Simone Fontana propõe tarifa zero e estatização do transporte público no Recife
Candidata à Prefeitura do Recife pelo PSTU critica parcerias público-privadas e propõe um plano de obras públicas para combater desemprego
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Nesta terça-feira (27), a candidata à Prefeitura do Recife pelo PSTU, Simone Fontana, participou de uma entrevista na TV Tribuna, onde destacou a proposta de tarifa zero para o transporte público.
Simone, que é professora da rede pública, também defendeu o ensino integral nas escolas e criticou a destinação de verbas públicas para parcerias com o setor privado.
Durante a entrevista, abordou temas como saneamento básico, geração de empregos e segurança pública. A candidata afirmou que sua campanha está a serviço da classe trabalhadora e propôs a estatização do transporte público para garantir um serviço de qualidade.
Ela concedeu entrevista ao diretor de jornalismo da Rede Tribuna, Fernando Rêgo Barros, e ao apresentador da 1ª edição do Jornal da Tribuna, Moab Augusto.
Todos os candidatos e candidatas à Prefeitura do Recife passaram por sabatinas de 15 minutos na Tribuna, com a ordem definida por sorteio.
Estiveram presentes Tecio Teles (Partido Novo), Dani Portela (PSol), Ludmila Outtes (Unidade Popular), Daniel Coelho (PSD), Gilson Machado (PL) e o prefeito João Campos (PSB), que é candidato à reeleição.
Veja os tópicos abordados abaixo pela candidata.
Prefeiturável é contra as parcerias público-privadas
Simone Fontana abordou o tema da educação durante sua participação na série de entrevistas da TV Tribuna. Com experiência na rede pública de ensino, Fontana criticou as transferências de verbas da educação para entidades privadas e defendeu o modelo de ensino integral.
"É essencial que as crianças passem o dia todo na escola, mas isso só será possível com a reestruturação das escolas e valorização dos profissionais da educação", afirmou.
A candidata à Prefeitura do Recife destacou a necessidade de concursos públicos para reforçar o quadro de auxiliares nas escolas e creches.
Fontana criticou o "desvio de verbas da educação para entidades privadas" e defendeu o ensino integral, desde que acompanhado de uma reestruturação das escolas e valorização dos profissionais.
Ela rejeitou as parcerias público-privadas e propôs uma maior presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas para garantir um ensino de qualidade.
Prefeiturável defende plano de obras públicas para resolver o problema do saneamento básico no Recife
Durante sua participação na TV Tribuna, a candidata à Prefeitura do Recife destacou a grave deficiência de saneamento básico na cidade, especialmente nas áreas periféricas.
Fontana observou que grande parte dos dejetos é jogada em canais ou permanece a céu aberto, o que contribui para o surgimento de doenças como as arboviroses e a proliferação de muriçocas.
Para enfrentar essa questão, a candidata propõe um plano de obras públicas que, além de resolver o problema do saneamento, ajudaria a combater o desemprego na capital pernambucana.
"A gente defende, para sanar o problema do saneamento básico, a água na torneira para toda a população e tratamento do esgoto, com aproveitamento da água das chuvas. É preciso separar a água da chuva, porque hoje em dia a água da chuva é misturada com a água do esgoto e você não aproveita", afirmou Fontana.
Ela também ressaltou a necessidade de políticas integradas que abordem não apenas o saneamento, mas também a saúde e a moradia, apontando que essas questões estão intrinsecamente ligadas à falta de infraestrutura adequada na cidade.
"Então, além do saneamento, outras políticas têm que ser colocadas para a gente sanar o problema do desemprego e também é possível zerar o déficit de saneamento que existe hoje no Recife", concluiu a candidata.
Simone critica propõe taxação de bilionários
Durante a entrevista na TV Tribuna, Simone Fontana adotou uma postura crítica em relação aos empresários e bilionários da cidade.
Em resposta à pergunta feita por Moab Augusto sobre como pretende dialogar com os empresários caso seja eleita, Fontana deixou claro que sua prioridade é a classe trabalhadora e a população pobre do Recife.
