Confrontos deixam dois mortos em menos de 24 horas no Bairro da Penha
Patrulhamento na região foi reforçado após ocorrências no bairro. Tensão na região tem aumentado nas últimas semanas
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A região do Bairro da Penha, em Vitória, viveu horas de tensão. Após confronto entre policiais militares e criminosos, duas pessoas morreram em menos de 24 horas.
O primeiro confronto aconteceu na noite de sexta-feira quando Natanaélyton Beirão da Motta, de 24 anos, atirou contra os policiais da Força Tática do 1ª Batalhão de Vitória, na Escadaria dos Trabalhadores, no bairro Bonfim.
Após ser baleado, o jovem foi socorrido pela Polícia Militar, mas morreu no hospital.
Com ele, foram encontrados um aparelho celular, R$ 20 em dinheiro, quatro buchas de maconha, duas substâncias similares a crack, seis unidades de haxixe, dois tabletes de maconha, cinco pinos de crack, um rádio comunicador e 13 munições calibre. 40. De acordo com a polícia, o jovem possui uma extensa ficha criminal.
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Na manhã de ontem, a polícia reforçou o patrulhamento e voltou a ocupar a região após o confronto da noite de sexta-feira. Os policiais relataram que encontraram barricadas para tentar impedir a presença policial na região.
Outro homem foi morto durante confronto entre criminosos e a polícia. A morte revoltou moradores, que afirmam que a vítima era morador de rua e não estava armado.
Uma viatura da PM teve o para-brisa e o vidro traseiro quebrados. Além disso, a equipe da TV Tribuna foi impedida de subir ao local.
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A tensão na região do Complexo da Penha tem aumentado nas últimas semanas.
No final de junho, um paciente de uma clínica de longa permanência, no bairro Gurigica, morreu ao ser atingido por uma bala perdida dentro do quarto onde estava internado.
Daniel Ribeiro Campos da Silva, de 68 anos, foi atingido na cabeça pelo tiro disparado por criminosos durante confronto com militares.
Na noite da última quarta-feira, um sargento foi baleado no braço por um homem que abriu fogo contra os policiais na frente do Destacamento de Polícia Militar (DPM), no bairro São Benedito.
Na manhã seguinte, o suspeito foi morto. Depois dessas ocorrências, a polícia ocupou o bairro.
Reforço
A Polícia Militar informou que o patrulhamento na região segue reforçado com equipes de área, especializadas e apoio do Núcleo de Operações Táticas e Transporte Aéreo (Notaer).
“Atirou, vamos revidar”, diz Ramalho
O secretário de Segurança Pública e Defesa Social, coronel Alexandre Ramalho, afirmou que o reforço do policiamento na região do Bairro da Penha, em Vitória, vai continuar nos próximos dias.
“Nós temos técnica, temos armamento de ponta, sabemos utilizar esses armamentos. Atirou contra a polícia, nós vamos revidar na mesma proporção, e foi o que aconteceu”, afirmou Ramalho.
O secretário destacou ainda uma desvantagem “tática e violenta” dos policiais durante o patrulhamento, considerando que os criminosos ficam no alto do morro, enquanto a polícia patrulha de baixo para cima.
“A Polícia Militar fazia um patrulhamento de incursão superdifícil, porque é feito em escadaria, em uma desvantagem tática e violenta para a Polícia Militar. Eles ficam no alto do morro e a gente tem que vir de baixo para cima, patrulhando ruelas, escadarias, becos e podendo confrontar o tempo todo com esses indivíduos, que são inconsequentes, irresponsáveis e ligados diretamente ao tráfico de entorpecentes”, avaliou.
O secretário de Segurança afirmou também que o homem morto na noite de sexta-feira estava armado com uma pistola e um carregador vazio. Além disso, uma bolsa com drogas também foi encontrada próximo a ele.
Alexandre Ramalho destacou ainda que o homem tinha passagens por tráfico de drogas, tentativa de homicídio e, além disso, estava com um mandado de prisão em aberto.
Moradores temem novos conflitos
Moradores do Bairro da Penha, em Vitória, temem novos confrontos entre os criminosos e a Polícia Militar. A sogra de Natanaélyton Beirão da Motta, que morreu na noite de sexta-feira, afirmou que o jovem não estava armado durante o confronto.
“Ele estava em frente de minha casa. Não teve tempo de correr. Era uma pessoa muito boa, ajudava em casa”, disse ela, que não quis se identificar.
A mulher afirmou ainda que os moradores não têm espaço de lazer. “As nossas crianças não têm um parque. Eles têm que ficar na escadaria porque a gente não tem segurança no morro”, contou a moradora.
Outro cidadão, que também preferiu não se identificar, também afirmou que teme os confrontos.
O coronel Alexandre Ramalho, disse que o policiamento continuará reforçado no local.
“Vamos manter o nosso policiamento na região. Hoje, (ontem), às 6h30, os criminosos queriam colocar fogo em ônibus, mas foram impedidos pela Polícia Militar, que atua para dar segurança a população capixaba. Precisamos retirar do morro essas armas de fogo”.
OS NÚMEROS
- 24 anos é a idade do jovem morto
- 2 mortes em menos de 24 horas
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