Golpes digitais dão prejuízo a 2 mil consumidores todo dia no ES
Pesquisa aponta que, nos últimos 12 meses, 24% da população do País sofreu perdas com fraudes on-line, como invasão de contas e clonagem de cartão
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Os golpes digitais dão prejuízo aos consumidores diariamente. No Estado, são cerca de 2 mil casos, tendo sido cerca de 800 mil nos últimos 12 meses, que incluem clonagem de cartão, fraudes na internet, como o phishing, e invasão de contas bancárias.
Segundo pesquisa da DataSenado, em todo o País, mais de 40,85 milhões de pessoas perderam dinheiro em função de algum crime cibernético em 12 meses. O Espírito Santo é o quinto estado do Brasil com mais registros de crimes digitais, e 26% dos capixabas já foram vítimas de golpes financeiros digitais, detalhou o estudo.
O especialista e consultor em tecnologia da informação Eduardo Pinheiro destacou que os cerca de 800 mil casos são um número significativo. Disse ainda que quanto mais informação sobre a tática dos golpistas, menor a chance de consumidores serem vítimas.
“Normalmente, 75% dos casos são apenas tentativas em que os golpistas não obtêm sucesso, mas esse é um dado que chama muito a atenção”, destacou Pinheiro.
O coordenador da pesquisa e analista do DataSenado, José Henrique Varanda, disse que o levantamento permite compreender a dimensão dos crimes cibernéticos e pode servir para a elaboração de propostas para combater esses golpes.
“Outro destaque é a representatividade da pesquisa ao trazer dados locais. As estimativas por unidade da Federação são importantes para a representação parlamentar do Senado”, afirmou.
No ranking, o Espírito Santo divide a quinta colocação com o Rio Grande do Sul e fica atrás apenas dos estados de São Paulo (30%), Mato Grosso (28%), Roraima e Distrito Federal (27%).
Os números da pesquisa ainda mostram que, entre as vítimas no Estado, 47% das pessoas recebem até dois salários mínimos, 31% de dois a seis salários e 10% recebem mais de seis salários mínimos, reforçando que pessoas de variadas classes sociais são alvos em potencial.
“Algumas das vítimas são pessoas mais idosas, pessoas com limitações com a tecnologia. São casos, por exemplo, daqueles sentimentais, em que a vítima acaba transferindo valores para o golpista”, explicou Pinheiro.
A maioria dos alvos é de empregados. Duas em cada três vítimas têm emprego, enquanto 29% estão fora da força de trabalho e 5% estão desocupados, mostraram os dados nacionais do levantamento.
A Polícia Civil foi procurada para falar do assunto, mas não se manifestou até o fechamento da edição.
Vendas de celulares se tornam fraude milionária
Os consumidores tiveram um prejuízo superior a R$ 1 milhão, com golpes aplicados na compra e venda de celulares usados no ambiente digital no primeiro semestre deste ano, mostrou uma pesquisa de mercado. No País, o prejuízo é estimado em R$ 58,3 milhões.
O levantamento analisou dados do mercado digital brasileiro, incluindo sites, aplicativos e contas digitais, comparando os períodos entre janeiro e junho de 2023 ao mesmos meses deste ano, em uma base de cerca de 20 milhões de contas abertas em plataformas on-line.
Os aparelhos celulares são um dos alvos preferidos de fraudadores pela facilidade de revenda, sendo os modelos de iPhone os mais visados, correspondendo a 80% dos golpes no período, seguidos pelos da Samsung, com 11%, segundo a pesquisa.
Entre os principais golpes nessa situação, estão o falso comprovante de pagamento, anúncios falsos e invasão de conta, em que há acesso a conta de terceiros.
Bancos fecham acordo
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que assinou um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o Ministério da Justiça e Segurança Pública com intuito de combater fraudes, golpes e crimes cibernéticos.
“O acordo possibilitará o intercâmbio de conhecimentos, tecnologias, metodologias, capacitação de pessoas e colaboração mútua para o desenvolvimento de projetos e atividades de interesse comum. Assim, o Ministério e os bancos irão trocar informações para viabilizar ações rápidas e eficientes no combate a fraudes, golpes e crimes cibernéticos”.
O Banco Central (BC) informou que segue fomentando e as instituições autorizadas trabalham para implementar mecanismos adicionais de segurança aos produtos e serviços financeiros oferecidos à população, que dificultem e reduzam o incentivo ao cometimento de golpes e fraudes.
“Além disso, outras normas do BC foram feitas para que houvesse mais procedimentos e controles para prevenção de fraudes em casos específicos, como no serviço de pagamentos, a exemplo do Pix. Em 2023, foram criadas resoluções para que as instituições pudessem compartilhar entre si as informações sobre indícios de ocorrência ou de tentativa de fraudes”, informou o BC.
SAIBA MAIS
A pesquisa
> São mais de 40,85 milhões de pessoas que perderam dinheiro em função de algum crime cibernético, como clonagem de cartão, fraude na internet ou invasão de contas bancárias. Os golpes digitais vitimaram 24% dos brasileiros com mais de 16 anos nos últimos 12 meses.
> No Estado, são cerca de 800 mil casos, levando em consideração a proporção de população e economia. Ou seja, são cerca de 2 mil casos diários no período.
Alguns golpes digitais
> Golpe de comércio eletrônico: o golpista atrai a vítima com uma oferta imperdível, mas não entrega a mercadoria ou não devolve o pagamento.
> Falsa restituição do imposto de renda: o golpista envia um e-mail com um link falso para instalar um malware no computador ou celular da vítima.
> Falso pagamento: o golpista envia um comprovante de pagamento adulterado ou agenda um pagamento e depois cancela o agendamento.
> Invasão de contas bancárias: ocorre quando um criminoso cibernético consegue roubar os dados bancários digitais de uma pessoa ou empresa, obtendo acesso às contas bancárias.
> Golpe do Pix: existem vários tipos de golpes envolvendo o Pix, como a clonagem de WhatsApp, o Pix falso, o golpe do Pix errado, o robô do Pix e a falsa central de atendimento.
> Clonagem de cartão: é possível quando as informações de um cartão de crédito são roubadas e usadas por terceiros.
> Phishing: é um tipo de ataque cibernético que usa e-mails, mensagens de texto, telefonemas ou sites fraudulentos para enganar as pessoas a compartilhar dados confidenciais, baixar malware ou se expor a crimes cibernéticos de outras formas.
Como se proteger dos golpistas?
> Não compartilhar informações pessoais, como CPF, número de celular, endereço de e-mail e dados bancários.
> Desconfiar de links enviados para preencher vagas de emprego que não sejam em páginas oficiais.
> Usar métodos de pagamento seguros que você já conhece.
> Ativar a autenticação em duas etapas, também conhecida como autenticação de dois fatores.
> Se for vítima dos golpistas deve registrar um boletim de ocorrência na delegacia ou na delegacia eletrônica; informar ao banco, pedindo o bloqueio da conta, fornecendo os dados do boletim de ocorrência e anote o nome do atendente, data, horário e número de protocolo; troque as senhas de e-mail, redes sociais, contas bancárias e de qualquer outro site ou serviço; e avise parentes e amigos.
> Além disso, faça reclamação no Banco Central. O banco para onde os recursos foram transferidos será notificado e fará o monitoramento.
Fonte: Agência Senado, Eduardo Pinheiro, Febraban e Banco Central.
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