Desigualdades sociais marcam gestões do PSB, diz Daniel Coelho
Segundo o candidato, questões como habitação e segurança se deterioraram em 16 anos de gestões da legenda socialista
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Em entrevista à TV Tribuna PE, nesta quinta-feira (22), Daniel Coelho, candidato à Prefeitura do Recife pelo PSD, fez duras críticas à gestão do atual prefeito João Campos (PSB), destacando a ausência de propostas efetivas no programa político do gestor para enfrentar problemas graves como a fome, moradia, insegurança e saúde pública.
Coelho apontou falhas na política habitacional, enfatizando o déficit de 70 mil moradias na cidade, e criticou a falta de atenção à saúde odontológica e mental, especialmente para mulheres grávidas.
Além disso, destacou a necessidade urgente de gerar empregos e revitalizar o centro do Recife.
Apoiado pela governadora Raquel Lyra (PSDB), Coelho prometeu atuar com firmeza para enfrentar essas questões e promover uma administração mais eficiente e voltada para o bem-estar da população.
Na entrevista, Daniel Coelho não mencionou o nome de João Campos (PSB), que tem alta popularidade. As críticas foram “ao atual prefeito” ou ao PSB.
O partido do candidato, o PSB, foi o principal alvo de críticas, uma tentativa de provocar o eleitor sobre a necessidade de mudança política na cidade.
Embora tenha feito parte da tropa de choque de Pernambuco durante o impeachment de Dilma Rousseff, Daniel também não atacou gestões passadas do PT. Concentrou-se em falar dos “últimos 16 anos”.
Veja abaixo, os principais pontos da entrevista, feitas pelo apresentador Moab Augusto, da 1ª edição do Jornal da Tribuna, e pelo diretor de jornalismo da TV, Fernando Rêgo Barros. A sabatina teve a duração de 15 minutos e ocorreu mediante ordem de sorteio.
Candidato promete aumentar número de moradias em quase 400%
Ao abordar a crise habitacional no Recife, Daniel Coelho destacou o déficit de 70 mil moradias e criticou a falta de ações contundentes por parte da atual gestão para resolver essa situação.
Ele apontou que, no ritmo atual, levaria décadas para reduzir o déficit habitacional, cobrando um orçamento mais robusto para essa área.
Segundo ele, nos governos do PSB, investiu-se menos do que em gestões anteriores em habitação. O PT, que teve 12 anos de gestão antes de João Campos, não foi criticado.
"Não dá para a gente construir igualdade social sem a gente ter moradia digna. Hoje a gente tem um déficit de 70 mil famílias que precisam de moradia e os números de moradia na cidade do Recife e de construção que foram feitos nos últimos 4 anos são muito pequenos. A prefeitura fez pouco mais de mil unidades habitacionais”.
Coelho se comprometeu em aumentar em quase 400% o orçamento destinado à construção de moradias populares, com parcerias com o governo do estado, governo federal e iniciativa privada.
“Nós estamos propondo duas frentes. Uma frente, que é a construção, em parceria com o governo estadual e com o governo federal, de 5 mil unidades de habitação. Quando a gente olha para prefeitos que já governaram a cidade do Recife, a gente vê que são números incompatíveis com outras gestões”.
De acordo com ele, ao mesmo tempo que seu eventual governo vai promover a construção de 5 mil moradias, vai fazer parcerias com a iniciativa privada.
“Hoje, a prefeitura paga um auxílio de R$ 300 de auxílio moradia, que é insuficiente. A gente quer entregar o imóvel alugado, o apartamento ou a casa para que a pessoa more até ela poder receber o seu imóvel final. Com isso, a gente consegue abrir 10 mil vagas de novas moradias ao longo de 4 anos, podendo ajudar a gente a suprir esse déficit habitacional”, declarou o candidato.
Daniel Coelho ainda acrescentou: “Isso também, evidentemente, focado no problema de população de rua, que é um problema crescente na cidade do Recife e que, junto com os problemas de palafita e população nas áreas de risco agravam o quadro social e faz do Recife, a segunda capital mais desigual do Brasil”.
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Prefeiturável frisa que programa de governo do “atual prefeito” não cita a palavra “fome”
Coelho também chamou atenção para a ausência de propostas no programa de governo de João Campos para combater a fome, um problema grave que afeta cerca de 150 mil pessoas na cidade. Ele criticou duramente a falta de prioridade dada a essa questão.
“A gente fez uma análise do programa de governo do atual prefeito, que está buscando reeleição, ele não cita a palavra fome, ele não cita a palavra miséria, quer dizer, não há nenhuma menção a combate à desigualdade. O que a gente sente é que esse tema, infelizmente, foi relegado a segundo plano”.
Segundo o candidato, a proposta é discutir com o povo do Recife. “Não dá para a gente achar que está morando em uma boa cidade, não dá para dizer que o Recife está avançando, quando a gente tem 150 mil pessoas que hoje à noite não sabem o que comer, vivendo com menos de R$ 300 por mês. Então, não dá para a gente aceitar isso como algo razoável, e por isso que a gente tem repetido tanto uma pergunta. Está tudo bem? Está tudo bem para quem?”, indagou o candidato.
Revitalização do centro e valorização do turismo para gerar empregos no Recife
Na corrida pela prefeitura do Recife, Daniel Coelho tem enfatizado a necessidade urgente de revitalizar o centro da cidade e estimular o setor de turismo para enfrentar a crise de emprego na capital pernambucana.
