Comandante do Bope de Pernambuco é exonerado do cargo
Tenente Coronel teria discordado da punição aos policiais envolvidos em homicídio
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O Comandante do Batalhão de Operações Especiais de Pernambuco (Bope), o Tenente-coronel Wambergson Correia Melo, foi exonerado do cargo na noite desta quarta-feira (22). Ele recebeu o comunicado em meio à polêmica sobre a violência envolvendo nove policiais do Bope na comunidade do Detran, bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife. Desde a terça-feira à noite, ele já sabia que seria substituído.
Nove policiais do batalhão comandado por ele fizeram uma operação na comunidade que causou a morte de dois homens e provocou protestos na localidade. Nos bastidores, circulou a informação de que o Tenente-coronel não teria concordado com a punição dada aos policiais. A Polícia Militar, por outro lado, informou em nota que afastamento beneficiava “a transparência nas investigações em andamento”.
Em seu lugar, assume o posto interinamente o major José Rogério Diniz Tomaz.
Os nove policiais citados foram presos na última terça-feira (211) e, após audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (22), seis ficarão presos de forma preventiva e três deles vão responder em liberdade. Os três últimos, entretanto, vão ser obrigados a comparecer em determinadas horas à Justiça e sem direito a participar de atividades externas do posto.
Veja nota na íntegra
“A Polícia Militar de Pernambuco informa que, em decorrência dos acontecimentos na Iputinga na última segunda-feira (20), e com o intuito de assegurar total lisura e transparência nas investigações em andamento, o comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) deixará o comando da unidade. Para dar continuidade às atividades e manter a estabilidade operacional do batalhão, o Major PM José Rogério Diniz Tomaz assumirá interinamente o cargo, a partir desta quinta-feira (23) Polícia Militar de Pernambuco,
Os militares estão enfrentando três investigações: uma da Justiça Militar, por crime de violação de domicílio e desvio de missão, outra pela Polícia Civil por homicídio durante operação policial e a última, pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social. A Corregedoria analisará as condutas disciplinares de forma individual.
A ação policial dos militares resultou na morte de dois homens: Rhaldney Fernandes da Silva, 32 anos, e Bruno Vicente da Silva, 28 anos.
Versões diferentes para explicar as mortes
Em vídeo divulgado nas redes sociais, os PMs do Bope aparecem derrubando uma porta para entrar no imóvel e, em seguida, as imagens mostram esses profissionais carregando os corpos para dentro de um camburão em lençóis: Rhaldney Fernandes da Silva, 32 anos, e Bruno Vicente da Silva, 27 anos.
Segundo a versão dos familiares e vizinhos, que não compareceram à polícia para prestar depoimentos por medo, os dois não tinham antecedentes criminais, nem atiraram nos PMs, como foi contado pelos policiais após a abordagem. Em entrevista à TV Tribuna/Band (canal 4), familiares disseram estar com medo.
Parentes das vítimas contaram que nada foi encontrado na casa. E os rapazes teriam sido executados, segundo testemunhos, mesmo depois de rendidos. A mãe, a esposa grávida e uma prima com uma bebezinha no braço foram retiradas do local antes das mortes.
Tanto Rhaldney quanto Bruno seriam pais em breve. Bruno também era jogador de futebol na comunidade e sua casa tinha vários troféus.
Os policiais envolvidos destacaram ter levado os corpos para serem socorridos na UPA da Caxangá, mas eles chegaram sem vida. Testemunhas disseram, contudo, que eles foram executados no local.
Os militares relataram que foram encontrados, no local, duas armas, maconha e crack. Os policiais do Bope teriam reagido a tiros.
A morte dos dois provocou manifestações na comunidade. Moradores atearam fogo num ônibus na BR-101, próximo ao Atacadão, e bloquearam a passagem no local, provocando medo em clientes do supermercado, que não sabiam o que estava acontecendo.
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