na tentativa de sacar uma arma de fogo”. Nesse momento, ele teria sido baleado e morreu. No entanto, o vídeo mostra que o rapaz não oferecia resistência à prisão e foi morto a tiros.
Presos
- Estão presos o cabo Thafny da Silva Fernandes, que seria o autor dos disparos, os soldados Samuel Barbosa da Silva Souza, Wanderson Gonçalves Coutinho e Talisson Santos Teixeira, além do cabo Leonardo Jordão da Silva.
- No site do Tribunal de Justiça do Estado, consta que o cabo Fernandes é reú em, pelo menos, um processo criminal. Ele, que alega legítima defesa, é acusado de participação na morte de um homem em 2018, no bairro Camata, em Pedro Canário.
- Segundo o Portal da Transparência, do governo do Estado, o cabo Leonardo Jordão da Silva está na ativa desde 25 de abril de 2011. O soldado Samuel Barbosa da Silva Souza entrou na PM em 24 de novembro de 2014.
- O cabo Thafny da Silva Fernandes está na Polícia Militar desde o dia 26 de junho de 2013. Já o soldado Tallisson Santos Teixeira está na ativa desde 19/03/2014. Na mesma data, o soldado Wanderson Gonçalves Coutinho iniciou carreira na PM.
Audiência de custódia
- A Polícia Militar informou que os policiais foram autuados em flagrante delito por indícios de crime militar sendo recolhidos ao Presídio Militar, estando presos à disposição da Auditoria da Justiça Militar Estadual.
- Ontem eles foram submetidos à audiência de custódia. A prisão em flagrante foi convertida em preventiva.
- Foi requisitada instauração de Inquérito Policial Militar para complementar diligências em 20 dias.
- Os policiais foram afastados das funções, não havendo previsão legal para cessar o pagamento de salários.
Fiscalização
- O Ministério Público Estadual diz que segue fiscalizando e acompanhando com rigor as apurações, para adoção das medidas cabíveis e previstas em lei, após investigações.
Fonte: Portal da Transparência, PM, PC e MPES.
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