“Nada vai trazer a minha filha de volta”, diz mãe de Íris Rocha após julgamento
Para ela, nenhuma decisão consegue reparar o que aconteceu; ex-companheiro da vítima foi condenado a 37 anos de prisão
A aposentada Márcia Rocha, mãe da enfermeira Íris Rocha de Souza, conversou com A Tribuna nessa segunda-feira (01), após a condenação de Cleilton Santana dos Santos.
Ela afirmou acreditar que a Justiça foi feita, embora considere a pena menor do que esperava. “A sentença é muito curta, muito pouco. Nada vai trazer minha filha de volta, mas eu esperava mais”.
E completa, referindo-se ao pedido de aumento de pena: “Queremos o máximo que puder, porque sabemos que esses 37 anos não serão cumpridos totalmente em regime fechado”.
Márcia diz que o sofrimento de mãe permanece. “A dor que dilacera o coração continua, mas hoje fico um pouco mais em paz porque a Justiça dos homens fez o que era possível. Encerra-se um ciclo marcado por uma brutalidade tremenda”.
E completa: “Este ano, finalmente, vou conseguir, na medida do possível, sentir um pouco da alegria do Natal. Meu neto, filho da minha outra filha, tem me dado força e momentos de felicidade nos dias mais tristes”.
Para ela, nenhuma decisão consegue reparar o que aconteceu. “Eu respeito a sentença, mas nenhuma pena consegue medir o que tiraram da minha filha”.
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ENTENDA O CASO
Crime
A enfermeira Íris Rocha de Souza, 30 anos, foi morta a tiros em Alfredo Chaves, região Serrana do Estado, no dia 11 de janeiro de 2024.
O corpo foi encontrado pela polícia às margens de uma estrada rural coberto com cal.
Íris estava grávida de 8 meses de uma menina que se chamaria Rebeca.
Ela tinha outro filho de 8 anos e morava em Jacaraípe, na Serra.
Investigação
Segundo a delegada titular da Delegacia de Alfredo Chaves, Maria da Glória Pessotti, o corpo foi deixado a cerca de 1 metro abaixo da estrada de chão.
A polícia diz que a intenção de Cleilton Santana dos Santos, de 27 anos, ex-namorado da vítima, era de que o corpo rolasse morro abaixo.
As cápsulas encontradas no local do crime têm o mesmo número de série das munições que foram encontradas no cofre, na casa de Cleilton.
Imagens
Câmeras registraram suspeito e vítima de mãos dadas, na pracinha de Domingos Martins, na noite do crime.
Prisão
Cleilton foi preso sete dias após o crime. Segundo as investigações, o motivo seria a desconfiança dele quanto à paternidade da menina.
Exames de DNA, no entanto, confirmaram que ele era o pai.
Julgamento
A decisão é do Tribunal do Júri realizado nessa segunda, no Fórum Desembargador Madeira de Freitas, em Alfredo Chaves. O júri foi composto por quatro mulheres e três homens. A sentença é do juiz Arion Mergar, da Vara Única de Anchieta, responsável pelo processo.
Conforme denúncia feita pelo Ministério Público, o réu foi declarado culpado de assassinar e ocultar o cadáver da enfermeira Íris Rocha.
O Ministério Público (MPES) reforça que o julgamento, ao responsabilizar o agressor e combater a violência de gênero, é mais um passo em defesa da vida, da proteção das mulheres e da promoção da justiça.
O MPES ressaltou que “o feminicídio é uma prática intolerável em uma sociedade que busca garantir dignidade e igualdade a todos e, portanto, a pena para crimes dessa natureza deve refletir tal gravidade”.
Penas
Cleilton Santana dos Santos foi condenado a 37 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, feminicídio, aborto sem consentimento da gestante, ocultação de cadáver e concurso material.
Cumprimento
O réu cumprirá a sentença em regime inicialmente fechado.
Recursos
O MPES apresentou apelação em plenário por não concordar com a dosimetria da pena.
A defesa de Cleilton informou que a sentença foi justa dentro do patamar esperado e que vai recorrer, diante da decisão do MPES.
A defesa revelou que vai pedir aumento da pena para 50 anos.
Fonte: Especialistas, delegada Maria da Glória Pessotti, MPES e pesquisa/AT.
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