“Parece que teve conivência”, diz Lula sofre fuga em presídio de segurança máxima
Presidente falou sobre o assunto em coletiva na Etiópia, um dos países da África
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acredita que os dois homens fugitivos do presídio de segurança máxima em Mossoró, no Rio Grande do Norte, tenham recebido ajuda para cavar buracos na parede de suas celas.
Mesmo sem querer se antecipar às investigações, Lula falou sobre o assunto em coletiva na Etiópia, um dos países da África, onde participava da 37ª cúpula da União Africana.
“Nós estamos à procura dos presos, esperamos encontrá-los, e, obviamente, nós queremos saber como é que esses cidadãos escaparam e ninguém viu. Só faltaram contratar uma escavadeira. Eu não quero acusar, mas, teoricamente, parece que teve a conivência com alguém do sistema lá dentro” Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente do Brasil
“Uma investigação que está sendo feita pela Polícia Local e pela Polícia Federal nos indica que, amanhã ou depois da manhã, o que aconteceu no Presídio de Mossoró (será revelado)”, afirmou Lula, lembrando ter sido a primeira vez que presidiários escaparam de um presídio de segurança máxima.
Com enigma
A entrevista do presidente Lula veio no mesmo dia em que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, soltou uma frase enigmática ao chegar no estado potiguar, dizendo que a fuga é "problema localizado", sem detalhar exatamente qual.
Ao chegar em Mossoró, onde acompanha as buscas pelos foragidos de perto, Lewandowski falou rapidamente com a imprensa.
“A minha presença é para demonstrar que o governo federal está presente, prestigiando o estado e as autoridades locais. O problema é localizado e será superado em breve com a cooperação de todos”, declarou o ministro.
Lewandowski afirmou que o episódio “não afeta em hipótese nenhuma a segurança das cinco unidades federais”, referindo-se às penitenciárias federais espalhadas pelo país.
Segundo as atualizações, os fugitivos fizeram uma família refém na noite de sexta-feira (16), numa casa a três quilômetros da penitenciária. A operação para capturá-los mobiliza cerca de 300 agentes federais, drones e três helicópteros.
Fátima Bezerra
As forças de segurança do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí participam das operações integradas. “Isso aqui não é nenhum favor, é o nosso dever, é o sistema único de segurança pública”, disse a governadora potiguar Fátima Bezerra, que recebeu Lewandowski no aeroporto.
O ministro deve dar novas declarações à imprensa à tarde. De acordo com o MJSP, existem duas investigações em andamento. Uma delas, de caráter administrativo, liderada pelo Senappen, apura as responsabilidades da fuga e pode levar a um processo administrativo.
Também há um inquérito realizado pela Polícia Federal para apurar eventuais responsabilidades de natureza criminal das pessoas que, eventualmente, facilitaram a fuga dos dois detentos da penitenciária.
Barras de ferro
De acordo com o corregedor do presídio, o juiz federal Walter Nunes. os presos usaram barras de ferro para perfurar as paredes. As barras parecem vigas. Os fugitivos colocaram um pano numa das extremidades do ferro para reduzir o barulho do quebra-quebra da parede, que também estava úmida.
Os dois presos estavam em regime restrito e não podiam levar banho de sol no pátio, de modo que a cela de ambos não era inspecionada diariamente. No dia da fuga, os refletores estavam desligados e uma das câmeras não funcionava.
As buscas por Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento já chegam a cinco dias. Eles pertecem ao Comando Vermelho e foram os primeiros detentos a escapar de um presídio federal brasileiro, considerados de segurança máxima.
O sistema foi criado em 2006. Os dois fugiram na última quarta-feira (14) de cinzas.
Com informações da Agência Brasil
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