Musk promete doar US$ 45 milhões por mês para campanha de Trump
Bilionário anunciou publicamente seu apoio a Trump horas após o atentado de sábado, na Pensilvânia.
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O CEO da Tesla, Elon Musk, planeja doar US$ 45 milhões por mês para um grupo dedicado à reeleição do ex-presidente Donald Trump, uma mudança marcante na posição do bilionário. A informação foi revelada nesta terça-feira, 16, pelo jornal Wall Street Journal, citando pessoas próximas a Musk.
O dono do X anunciou publicamente seu apoio a Trump horas após o atentado de sábado na Pensilvânia, que deixou o ex-presidente ferido na orelha. Dias antes, Musk fez uma doação para o America PAC, ligado à campanha republicana. Antes, ele havia declarado que não daria nada para ninguém. "Não doarei dinheiro para nenhum dos candidatos a presidente", disse em março.
Mas Musk mudou de ideia, o que muitos consideram um movimento arriscado: como CEO da Tesla, fabricante de veículos elétricos populares na Califórnia, não está claro se o seu apoio entrará em conflito com as inclinações políticas dos compradores de seus carros, a maioria progressistas.
Além de Musk, um grande volume de dinheiro da área de tecnologia está sendo investido no America PAC, principalmente vindo de Cameron Winklevoss e Tyler Winklevoss, e de Joe Lonsdale, cofundador da Palantir Technologies, segundo o Wall Street Journal.
O apoio do setor de tecnologia se reflete na nova plataforma do Partido Republicano, ditada por Trump. O documento de 16 páginas promete revolucionar a indústria da inovação, eliminar restrições às criptomoedas e adotar uma abordagem acolhedora para as empresas de IA.
A plataforma pede o aumento, em vez da restrição, dos chamados "setores emergentes" - criptomoedas e IA. "Os republicanos abrirão o caminho para a futura grandeza econômica, liderando o mundo nos setores emergentes", afirma o documento.
Críticas
Para um partido cujos líderes se insurgiram contra as grandes empresas de tecnologia no passado, a mudança dos republicanos é marcante. Os críticos, porém, argumentam que as políticas da plataforma podem causar danos aos consumidores e favorecer os piores atores dos setores emergentes em detrimento da inovação real.
"Os republicanos acabarão com a repressão ilegal e antiamericana dos democratas às criptomoedas e se oporão à criação de uma moeda digital do Banco Central", afirma a plataforma. "Defenderemos o direito de minerar bitcoin e garantiremos que todos os americanos tenham o direito de custodiar seus ativos digitais e fazer transações livres da vigilância e do controle do governo."
"A posição de Trump como candidato das criptos pode ser uma jogada inteligente", afirma Chris MacKenzie, diretor da Chamber of Progress, grupo comercial que recebe financiamento de empresas de tecnologia. Em carta aberta, seu grupo pediu ao presidente dos EUA, Joe Biden, que apoiasse uma lei de criptomoedas que favorecesse o setor, observando que 18 milhões de americanos possuem ou negociam criptomoedas. "Seria a chance de tirar de Trump o manto de candidato das criptos", disse.
Inteligência artificial
Mas isso seria um erro, dizem os defensores dos consumidores. "Impulsionar criptomoedas é um plano estranho para um grande partido, dado o papel pequeno que ela desempenha na economia", afirma Robert Weissman, presidente do grupo de defesa do consumidor Public Citizen, que acredita que o destaque do tema na plataforma republicana reflete o lobby das criptomoedas.
A plataforma republicana, no entanto, vai além e também pede a revogação do decreto de Biden sobre IA. "Vamos revogar a perigosa ordem que impede a inovação em IA e impõe ideias radicais de esquerda no desenvolvimento dessa tecnologia", diz o a proposta. "Em seu lugar, os republicanos apoiam o desenvolvimento de IA com base na liberdade de expressão e no florescimento humano."
O decreto de Biden, assinado em outubro de 2023, impôs novas obrigações de segurança aos desenvolvedores de IA e pediu às agências federais que mitigassem os riscos da tecnologia e estimulassem seu desenvolvimento responsável. Em maio, um influente grupo do lobby tecnológico estava preparando o terreno para que um possível futuro governo Trump desmantelasse essas regras e canalizasse dinheiro para concessões e contratos de IA.
Corrida espacial
A nova plataforma do Partido Republicano inclui ainda mais uma prioridade relacionada à tecnologia: reforçar a exploração espacial comercial. "Sob a liderança republicana, os EUA criarão um setor de manufatura robusto na órbita próxima à Terra, enviarão astronautas americanos de volta à Lua e a Marte, e aumentarão as parcerias com o setor espacial comercial em rápida expansão para revolucionar nossa capacidade de acessar, viver e desenvolver ativos no espaço", declara o documento.
Se Trump vencer, portanto, um dos principais beneficiários seria Musk, que controla a SpaceX, a Tesla e o X. Nos últimos anos, ele vinha se manifestado cada vez mais suas opiniões conservadoras e, em 2022, pediu a seus seguidores no X que votassem nos republicanos nas eleições legislativas de meio de mandato.
Musk já fez doações tanto para democratas quanto para republicanos. "Eu me envolvo na política o mínimo possível", disse o bilionário durante um evento da Vanity Fair, em 2015. "Há um certo número de coisas em que tenho de me envolver, principalmente porque a SpaceX precisa lutar contra a Boeing e a Lockheed por contratos de segurança nacional e de lançamento espacial civil. Se não lutarmos, perderemos."
Alternância
Musk disse que votou na democrata Hillary Clinton, em 2016, e no atual presidente Joe Biden, mas também apoiou candidatos republicanos à Câmara dos Deputados em 2022. Nos últimos anos, porém, sua posição mudou claramente da neutralidade para o conservadorismo.
Alguns marcaram a compra da X, em 2022, como o início de seu envolvimento político, quando ele se deu de presente uma plataforma para expressar suas frequentes críticas a Biden. "Votei 100% no Partido Democrata até alguns anos atrás", disse Musk, em março. "Agora, acho que precisamos de uma onda vermelha (republicana) ou os EUA estarão fritos." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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