“O centro que já teve a sua pujança na geração de empregos, na geração de oportunidades, hoje parece uma cidade fantasma. A população de rua é crescente. A cada dia a gente tem mais gente morando na rua,” iniciou o candidato, destacando a situação preocupante do centro do Recife.
Mais morador de rua do que Guarda Municipal
Segundo ele, “o Recife hoje ostenta um número que me preocupa. A gente tem mais gente morando na rua do que a Guarda Municipal.” Coelho acredita que essa realidade contribui para o aumento dos índices de violência na cidade.
Para Coelho, a revitalização do centro é crucial para a recuperação econômica e para a criação de novas vagas de trabalho. Ele propõe ações diretas para melhorar a iluminação e promover a revitalização das áreas centrais, além de implementar políticas para reduzir a população em situação de rua.
“A gente tem que revitalizar o centro com iluminação, com preocupação e com ações diretas para a gente diminuir a população de rua,” afirmou.
Explorar de vocações econômicas do Recife é uma necessidade
O candidato também destacou a importância de explorar as vocações econômicas do Recife, como serviços, saúde e tecnologia.
“Essas são vocações da cidade do Recife e a gente tem que estar preparado para o emprego do futuro, com qualificação profissional,” disse Coelho. Ele defendeu a necessidade de investimentos e qualificações para estimular o emprego e as oportunidades na cidade.
Coelho ainda abordou o setor de turismo, lembrando sua experiência como secretário de Turismo. Ele ressaltou que Pernambuco superou recordes de turismo durante sua gestão, enquanto o Recife permanece estagnado.
“A gente conseguiu bater os recordes do período pré-pandemia, mas no Recife a gente continua a ter dificuldade,” afirmou.
Coelho criticou o estado da orla e a infraestrutura de transporte, argumentando que “o turista vem a Pernambuco e está evitando o Recife.” Ele defendeu que “o turismo tem uma imensa capacidade de gerar emprego e renda em todos os setores,” e que a melhoria na qualidade de vida da cidade é essencial para atrair visitantes e impulsionar a economia local.
Com essas propostas, Daniel Coelho busca transformar o Recife em um centro vibrante e atraente para negócios e turismo, criando um ambiente favorável ao crescimento do emprego e à prosperidade da cidade.
Candidato defende Guarda Municipal armada
Coelho ressaltou que Recife é a única capital do Nordeste e do Brasil a não ter sua Guarda Municipal armada e equipada.
Segundo ele, “a Constituição Federal estabelece que a segurança pública é responsabilidade do Governo Federal, com a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, dos governadores, com a Polícia Militar e a Polícia Civil e das Guardas Municipais”.
Ele afirmou que “esse já virou, inclusive, um consenso”, e que “prefeitos de diversas correntes ideológicas de todos os partidos no Brasil já colocam a Guarda Municipal para agir em conjunto com a Polícia Militar e a Polícia Civil e as polícias Federais no combate à violência”.
No entanto, a crítica de Coelho não se limita à falta de armamento da Guarda Municipal. Ele destacou a questão da iluminação pública como um aspecto crucial para a segurança, afirmando que “quem paga a conta de luz, eu me refiro aqui a quem está em casa, você paga a sua conta de luz e vai lá. Está escrito, taxa de iluminação pública. Esse não é dinheiro que pertence ao prefeito.”
O candidato criticou o fato de que apenas 50% do que a Prefeitura arrecada em iluminação pública é reinvestido na área, chamando a atenção para a falta de eficiência na iluminação da cidade.
Além disso, Coelho abordou a relação entre moradia e segurança, argumentando que “quem está em situação de rua, quem está morando num casebre, numa palafita, dificilmente vai ter uma dificuldade maior em poder criar seus filhos com dignidade e prevenir a violência no futuro”.
Ele defendeu que “a gente volte para o conceito inicial moradia em primeiro lugar para a gente poder ter igualdade social e diminuir os impactos da violência.”
O candidato enfatizou a necessidade de uma abordagem integrada para melhorar a segurança pública, que inclui armamento e treinamento adequados para a Guarda Municipal, melhor iluminação pública e ações sociais focadas em reduzir a desigualdade e oferecer melhores condições de vida para os cidadãos.
16 anos de governos do PSB no Recife estão no focados
O candidato a prefeito do Recife, Daniel Coelho (PSD), fez uma avaliação crítica dos 16 anos de governo do PSB na capital pernambucana. Coelho destacou a deterioração das condições sociais e a crescente desigualdade que, segundo ele, marcaram o período sob a administração do partido.
“Essa cidade está boa para quem? O Recife, ao longo dos últimos anos, ao longo desses 16 anos governados pelo PSB entrou num caos social. O Recife não era a segunda capital mais desigual do Brasil. Ela não era a segunda capital com mais miséria no país”, afirmou Coelho.
O candidato atribui a deterioração das condições de vida no Recife à ausência de políticas públicas eficazes. Segundo ele, a falta de atenção às camadas mais pobres da população levou a um agravamento das condições de miséria e desigualdade.
“Foi a falta de políticas públicas, de preocupação com os mais pobres que se tornaram invisíveis na cidade do Recife que criou essa atual situação”, criticou.
Coelho conclamou os eleitores a refletirem sobre a realidade da cidade, incentivando-os a sair do mundo virtual e observarem a situação em suas comunidades.
“Você que está em casa, saia um pouquinho do mundo virtual, da propaganda e vá olhar a rua. Abra a janela, olha para a esquina, olha para o seu bairro e vê de fato se essa cidade está avançando”, disse.
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