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Polícia

Aumenta número de casos de apologia ao nazismo

Em todo o País, foram registrados 21 casos neste ano, e um dos inquéritos abertos pela Polícia Federal ocorreu no Espírito Santo


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Imagem ilustrativa da imagem Aumenta número de casos de apologia ao nazismo
Jovem com símbolo da suástica dentro de uma universidade: crime pode chegar a 5 anos de reclusão e multa |  Foto: Reprodução de vídeo

O número de inquéritos abertos pela Polícia Federal (PF) para investigar casos de apologia ao nazismo disparou neste ano. Em todo o País, a instituição registrou 21 casos, sendo que um deles ocorreu no Espírito Santo.

E o envolvimento de jovens com nazismo na internet preocupa especialistas. Segundo a PF, entre 2010 e 2018, a média de inquéritos abertos foi de 13 por ano em todo o País. Os dados não incluem os estados de Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins, que não constam nas informações fornecidas.

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Em 5 de abril deste ano, a Polícia Federal apreendeu 11 livros com ideias nazistas na casa de um homem de 76 anos em Guarapari. Ele distribuía exemplares pela cidade.

O nazismo foi um movimento político e social que surgiu na Alemanha logo após a Primeira Guerra Mundial e ganhou notoriedade em 1933, quando Adolf Hitler se tornou chanceler da Alemanha e impôs mudanças no país, implantando uma ditadura. 

A suástica se tornou o principal símbolo e a ideologia foi responsável pelo extermínio de cerca de 6 milhões de judeus no Holocausto.

Ao jornal A Tribuna, a Polícia Federal informou que não abriu inquéritos relacionados ao nazismo no Espírito Santo nos anos de 2021 e 2022, quando o Brasil também registrou números baixos, com seis casos em 2021 e nove no ano passado. No entanto, os números mostram uma onda de casos em 2023, o que tem preocupado as autoridades.

Um levantamento feito pelo pesquisador de segurança Mateus Gomes e pelo analista e perito digital Alan Amaral aponta para existência de um amplo conteúdo de apologia ao movimento liderado por Hitler, que resultou na morte de cerca de 6 milhões de judeus. Também foram descobertos 17 grupos atuando no Telegram. Entre os participantes, há pessoas de todo o País.

Mateus Gomes relatou ter ficado surpreso com o conteúdo encontrado e, principalmente, com a quantidade de pessoas em grupos com essa finalidade. “Alguns chegam a reunir mais de 20 mil membros. Foi possível identificar esses grupos com uma tecnologia que cria informação por meio de dados abertos”.

Mateus destacou ainda que, embora o uso da dark web e de aplicativos como o Telegram dificulte a identificação, as atividades realizadas na internet deixam rastros e podem ser identificadas.

Mensagens de ódio são espalhadas por redes sociais

No início do mês, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão contra integrantes de um grupo identificado como neonazista. 

Dois integrantes do grupo enviavam postagens com conteúdo violento ao jovem apreendido em 2022, depois de invadir escolas e matar quatro pessoas em Aracruz.

O ataque a duas escolas deixou quatro mortos e outros 13 feridos no dia 25 de novembro do ano passado. A investigação apontou que o crime foi planejado por dois anos e que o adolescente, de 16 anos, usou duas armas do pai, um policial. 

O jovem invadiu a escola estadual com uma pistola e fez vários disparos assim que entrou no estabelecimento. Depois, ele foi até a sala dos professores. Na unidade, dois professoras morreram.

A investigação aponta que os membros compartilhavam, por aplicativo de mensagem, material de extremismo violento com vídeos de mortes, divulgação de tutoriais de assassinato, fabricação de artefatos explosivos, além de promoção de ódio a minorias.

Em abril deste ano, o aplicativo de mensagens Telegram entregou à Polícia Federal dados exigidos pela Justiça sobre grupos neonazistas suspeitos de estarem envolvidos em ataques a escolas. 

A plataforma foi intimada a enviar os dados depois que a investigação sobre o ataque de Aracruz. A Justiça Federal do Espírito Santo chegou a dar 24 horas para que o Telegram repassasse à Polícia Federal informações de grupos e pessoas suspeitas de planejar ataques a escolas sob pena de suspensão do aplicativo no país e multa diária de R$ 100 mil.

Em alguns grupos destinados à propagação da ideologia nazista, também há venda de material de apologia, como bandeiras do partido, o brasão com a cruz suástica e ainda bustos do ditador alemão Adolf Hitler. 

Os produtos podem ser comprados e enviados para todo o País, a partir de R$ 35, segundo as mensagens veiculadas pelos membros.

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O que diz a lei no Brasil:

A apologia do nazismo se enquadra na Lei 7.716/1989, segundo a qual é crime:

Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. 

Pena: reclusão de 1 a 3 anos e multa – ou reclusão de 2  a 5 anos e multa se o crime foi cometido em publicações ou meios de comunicação social.

Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. 

Pena: reclusão de 2 a 5 anos e multa.

Nazismo

Foi um movimento político e social que surgiu na Alemanha logo após a Primeira Guerra Mundial e alcançou notoriedade em 1933, quando Adolf Hitler tornou-se chanceler da Alemanha.

A partir de então, Hitler impôs mudanças no país, implantando uma ditadura. A cruz suástica tornou-se o grande símbolo do nazismo.

Mortes

A ideologia nazista foi a responsável pelo extermínio de cerca de 6 milhões de judeus durante o Holocausto.

Além dos judeus, outras minorias (como ciganos, homossexuais e negros) foram perseguidas e aprisionadas em seis campos de concentração localizados na Polônia.

Superioridade

Entre os vários pontos que marcaram o nazismo, estava a ideia de que existiam povos biologicamente superiores, surgindo, assim, o ideal de uma raça ariana, que via as pessoas nascidas na Alemanha ou descendentes, como superiores. 

Levantamento

Um levantamento feito pelo pesquisador de segurança Mateus Gomes e pelo analista e perito digital Alan Amaral, por meio de conteúdos indexados na internet e na dark web, encontrou conteúdos e grupos no Telegram que promovem discursos de ódio e propagação da ideologia nazista. 

Pelo menos 17 grupos no aplicativo de mensagens reúnem pessoas com tais propósitos.

Mensagens

Entre as mensagens em grupos com conteúdos referentes ao nazismo no aplicativo Telegram, está a de que Hitler “valorizava a juventude”. 

O texto é seguido de várias fotos dele com crianças e jovens.

Também afirmam que os jovens não devem acreditar em nada que é ensinado em livros e nas escolas, que chamam de uma forma de controle de escravidão dos povos.

Fonte: Especialistas e pesquisa A Tribuna.

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