O que se sabe sobre golpista do amor que causou prejuízo de R$ 5,7 milhões no ES
Com apenas uma das vítimas, com que teve relacionamento por dois anos, o acusado causou a perda de mais de R$ 4 milhões
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Com mentiras bem ensaiadas, boa lábia e charme, um jovem de 26 anos conquistava mulheres, ganhava sua confiança e, aos poucos, fazia dívidas em seus nomes e tomava bens — carros, imóveis e até empresa.
Preso em São Paulo, no dia 23 de julho, Gustavo Peixoto Cordeiro fez pelo menos cinco vítimas no Espírito Santo, duas delas por estelionato sentimental e três por outros tipos de golpes. Os prejuízos somam R$ 5,7 milhões.
O titular da Delegacia de Defraudações (Defa), delegado Fabiano Alves, revelou que as investigações tiveram início em abril, quando duas mulheres procuraram a delegacia para relatar que tinham sido enganadas pelo jovem.
“Uma das vítimas, uma jovem, contou que manteve um relacionamento com Gustavo durante sete meses. Nesse período, ele usou diversos artifícios para conseguir financiar três veículos no nome dela. Quando ele viu que ela estava desconfiada, vendeu o carro da vítima e desapareceu. O prejuízo foi de cerca de R$ 200 mil”.
Para outra vítima, uma empresária do ramo imobiliário de cerca de 40 anos, o valor foi ainda maior, chegando a R$ 4 milhões.
“Ela manteve um relacionamento com esse rapaz durante dois anos e meio, entre 2022 e o final de 2024. No período, ele conseguiu vender dois apartamentos e um veículo. Também pegou um veículo que já era dela, refinanciou e ficou com os valores. Ainda assumiu o controle da empresa dela para poder aplicar mais golpes”.
Segundo o delegado, ele vendeu imóveis que foram colocados à venda na imobiliária e não repassou o dinheiro para os donos antigos, fazendo mais duas vítimas.
A quinta vítima, segundo o delegado, foi um amigo de Gustavo. “Ele soube que o amigo estava interessado em comprar um carro. Então foi até uma locadora de veículos, alugou o veículo e vendeu para esse amigo, teoricamente”.
Ao perceber que as vítimas foram até a delegacia, Gustavo saiu do Estado e foi para São Paulo.
Após ter o mandado de prisão expedido, a Polícia Civil localizou onde ele estava e contou com a ajuda da polícia paulista para a prisão.
Até o momento, das cinco vítimas, dois inquéritos foram concluídos, com autuação do golpista por sete crimes de estelionato. “Com a conclusão dos outros inquéritos, se condenado, ele pode pegar uma pena de até 35 anos de prisão”.

Jovem levava vida de luxo e se passava por empresário
Jantares em restaurantes chiques, fins de semana nas montanhas, troca constante de veículos. Acusado de ter praticado diversos crimes de estelionato, Gustavo Peixoto Cordeiro, de 26 anos, ostentava uma vida de luxo e dizia ser empresário.
O titular da Delegacia de Defraudações (Defa), delegado Fabiano Alves, revelou que Gustavo usava o dinheiro e bens das vítimas para ostentar uma vida boa.
“Ao sair com a jovem com quem ele iniciou o relacionamento de sete meses no ano passado, ele usava os veículos da empresária, que era a outra vítima. Ela conta que ele estava sempre com um carro de luxo diferente, também a levava para restaurantes caros. Em um determinado momento, ele chegou a levar a jovem para o apartamento da empresária, mostrando como se fosse seu”.
Ao ser preso, em São Paulo, o delegado revelou que Gustavo estava com documentos de vítimas do Espírito Santo, além de mais de R$ 1 milhão em cheques de terceiros e possivelmente outras vítimas dele. “Vamos continuar as investigações para identificar em que eram empregados esses valores”.
O delegado ainda fez um alerta para mulheres que estão iniciando um relacionamento.
“É necessário ter cautela e ficar atenta para situações em que, no início, a pessoa começa a pedir favores econômicos, como dinheiro ou contas para realizar depósitos”, destacou.
Entenda como os golpes eram aplicados
Empresário bem sucedido
Segundo as investigações da Polícia Civil, Gustavo Peixoto Cordeiro, de 26 anos, se passava por empresário de sucesso e ostentava uma vida de luxo.
Ao conhecer, em 2022, a primeira vítima, uma empresária dona de uma imobiliária, ele revelou na época que também já tinha atuado como corretor de imóveis.
Segundo a polícia, essa era uma forma dele demonstrar que conhecia o ramo, para posteriormente assumir o controle da empresa.
Além de ter vendido apartamentos da vítima e um carro, a polícia afirma que ele refinanciou um outro veículo da mulher, ficando com o dinheiro.
Venda de imóveis da imobiliária
Segundo a polícia, na imobiliária da vítima, ele concluiu a venda de dois imóveis que estavam para serem vendidos.
No entanto, os valores recebidos pelas vendas nunca foram repassados aos donos. As duas vítimas desse golpe também registraram ocorrência.
Financiamento de veículos
No ano passado, enquanto ainda estava com a empresária, a polícia aponta que Gustavo também iniciou um relacionamento com outra jovem, com quem ficou sete meses.
Nesse período, ele financiou três veículos em nome dela, sem que soubesse. Ainda vendeu o carro que ela usava e fugiu.
Amigo foi vítima
Uma outra vítima era um amigo de Gustavo, que estava buscando um veículo para comprar.
Gustavo foi até uma locadora de veículos, alugou um veículo e vendeu pra esse amigo como se fosse dele.
Ele conseguiu convencer o amigo a fazer um escaneamento do rosto para passar esse suposto carro para o nome dele, quando, na verdade, ele estava financiando um outro veículo no nome desse amigo.
Reconhecimento facial
Para conseguir concluir as transações bancárias e contratos, a polícia revelou que o acusado criava histórias para que as vítimas fizessem reconhecimento facial, de forma que ele podia acessar contas e até o aplicativo do governo federal.
Em um dos casos, ele disse que a vítima precisava fazer o reconhecimento facial, já que ele precisava receber um valor de seguro, mas não poderia ser por sua conta.
As vítimas só descobriram as fraudes em seus nomes quando começaram a receber cobranças de financiamentos ou vendas que foram feitas por ele.

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