Irmãos acusados do mesmo crime recebem sentenças diferentes em Fórum de Fundão
Os dois acusados se relacionaram com a vítima, com quem ambos tiveram filhos
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Dois irmãos acusados pelo mesmo crime – a morte de Aline Farias Zucolotto, assassinada a tiros em janeiro de 2020 – receberam sentenças diferentes ao serem julgados no dia 25 de junho, no Fórum de Fundão. Marcio Gleide Neres dos Santos foi condenado a 23 anos e 8 meses de prisão, enquanto que Jemirson Neres dos Santos foi absolvido pelo crime.
Os dois se uniram para matar Aline, com quem ambos tiveram um relacionamento, e também são acusados de tentativa de homicídio contra o então companheiro dela na época, Diego Borges de Oliveira, que também foi atingido pelos disparos, mas sobreviveu.
Na ocasião, Aline e Diego estavam em frente à casa da irmã da vítima, de madrugada. O casal estava hospedado no local por causa de uma festividade na cidade de Fundão. Aline e Diego foram abordados pelos dois irmãos, que dispararam diversos tiros. Diego chegou a tentar proteger Aline dos disparos, sendo também atingido. Ela morreu e ele sobreviveu ao crime.
BRIGAS POR GUARDA E PENSÃO
Marcio havia tido um relacionamento com Aline, com quem teve um filho. Após a separação, ela manteve um relacionamento com Jemirson, com quem também teve um filho. A guarda e o pagamento de pensão das crianças seria a motivação para os irmãos planejarem matar a mulher.
Aline e Marcio brigavam, inclusive judicialmente, pelo pagamento de pensão do filho de ambos. Ele chegou a ficar preso por quase três meses, em data próxima ao crime, pelo não pagamento da obrigação alimentícia. Já Jemirson brigava com Aline por querer a guarda unilateral da filha que teve com a vítima.
Apesar de praticarem o crime juntos, a sentença foi diferente para cada um deles, da mesma forma que as motivações do crime.
A sentença, assinada pelo juiz Luciano Antonio Fiorot, acabou por absolver Jemirson da prática de homicídio contra Aline. Ele recebeu condenação pela tentativa de homicídio contra Diego, sendo condenado a 4 anos, 4 meses e 19 dias. Porém, como estava preso desde fevereiro de 2020, já havia cumprido o período de reclusão quase que em sua totalidade, sendo solto para cumprir os três meses restantes em regime aberto.
Marcio, no entanto, foi condenado pelo crime, tratado como Feminicídio, já que a Justiça considerou "que o delito fora praticado para se vingar da vítima por ter ficado preso pelo inadimplemento de obrigação alimentar motivado por divergência judicial envolvendo filho comum bem como valendo-se de menosprezo pela vítima por razões de sua condição de pessoa do sexo feminino no âmbito de conflitos familiares", diz a sentença.
Ele foi condenado também pela tentativa de homicídio contra Diego. Juntas, as penas somam 23 anos e 8 meses de prisão. Marcio, no entanto, encontra-se foragido.
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