"Nossa candidatura está a serviço da classe trabalhadora e da população pobre do Recife", afirmou.
Fontana defendeu a necessidade de sobretaxar os bilionários que, segundo ela, concentram a riqueza produzida pelos trabalhadores na cidade. É importante ressaltar, no entanto, que, na prática, uma prefeitura municipal não possui competência legal para taxar "bilionários" ou criar impostos específicos sobre a riqueza individual.
A tributação sobre renda e riqueza é uma atribuição do governo federal, e as prefeituras limitam-se a cobrar tributos como o IPTU e o ISS, que não incidem diretamente sobre a riqueza pessoal dos mais ricos.
"O reflexo disso (da desigualdade social) se vê na precariedade da saúde, na precariedade da educação, da moradia, no desemprego", pontuou, associando diretamente a concentração de riqueza às desigualdades sociais e econômicas que afligem o Recife.
A candidata argumentou que, embora o Recife seja uma cidade rica e uma das maiores do Nordeste, essa riqueza está mal distribuída, resultando em violência, desemprego e outras "mazelas" sociais.
"Se essa riqueza se concentra na mão de poucas pessoas, a gente vai ter as consequências disso", concluiu Fontana, sugerindo que seu governo não hesitará em confrontar os interesses dos mais ricos para promover uma cidade mais justa e igualitária.
Prefeiturável propõe plano de obras públicas e diminuição da jornada de trabalho
Durante sua participação na TV Tribuna, a candidata à Prefeitura do Recife abordou a questão do desemprego na cidade, que afeta mais de meio milhão de pessoas.
Ao ser indagada sobre como fazer, o que fazer para diminuir o desemprego do Recife, ela falou que a situação está interligada a diversas deficiências na infraestrutura urbana.
"A gente defende, primeiro, um plano de obras públicas, como eu coloquei, para você acabar com os problemas que a cidade tem de saneamento, de falta de creche, falta de escolas, de postos de saúde, de sanear, dragar os rios para a gente acabar com essa questão dos alagamentos", afirmou.
Segundo ela, essa abordagem não só resolveria problemas estruturais da cidade, mas também contribuiria para a criação de empregos.
Indagada sobre como gerar emprego sem a parceria com as empresas privadas, Simone respondeu que, além do plano de obras públicas, a diminuição da jornada de trabalho é uma medida crucial para ampliar as oportunidades de emprego sem reduzir salários.
"Eu defendo uma empresa pública para o plano de obras públicas. A Urb e a Emlurb têm condições de contratar engenheiros, trabalhadores, tudo que envolve essas obras públicas que a gente pretende fazer", afirmou.
Ela sugeriu que as empresas privadas também devem contribuir reduzindo a jornada de trabalho.
"Hoje o que acontece? Com a reforma trabalhista, aumentou a exploração sobre aqueles que estão trabalhando", criticou, destacando que a reforma resultou em maior exploração e fechamento de pequenos comércios por grandes atacadistas.
Fontana concluiu sua resposta enfatizando a importância da dignidade no trabalho e uma melhor qualidade de vida para os trabalhadores.
"A gente defende não só emprego, mas dignidade no trabalho, que as pessoas que trabalham para viver, não vivem para trabalhar", ressaltou, sugerindo que o equilíbrio entre vida profissional e pessoal deve ser uma prioridade.
Tarifa zero e estatização do transporte público para melhorar qualidade e acessibilidade
Simone Fontana apresentou sua proposta para implementar a tarifa zero no transporte público da cidade.
Em um contexto em que o transporte público é amplamente criticado por sua péssima qualidade e altos custos, Fontana defendeu a medida como uma solução para aliviar o peso financeiro sobre os trabalhadores e melhorar a acessibilidade.
"Eles receberam o subsídio de R$ 300 milhões do Governo do Estado. E o que a gente vê são ônibus superlotados? A demora que existe nas paradas de ônibus para os usuários poderem se transportar", destacou a candidata.
Fontana criticou a atual gestão do transporte público, afirmando que, apesar dos subsídios recebidos, a qualidade do serviço permanece insatisfatória.
