Criminosos usam uniformes de policiais e prefeitura para praticar crimes
Entre os trajes mais comuns utilizados pelos bandidos estão as camisas da Polícia Civil e o colete da Polícia Militar
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Com a intenção de confundir a polícia e até mesmo as vítimas, criminosos estão cada vez mais ousados para cometer crimes. A polícia tem flagrado bandidos usando uniformes na prática de roubos, furtos e até homicídios.
Entre os “uniformes” mais comuns utilizados pelos bandidos estão as camisas da Polícia Civil e o colete da Polícia Militar. Isso porque, segundo o delegado titular do 6º Distrito de Polícia de Vila Velha, Guilherme Eugênio Rodrigues, os criminosos conseguem falsificar em gráficas ou em fornecedores comuns. Neste caso, ainda segundo o delegado, não há conhecimento de desvio de uniforme de dentro da própria instituição.
“Nossos uniformes possuem numerações e podem ser rastreados, mas sabemos que hoje em dia há uma facilidade desses criminosos em falsificarem vestuários, da mesma forma que fazem com uniformes da Seleção Brasileira de futebol ou marcas caras”, completou.
No último dia 15 de março, Elvis Ribeiro de Paula, de 29 anos, foi preso em flagrante vestido com o uniforme de uma concessionária de energia, no bairro Soteco, em Vila Velha. Ele tentou roubar uma bicicleta de uma mulher de 55 anos, mas foi pego por populares que chamaram a polícia.
Em relação às empresas, a polícia acredita que os criminosos consigam os vestuários por meio de roubo.
“É possível que as roupas sejam roubadas até quando o uniforme está no varal das casas. Mas, de fato, há casos em que ex-funcionários acabam sendo os autores, mas são ações pontuais. A Polícia Civil não tem conhecimento de uma quadrilha especializada em fornecer esses vestuários”, completou.
Entre os diferentes uniformes, o delegado diz que já flagrou casos de bandidos com camisas de construtoras. Mas a reportagem também apurou casos em que criminosos usam roupas de gari, guardas de trânsito, agentes sanitários e até de concessionárias de energia e rede de abastecimento de água.
Para o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa, Alexandre Ramalho, a população precisa ficar alerta. “É preciso ter total atenção se for prestador de serviço público. Por exemplo, da prefeitura é comum que esses indivíduos tenham crachá. Solicite a identificação, confirme com o órgão da prefeitura se realmente esses indivíduos pertencem àquela empresa”.
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Sensor de presença e câmera para vigiar
De acordo com o delegado titular do 6º Distrito de Polícia de Vila Velha, delegado Guilherme Eugênio Rodrigues, além de mudar o vestuário, criminosos, a todo momento, inovam com a intenção de driblar a ação policial.
Em uma das operações da Polícia Civil, na Serra, o delegado chegou a flagrar um criminoso que instalou em sua casa um sensor de presença para monitorar o trabalho dos policiais.
“Na ocasião, eu fui o primeiro a entrar na residência, o homem estava em casa com uma mulher, tentou fugir, mas foi preso. O crime tenta se atualizar usando até a tecnologia, mas a polícia trabalha para estar à frente”, explicou.
Outro fato, segundo o próprio delegado, é que a Polícia Civil já identificou casos em que traficantes e homicidas alugam casas próximas às delegacias para colocar um informante e passar dados sobre a movimentação de possíveis operações e cumprimentos de mandados de prisão.
Na hierarquia do tráfico, um dos cargos iniciais é o de olheiros, que são pessoas que ficam nas entradas das comunidades, distantes dos laboratórios de drogas ou de armazenamento de armas para que assim que virem a polícia entrando nos bairros eles possam avisar os “chefões”, seja via rádio ou mandando os “fogueteiros” dispararem fogos de artifícios.
Mas, segundo o delegado Guilherme Eugênio, o crime já tem substituído esses cargos por meio de tecnologia. Em Vila Velha, criminosos utilizam câmeras de alta definição para vigiar as entradas e saídas de bairros como Boa Vista.
videomonitoramento
Em Pedro Canário, bandidos estão obrigando moradores a instalarem câmeras de videomonitoramento para serem usadas pelo tráfico de drogas.
Segundo a polícia, 10 câmeras foram apreendidas em uma operação que aconteceu na semana passada na cidade, e uma central de videomonitoramento foi encontrada na casa de um dos chefes do tráfico.
De acordo com o superintendente da Polícia Regional Norte (SPRN), delegado Fabrício Dutra, a polícia percebeu que as casas eram muito simples, mas tinham câmeras de monitoramento de última geração instaladas. Em seguida, descobriu a central de videomonitoramento e começou a investigar o caso.
Casos
Detido em Barramares

Na última sexta-feira, policiais civis patrulhavam a região de Barramares, em Vila Velha, quando encontraram um homem, de 32 anos, em um ponto de tráfico de drogas vestindo um uniforme de uma construtora.
Camisa da prefeitura

Um homem de 27 anos foi conduzido à delegacia depois de ter sido encontrado com drogas em um ponto de tráfico da região de Terra Vermelha, em Vila Velha. A prisão foi feita pela Polícia Militar, há três semanas.
Armado em Aribiri

No último dia 15 de março, Victor Hugo Cabral de Souza, de 24 anos, estava vestido com o uniforme da Cesan, armado, com tornozeleira eletrônica e várias munições quando foi preso no bairro Aribiri, em Vila Velha.
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