Polícia desarticula quadrilha que ameaçava e expulsava moradores de Jardim Camburi
Traficantes destruíram câmeras e proibiram a realização de serviços públicos no condomínio Atlântica Ville
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A Polícia Civil desarticulou uma quadrilha acusada de ameaçar, extorquir e expulsar moradores do condomínio Atlântica Ville, em Jardim Camburi, em Vitória. A investigação, que teve início no ano de 2022, resultou em uma operação realizada no dia 21 de junho deste ano — quando foram cumpridos doze mandados de busca e apreensão no local.
Cerca de 50 policiais civis e militares participaram da operação. Na ocasião, nenhum suspeito foi detido e o trabalho contou com o apoio do Batalhão de Ações com Cães (BAC), além do helicóptero harpia do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer).
Segundo a corporação, no dia ação, policiais apreenderam o celular do suspeito apontado como chefe do tráfico da região. Além disso, também foram apreendidos veículos e dinheiro provenientes da atividade criminosa.
Crimes após operação
Logo após o término da operação, a quadrilha realizou uma série de represálias no local. No mesmo dia da ação, o grupo expulsou um morador do condomínio, acreditando se tratar de um informante da polícia. O homem, que não foi identificado, se mudou para outro estado após o episódio, por temer pela própria vida.
Em seguida, a organização criminosa impediu funcionários da prefeitura de Vitória de realizar um serviço de poda de árvores no local. Segundo a polícia, os servidores foram expulsos do condomínio.
Ainda na mesma data, os suspeitos também agrediram um usuário de drogas que devia cerca de R$ 120 reais para os traficantes. Ele teria sido retirado do seu apartamento, levado para uma área isolada do condomínio e espancado por dez minutos.
Já no dia seguinte ao cumprimento dos mandados, os criminosos encontraram a mãe do usuário de drogas que foi agredido. Eles, então, foram até a residência da mulher — onde a agrediram com um tapa no rosto e roubaram uma televisão como forma de pagar a dívida do filho dela. Eles teriam, ainda, destruído uma câmera de segurança do residencial, para que a polícia não tivesse acesso as imagens dos crimes.
Diante dos fatos, a polícia inseriu os crimes no inquérito do caso e solicitou a prisão preventiva de quatro envolvidos.
Prisões
Foram presos quatro suspeitos de integrar a quadrilha e cometer crimes na região. A polícia, agora, trabalha para identificar mais suspeitos — mas afirma que o tráfico no local foi extinto. "Esses traficantes estavam impondo quem poderia morar no condomínio, que serviço publico poderia ser realizado naquele local, ameaçando moradores", afirmou o delegado Fabiano Rosa, titular do 5º Distrito Policial de Vitória.
Foram presos, até o momento:
Matheus da Silva Coutinho, de 29 anos - apontado como chefe do tráfico no condomínio Atlântica Ville. Possui nove passagens pela polícia e já foi vítima de uma tentativa de homicídio, quando foi atingido por doze tiros e sobreviveu. Ele, que é ligado aos traficantes do Complexo da Penha, foi preso temporariamente no dia 20 de setembro e teve a sua prisão convertida em preventiva.
Agnaldo Cruz dos Santos, de 44 anos - foi preso na última terça-feira (22) no município de Guarapari. Segundo a polícia, ele não possuía passagens por crimes anteriores e era dono de uma banca de verduras no condomínio. Agnaldo utilizava o serviço para guardar o dinheiro do tráfico. Na casa dele, policiais encontraram R$ 9 mil em espécie, provenientes da atividade criminosa.
matheus foi preso no dia 20/09 prisao temporaria e depois foi pedida a prisão preventiva de todos os integrantes do grupo. arthur e willen foram presos na ultima sexta-feira (18) a noite, mateus ja estava presa e foi convertida.]
Willen Damasio Pereira, de 18 anos - foi preso na noite da última sexta-feira (18). De acordo com a investigação, era a pessoa mais agressiva do grupo e responsável pela segurança do chefe do tráfico, Matheus. Possui duas passagens por tráfico de drogas.
Arthur Martins Santos Rangel, de 18 anos - também foi preso no dia 18 deste mês. Participava diretamente da venda de entorpecentes e possui seis registros policias por tráfico de drogas.
Dos presos, apenas Willen e Arthur não eram moradores do condomínio Atlântica Ville. A polícia acredita que o grupo é, possivelmente, ligado ao Primeiro Comando de Vitória (PCV), pois o chefe do tráfico se escondeu no Morro do São Benedito, área controlada pela facção, por acreditar que seria preso a qualquer momento.
A Polícia Civil informou ainda que, após a operação realizada em junho, o grupo migrou as atividades criminosas para o Atlântica Parque, também em Jardim Camburi.
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