Pacientes do SUS começam a ser atendidos por planos de saúde no Recife
A medida é inédita: pela primeira vez, a estrutura de planos de saúde é mobilizada para atender usuários do SUS
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O Governo Federal e a Prefeitura do Recife iniciaram, nesta quinta-feira (14), os primeiros atendimentos de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) realizados em um hospital de operadora privada. Oito pacientes passam a fazer exames e cirurgias no Hospital Ariano Suassuna, da Hapvida, dentro do programa Agora Tem Especialistas, do Ministério da Saúde. A iniciativa busca ampliar a assistência especializada e reduzir o tempo de espera no SUS.
A medida é inédita: pela primeira vez, a estrutura de planos de saúde é mobilizada para atender usuários do SUS. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acompanharam o início dos atendimentos na capital pernambucana.
“Um marco histórico que vamos acompanhar e que o presidente Lula vai presenciar é o primeiro paciente do SUS que será tratado dentro de um hospital de plano de saúde. Por meio do programa Agora Tem Especialistas, mecanismo criado pela medida provisória do presidente Lula, nós estamos trocando dívidas que planos de saúde tinham com o SUS – e que nunca eram pagas – em mais cirurgias, mais atendimentos e mais exames, como ressonância e tomografia”, explicou Padilha.
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Como funciona

O Agora Tem Especialistas permite que operadoras convertam dívidas de ressarcimento ao SUS em atendimentos especializados. Essas dívidas surgem quando a rede pública realiza procedimentos que deveriam ser oferecidos pelos planos de saúde. A previsão é converter até R$ 1,3 bilhão por ano em serviços, sem custo extra para o SUS.
A Hapvida é a primeira operadora a aderir. Cada plano deve oferecer, no mínimo, R$ 100 mil por mês em atendimentos — ou R$ 50 mil no caso de operadoras de menor porte em regiões com menor demanda. As áreas prioritárias são oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia, além de mais de 1,2 mil tipos de cirurgias.
A adesão é voluntária. As operadoras manifestam interesse pela plataforma InvestSUS, informando a oferta de serviços, que é cruzada pelo Ministério da Saúde com as demandas dos estados e municípios. Os pacientes continuam a ser regulados pela rede pública e podem ser direcionados para atendimento nas operadoras, sem custo adicional.
Primeiros atendimentos

Entre os primeiros beneficiados estão uma criança de 8 anos, cinco mulheres e dois homens, com idades entre 23 e 67 anos. Serão realizados quatro tipos de procedimentos: duas artroplastias de quadril para colocação de próteses, duas cirurgias de vesícula, duas tomografias e duas ressonâncias magnéticas.
A empregada doméstica Marilete Augusto Valério Santos, de 67 anos, é uma das pacientes atendidas. Moradora do Recife, aguardava havia três meses uma ressonância para investigar dores no quadril. "Fazia três meses que eu esperava esse exame. Quando disseram que era amanhã, eu respondi: ‘pode ser qualquer dia, qualquer hora!’”, contou.
O Hospital Ariano Suassuna integra o complexo da Hapvida, considerada a maior operadora de planos de saúde da América Latina, com unidades nas cinco regiões do país.
Reforço no tratamento oncológico em Pernambuco

Durante a agenda em Recife, o ministro Alexandre Padilha também anunciou R$ 15,3 milhões para ampliar o tratamento oncológico no estado. Os recursos serão destinados ao Hospital Português de Beneficência, credenciado ao SUS.
O investimento inclui a entrega de um novo acelerador linear, adquirido por R$ 10,3 milhões com recursos do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon). O equipamento dobrará a capacidade de radioterapia para pacientes do SUS.
“O hospital também vai colocar sua radioterapia para funcionar em três turnos, até de noite, para a gente fazer o tratamento do câncer. Virão mais rápido, cirurgias eletivas e exames também. Então o presidente está fazendo uma boa história para a saúde pública hoje aqui, em Pernambuco”, afirmou Padilha.
O hospital também receberá R$ 2,6 milhões para ampliar o atendimento em radioterapia e repasse anual de R$ 2,4 milhões, integrado ao teto de Média e Alta Complexidade (MAC). Além disso, foi anunciada a integração com a Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) do Hospital Barão de Lucena, permitindo atendimento conjunto dos pacientes do SUS pelas equipes das duas instituições.
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