Homem que agrediu PM em Vila Velha alegou legítima defesa; polícia descarta versão
Vítima segue hospitalizada em estado grave após ser atingida na cabeça por uma barra de ferro e concreto
A Polícia Civil deu mais detalhes sobre a prisão de Kennedy Thaumaturgo Rocha Júnior, suspeito de agredir com uma barra de ferro e concreto o cabo da Polícia Militar Mariusom Marianelli durante uma confusão em um posto de gasolina em Coqueiral de Itaparica, na cidade de Vila Velha, na última sexta-feira (26).
Em uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (29), a corporação informou que a vítima segue hospitalizada em estado grave e que, em depoimento, o suspeito alegou legítima defesa. A versão, no entanto, é descartada pelos investigadores. Veja o que já se sabe sobre o caso:
Identificação e prisão do suspeito
De acordo com a Polícia Civil, Kennedy foi identificado como o autor da agressão através de imagens de uma câmera de videomonitoramento do estabelecimento onde a confusão ocorreu. A partir da identificação, a polícia iniciou buscas pelo suspeito e solicitou um pedido de prisão preventiva, que foi aceito pela Justiça.
A prisão ocorreu neste domingo (28), após o suspeito se entregar na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória, acompanhado de seu advogado. De acordo com a polícia, ele havia se escondido no interior do Estado e decidiu se entregar após tomar conhecido do mandado de prisão e ver a repercussão do caso.
"Por mais que ele tenha fugido do flagrante, que foi a intenção dele, a equipe continuou com com serviço de inteligência e conseguiu verificar que ele estava no interior, passou por alguns locais. E certamente a gente iria chegar para ele, é, seria questão de pouco tempo. Mas como ele tomou conhecimento que havia um mandado de prisão decretado, ele decidiu entrar em contato com a Polícia Civil por meio do advogado e decidiu se entregar. Ele sabia que ele iria ser preso a qualquer momento, que a gente já estava conseguindo monitorar ele", explicou a delegadado Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP), Gabriela Enne.
Ainda segundo a investigadora, no momento do crime, o suspeito não sabia que a vítima era um policial militar. "Sabendo da proporção que tomou o caso, descobrindo que a vítima era um policial militar, ele [suspeito] começou a temer pela vida dele, começou a a a ter medo de ser preso, inclusive. Então ele decidiu ir para o interior. Ele não foi preso em flagrante, mas por força do mandado de prisão", completou.
Suspeito alegou legítima defesa
Após se entregar, Kennedy foi interrogado por cerca de uma hora. Durante o depoimento, o suspeito alegou que agiu em legítima defesa após o policial supostamente ter pedido que a esposa pegasse uma arma. De acordo com a polícia, no entanto, a versão não se sustenta diante das provas obtidas até o momento.
"Ele alega que em um momento a vítima disse 'pega a arma, me passa a arma'. Só que no áudio e através das testemunhas, isso não procede. Ele tenta alegar uma certa legítima defesa que não condiz, mesmo após ele mesmo levar imagens e áudios que não condizem com o fato", afirmou a delegada.
A polícia não trabalha, até o momento, com a responsabilização de outras pessoas que se envolveram na confusão. "É bem nítido que a agressão é feita entre o suspeito contra a vítima, não tem nenhuma pessoa, nenhum terceiro envolvido na agressão realmente que leva a vítima ao hospital, não tem. Só os dois. Na imagem é bem claro isso", explicou o subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, delegado Jordano Leite.
Investigações continuam
A Polícia Civil destacou que o suspeito não foi preso em flagrante, mas sim em cumprimento a um mandado de prisão preventiva. Agora, os agentes seguem a investigação para que o caso seja apresentado para a Justiça e que ele responda pelo crime de tentativa de homicídio.
"Foi cumprido mandado de prisão dele por tentativa de homicídio e a gente está terminando as investigações, que demanda outras diligências, para na semana que vem remeter o inquérito à Justiça já com com o indiciamento", concluiu o subsecretário.
Entenda o caso
O cabo da Polícia Militar Mariusom Marianelli Jacintho está hospitalizado em estado grave após ser agredido na cabeça com uma barra de ferro e concreto durante uma confusão em um posto de combustíveis no bairro Coqueiral de Itaparica, em Vila Velha, no final da tarde de sexta-feira (26).
De acordo com informações da Polícia Militar, o cabo atua na corporação há onze anos. Testemunhas relataram que o agente estaria voltando da praia e teria parado no posto de combustíveis para urinar, quando dois indivíduos teriam iniciado a confusão.
Uma câmera de videomonitoramento do estabelecimento registrou o caso. Nas imagens, é possível ver o cabo discutindo com dois homens ao lado de um carro preto quando um dos suspeitos pega um objeto e atinge o militar, que tenta se defender. Na sequência, o homem desfere outro golpe, que atinge a cabeça da vítima, que cai no chão. Nesse momento, outras pessoas entram na confusão, até que uma mulher que estava dentro do carro do policial desce armada e faz com que os envolvidos fujam. Assista:
Ainda segundo a Polícia Militar, o cabo foi socorrido em estado gravíssimo para o Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha. Até o momento, não há novas informações sobre o seu estado de saúde.
De acordo com informações da TV Tribuna/Band, um segundo homem envolvido, que foi flagrado no vídeo correndo e dando um chute na vítima, foi identificado como o filho do agressor. Ele foi localizado em casa, levado à delegacia, ouvido como testemunha e liberado.
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