Dono de clínica acusado de abusar de mulheres em tratamento de beleza

Massoterapeuta, que foi preso em Minas Gerais, teria abusado de seis mulheres durante atendimentos em São Mateus. |  Foto: Divulgação

Seis vítimas que não se conhecem e relatos semelhantes de abusos sexuais durante sessões de massagem e drenagem linfática. Foi isso que levou a Polícia Civil a prender um massoterapeuta  dono de uma clínica de estética de São Mateus. 

O acusado, de 38 anos, foi preso no último sábado  em Governador Valadares, Minas Gerais, para onde tinha fugido há  um mês.

A titular da  Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de São Mateus, delegada Gabriella Zaché dos Santos, revelou que as investigações foram iniciadas no final do ano passado, quando uma vítima procurou a delegacia para registrar uma ocorrência contra o massoterapeuta.

“Durante as diligências encontramos outras cinco vítimas, sendo uma de 17 anos.  Elas não se conhecem, mas apresentaram relatos semelhantes de que,  durante as massagens e drenagens, o massoterapeuta  manuseava suas  partes íntimas. Também há relatos de que ele passava as partes íntimas dele nelas durante os abusos”.

delegada Gabriella Zaché dos Santos revelou que as investigações foram iniciadas no final do ano passado. |  Foto: Kadidja Fernandes

Zaché contou, ainda, que durante as duas vezes que esteve na delegacia, o dono da clínica negou os atos. A mulher dele, que também  atuava  no local, foi ouvida.

“Ela disse que acompanhava o marido em todas as sessões dentro da sala, o que foi negado pelas vítimas. Ela  está sendo investigada”.

Diante dos fatos, a delegada afirmou que foi pedida a prisão do dono da clínica. “O mandado de prisão preventiva   pelos crimes de  importunação sexual, coação no curso do processo e estupro  foi cumprido no último sábado, com apoio da Polícia Militar de Minas Gerais.”

Ela acrescentou que o acusado também está sendo investigado pelo crime de estelionato, já que fechou a clínica sem ressarcir vários pacientes que tinham comprado pacotes de tratamentos.

De acordo com a delegada, a clínica funcionava há cerca de um ano em São Mateus, mas antes disso ele já atuava em Pinheiros, onde as investigações apontam que o massoterapeuta também teria cometido esse tipo de crime. 

Agora, a polícia também quer saber se ele realmente era massoterapeuta, já que alegou ter feito o curso no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Até o momento, no entanto, a delegada contou que a instituição não tinha localizado o suspeito como aluno.

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Bem articulado e contando uma história de vida cheia de dificuldades, o dono da clínica e massoterapeuta, acusado de abusar de pelo menos seis mulheres em São Mateus, deu entrevista no ano passado para um  podcast da região.

Segundo ele, já atuou em uma banda de pagode, como gari, vigilante e recepcionista  de hospital, além de diretor de uma unidade de saúde de Pinheiros, onde morou.

Ele também conta que decidiu ser massoterapeuta para ajudar pessoas que sofrem com dores, como ele sofria, mas acabou indo para a área da estética. Durante mais de uma hora, ele falou sobre o mercado da estética e de sua vida. 

Na cidade de São Mateus, desde janeiro a informação dos abusos eram compartilhadas por mulheres.  Uma delas contou que  ele já teria praticado os crimes desde que atuava em Pinheiros, onde morava desde a infância.

A defesa do dono da clínica  foi procurada pela reportagem, mas não foi encontrada até o fechamento da edição. Os perfis das redes sociais do massoterapeuta e da clínica em que atuava não estão mais disponíveis. O nome do acusado está sendo preservado, já que não foi   divulgado pela Polícia Civil.

Preferência por jovens

Entre as seis vítimas que teriam sido abusadas pelo dono de uma clínica de São Mateus, um perfil em comum: todas eram jovens, entre 17 e 20 anos, e magras. 

A titular da  Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de São Mateus, delegada Gabriella Zaché dos Santos, afirmou que o porte físico e a idade  eram levados em consideração. 

“Ele é um homem grande, então, quando praticava os abusos, as vítimas ficavam sem reação”. 

Segundo a delegada, uma das vítimas, de 18 anos,  chegou a inicialmente negar durante depoimento na delegacia os abusos. 

“Após o dono da clínica ter fugido, ela deu novo  depoimento. Disse que sofria ameaças dele,  que havia orientado que ela desse o primeiro depoimento negando o abuso. Ele dizia que contaria à sua família que ela tinha dado abertura para ele praticar os atos.”

Segundo a delegada, ele era envolvente e manipulava as jovens. “Por terem pouca idade, acabavam ficando com medo”.

Início das investigações

As investigações tiveram início no final do ano passado, quando uma vítima   buscou a Polícia Civil para denunciar um massoterapeuta  dono  de uma clínica de estética do centro de São Mateus por crimes de abuso. 

Durante as investigações, outras cinco vítimas foram identificadas. Todas jovens, com idades entre 17 e 20 anos. 

Abusos

Segundo o relato das vítimas, que apesar de não se conhecerem, deram versões semelhantes da forma que o acusado teria agido,  o dono da clínica passava as mãos em suas partes íntimas, além de outras formas de abuso. 

Entre os relatos, também está o de que ele passava suas partes íntimas nelas durante as sessões. 

Suspeito

O massoterapeuta, de 38 anos, foi ouvido por duas vezes na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de São Mateus, mas negou os fatos. Disse que realizava procedimentos normalmente, como de massagem e drenagem linfática.

 A mulher dele, que atuava como esteticista na clínica fazendo outros tipos de procedimentos, também negou. Disse, durante depoimento,  que permanecia na sala enquanto o marido fazia massagens, o que foi negado pelas vítimas.

Ameaça

Segundo a Polícia Civil, há cerca de um mês, o massoterapeuta deixou a cidade de São Mateus.

Depois disso, uma jovem de 18 anos foi até a delegacia mudar o depoimento que tinha dado anteriormente, negando os abusos. Segundo ela, estava sendo ameaçada pelo dono da clínica.

Prisão

O mandado de prisão preventiva pelos crimes de  importunação sexual, coação no curso do processo e estupro foi cumprido no último sábado, em Governador Valadares (MG), em  uma ação com apoio da Polícia Militar local. 

Fonte: Polícia Civil.