Pernambuco na caçada em Mossoró: policiais de diversos estados buscam foragidos
Ministro explica que não pode dar prazo para capturar foragidos e compara caso ao dos EUA
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O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou não haver prazo para o fim das buscas pelos dois detentos que fugiram do presídio de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ele falou sobre o assunto durante entrevista coletiva e citou um caso semelhante de fuga nos Estados Unidos.
Sem citar nomes, o ministro se referiu ao caso do condenado à prisão perpétua Danilo Cavalcante nos Estados Unidos. Sua captura ocorreu após 14 dias, após sua fuga da prisão. O presidiário, que é brasileiro, matou a namorada Débora Evangelista Brandão a facadas.
Ele destacou a união de diferentes forças policiais para encontrar os criminosos - como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, policiais militares de Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará e Paraíba, além de policiais penais federais, e citou que as buscas seguem sendo feitas por drones e helicópteros também.
"Nós temos cerca de 250 policiais em cada um dos turnos, diurno e noturno. Portanto, temos 500 policiais trabalhando na recaptura dos dois fugitivos", acrescentou Lewandowski. São 200 a mais do número inicial destacado para a missão.
Segundo o ministro, os inquéritos, administrativo e policial, que investigam a possível conivência de agentes, possuem um prazo de 30 dias para a conclusão, mas com a possibilidade de serem prorrogados por mais um período. O presidente Lula também falou sobre a fuga em coletiva na Etiópia.
"Enquanto estamos apurando, as correções estão sendo feitas. As possíveis falhas já estão corrigidas, de maneira que o presídio de Mossoró voltou a ser absolutamente seguro e apto a custodiar os detentos que lá se encontram.", disse o ministro, que também afirmou, na ocasião, não saber se houve conivência durante a fuga.
Os dois fugitivos são identificados como Deibson Cabral Nascimento e Rogerio da Silva Mendonça. Ambos possuem ligação com a facção criminosa Comando Vermelho (CV), de acordo com informações preliminares. O grupo domina as operações criminosas no Acre, onde a dupla estava presa até setembro do ano passado.
Na última sexta, a dupla chegou a invadir uma casa e fazer uma família de refém por algumas horas. Sem o uso da violência, os criminosos roubaram celulares, comidas e saíram da residência, que fica a uma distância de 3 quilômetros da penitenciária.
De acordo com o ministro, a área onde os detentos se encontram é "rural e extensa" e apresenta obstáculos que dificultam a captura, como grutas e estradas vicinais. A ocorrência de chuvas também teriam atrapalhado a captura.
O ministro também comentou sobre falhas estruturais. "Essas falhas estruturais, que são antigas porque os presídios foram construídas de 2006 em diante, podem existir em alguns lugares. Aqui foram corrigidas imediatamente. Estamos avaliando se essas falhas se repetem em outros presídios", afirmou o chefe da pasta.
Na sequencia, André Garcia, secretário de políticas penais, afirmou que "não há fragilidade". "Foi um caso pontual que não vai se repetir."
Os dois detentos conseguiram escapar da prisão federal entre a noite de terça-feira e a madrugada de quarta de cinzas. Na quinta, Lewandowski, explicou que Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento escaparam da cadeia após escalarem uma luminária, chegarem ao teto e acessarem o setor onde é feita a manutenção do presídio.
Deste local, eles teriam pegado ferramentas que estavam sendo utilizadas em uma obra na prisão. Como o local reformado estava protegido apenas por um tapume de metal, os criminosos encontraram uma brecha, saíram e cortaram o alambrado com um alicate recolhido na obra.
Agentes federais rechaçam corrupção no caso da fuga de Mossoró
A Federação Nacional dos Policiais Penais Federais, que congrega o sindicato de servidores dos cinco presídios federais do País, divulgou nota neste sábado, 17, para comentar a fuga de dois detentos da unidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, nesta semana.
A categoria disse acreditar que não houve planejamento prévio por parte da dupla, e "sim uma oportunidade que foi aproveitada e obtiveram êxito". No entanto, não havia câmeras ligadas durante a fuga e os holofotes que clareiam a área estavam desligados.
A manifestação tenta rechaçar qualquer suspeita quanto a eventuais favorecimentos ilícitos aos servidores, o que poderia ter auxiliado direta ou indiretamente na fuga.
"É muito cedo para chegar a essa conclusão", diz a nota assinada por Gentil Nei Espírito Santo da Silva, presidente da federação, que classificou comentários dessa natureza como "irresponsáveis". (Colaboraram Leon Ferrari, Paula Ferreira e Marco Antônio Carvalho)
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