Fontana justificou sua proposta afirmando que a tarifa de ônibus no Recife é uma das mais caras do Brasil e que isso afeta diretamente o orçamento dos trabalhadores, incluindo aqueles em busca de emprego.
"A tarifa zero é para todos aqueles que precisam, estudantes, desempregados, baixa renda. A gente defende, sim, se é possível", afirmou. Ela acrescentou que a medida também necessitará da estatização do transporte público, uma vez que o atual sistema, gerido por empresas privadas, oferece um serviço de baixa qualidade.
"Superexploração" de motoristas entra na pauta da campanha
A candidata também abordou a questão da "superexploração" dos motoristas e a recente greve por melhores condições salariais e benefícios.
"A gente vê também uma superexploração dos motoristas", observou Fontana. Ela destacou a necessidade de recolocar os cobradores, que foram demitidos em grande número, e criticou o acúmulo de funções imposto aos motoristas.
"Hoje o motorista passa o troco, toma conta dos problemas inúmeros que existem dentro do transporte público e ainda é motorista", pontuou.
Fontana concluiu sua proposta enfatizando que a tarifa zero deve ser acompanhada de uma melhoria significativa na qualidade do transporte, sem que isso implique em lucro às custas do sofrimento e da necessidade de deslocamento da população.
"Então, a gente defende tarifa zero, estatização do transporte público, transporte de qualidade para todos e tarifa zero, sem lucrar com o sofrimento das pessoas e com a necessidade de ir e vir da população", afirmou, reforçando seu compromisso com uma transformação radical no sistema de transporte público de Recife.
Simone Fontana se posiciona contra a ideia de armar a Guarda Municipal
Sobre a questão da violência em Recife, a candidata destacou a necessidade de enfrentar a raiz dos problemas para melhorar a segurança pública na cidade.
"É um problema sério e a gente tem que ver também que a segurança, os problemas de violência que a cidade enfrenta, é fruto dessa situação, de concentração de renda na mão de poucas pessoas, desemprego, falta de perspectiva da juventude", observou Fontana.
A candidata afirmou que a violência está diretamente ligada ao desemprego e à falta de perspectivas para a juventude. Ela ressaltou a importância de atacar essas causas profundas para combater o crime.
"Então, a pessoa vai, estuda, estuda, fica desempregado, fica iludido com o mundo do crime, às vezes, porque fica sem perspectiva. Então, a gente tem que atacar a raiz dos problemas de desemprego, de falta de educação de qualidade e tudo mais", afirmou.
Sobre a segurança pública, Fontana se posicionou contra a ideia de armar a guarda municipal, considerando isso um passo em direção à militarização.
"Nós não defendemos a guarda armada, a gente acha que armar a guarda é um passo para militarização", explicou.
Em vez disso, ela defendeu a desmilitarização da Polícia Militar - proposta que também não é de responsabilidade da prefeitura - e a criação de uma força policial voltada para a proteção da população, especialmente das mulheres vítimas de violência.
"A gente quer desmilitarizar a Polícia Militar, porque hoje a segurança, tanto a polícia tem que estar a serviço da proteção das pessoas", acrescentou. Na campanha de 2018, quando foi candidata a governadora e derrotada, Fontana chegou a defender que a população se armasse contra o crime organizado e a violência policial.
Considerações finais
Em suas considerações finais, Fontana fez um apelo direto aos eleitores. "Eu tenho a dizer que nessas eleições a gente tem uma alternativa para atacar os problemas da cidade, uma proposta de um Recife socialista e revolucionário que possa atender as demandas da população de educação, de saúde, de saneamento", declarou.
Fontana concluiu seu recado enfatizando a importância de fortalecer a participação popular na gestão da cidade através dos conselhos populares.
"Então fortalecer a população, fortalecer os trabalhadores para que a gente possa assumir o comando da cidade através dos conselhos populares, que são conselhos eleitos nos locais de trabalho, de moradia, nos lugares de estudo, para que essas pessoas possam gerir a cidade com o orçamento 100% gerenciado pelos conselhos populares", finalizou.
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