Filho de mulher encontrada morta em valão foi deixado sozinho na noite do crime
Menino, de 5 anos de idade, possui transtorno do espectro autista e foi entregue pelo suspeito à familiares
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O filho de Maria Francisca de Souza, encontrada morta em um valão no bairro Boa Sorte, em Cariacica, no último sábado (05), foi deixado sozinho na residência do suspeito na noite do crime. A informação foi divulgada pela Polícia Civil em uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira (10).
De acordo com a chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), delegada Raffaella Aguiar, o casal teria deixado a criança, um menino de 5 anos diagnosticado com transtorno do espectro autista, sozinho na residência para usarem entorpecentes na rua.
Após a queda da mulher no valão, na madrugada do sábado, o suspeito retornou para o imóvel, onde trocou de roupa e voltou ao valão, deixando a criança sem supervisão mais uma vez.
Quando retornou novamente para a casa, o suspeito levou a criança até um estabelecimento comercial da família da mulher. No local, ele afirmou que a vítima, mãe da criança, estava desaparecida — e que ele não poderia cuidar do menino porque iria trabalhar.
Relembre o caso
O companheiro de Maria Francisca de Souza, que foi encontrada morta em um valão no bairro Boa Sorte, em Cariacica, no último sábado (05), foi preso pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), no final da tarde desta quarta-feira (09).
Maxsuel Gonçalves Pereira, de 38 anos, foi detido em Itacibá, também em Cariacica, através de um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O suspeito havia se apresentado à polícia na última terça-feira, mas foi liberado após prestar depoimento. Segundo a Polícia Civil, não havia mandado de prisão contra ele, e o prazo para o flagrante já havia expirado.
Imagens de câmeras de videomonitoramento obtidas pela polícia registraram a mulher e o suspeito discutindo sobre uma ponte. Em determinado momento, o homem a puxa e a leva para a parte de trás de uma área de mata, local onde fica o valão em que o corpo da vítima foi encontrado com sinais de estrangulamento.
De acordo com a chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), delegada Raffaella Aguiar, o suspeito procurou a polícia na terça-feira (08) para dar a sua versão dos fatos, afirmando que a queda da mulher no valão foi acidental.
"Ele veio até a delegacia com o intuito de tentar desvirtuar a nossa investigação e falar que foi um acidente. Só que já estávamos na posse das imagens e víamos que toda a narrativa dele quanto aos fatos não procedia. Era uma narrativa muito pífia, e não batia com o que a gente podia observar nem com os depoimentos que a gente já tinha colhido", explicou a investigadora.
Segundo a delegada, o suspeito relatou que ele e a vítima estavam utilizando entorpecentes na rua no momento do crime. Eles teriam discutido por conta da posse da droga. "Em dado momento, a vítima ficou mais agressiva, ele tentou contê-la e a abraçou por trás, na direção do tórax — e foi quando ele caiu, se acidentou, com ela lá dentro do valão. Ele narra que a vítima tinha caído de frente para o valão e com o rosto submerso. Foi a hora que eu indaguei para ele 'mas, e aí? você tentou ajudá-la?' e ele disse 'não, eu não quis colocar a mão nela'".
A versão, no entanto, foi descartada pela polícia, que ainda aguarda laudos cadavéricos e de perícia para indicar a causa exata da morte da vítima. No entanto, para a delegada, a narrativa do suspeito demonstra frieza e também que houve dolo na ação.
O suspeito foi preso na casa de familiares, não apresentou resistência e manteve a sua versão.
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