Guerra na Ucrânia acelera o relógio do juízo final
Instrumento que avalia simbolicamente o risco de extinção mostra que humanidade está perto do fim devido também às ameaças nucleares
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O grupo de cientistas nucleares – Boletim dos Cientistas Atômicos – anunciou, nesta terça (24), que o fim do mundo está mais próximo do que nunca.
O grupo criou um mecanismo para alertar o planeta sobre os riscos de um potencial apocalipse: o “doomsday clock”, ou o relógio do juízo final – em tradução livre.
A lógica do relógio é: quanto mais perto da meia-noite estiverem os ponteiros do relógio, mais próximo estará também o mundo do seu fim.
Este ano, o grupo de cientistas anunciou que estamos a 90 segundos do fim do mundo, o mais perto que o relógio do juízo final já chegou da meia-noite desde sua criação, em 1947. Um fator importante para isso foram as ameaças da Rússia sobre usar armas nucleares contra a Ucrânia.
Até então, o mais próximo que esteve da meia-noite, a hora fatídica que esperam que nunca chegue, tinha sido 100 segundos. O relógio permaneceu nessa posição por dois anos, desde janeiro de 2020.
O relógio é considerado uma boa ideia de marketing para fomentar a discussão sobre eventos catastróficos, mas não uma medição exata de quanto tempo ainda resta no planeta.
Apesar da explicação simples, a posição dos ponteiros do relógio é determinada por uma série de cálculos matemáticos complexos que medem a probabilidade real dos eventos acontecerem.
Entre eles estão guerras nucleares, doenças epidêmicas e mudanças climáticas.
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Em um comunicado, o Boletim afirma que, neste ano, adianta os ponteiros “devido, em grande parte, mas não exclusivamente, à invasão da Ucrânia por parte da Rússia e ao maior risco de uma escalada nuclear”.
Também pesam “as ameaças contínuas representadas pela crise climática e o colapso das normas e instituições globais necessárias para mitigar os riscos associados com o avanço das tecnologias e as ameaças biológicas como a covid-19”, acrescentou.
O relógio – que fica na Universidade de Chicago, nos EUA — foi criado depois da 2ª Guerra Mundial, quando os cientistas, entre eles o físico Albert Einstein e J. Robert Oppenheimer, começaram a se preocupar com a corrida armamentista entre Estados Unidos e União Soviética.
SAIBA MAIS
Medição teve início em 1947
Como funciona o Relógio do Juízo Final?
A medição é feita por um grupo de cientistas que anualmente declaram, baseados no contexto global, quão perto estamos do apocalipse. O Relógio do Juízo Final começou a funcionar em 1947, no começo da Guerra Fria, e desde então nunca esteve tão perto da meia-noite.
O relógio em si é um objeto de marketing, mas serve de alerta para a situação crítica que o mundo está enfrentando, com mudanças climáticas, epidemias e guerras. Todos esses fatores contribuem para a classificação dos cientistas.
Para se ter noção do quão perto são os 90 segundos, quando foi lançado, o relógio marcava sete minutos para a meia-noite, quando a Guerra Fria acabou, a atualização levou para 17 minutos.
Distância do apocalipse
No entanto, essa paz não durou muito, desde 2021, com a crise entre Estados Unidos e Coreia do Norte, o Relógio do Juízo Final está reduzindo a distância do apocalipse. A próxima atualização deve ocorrer apenas no começo do ano que vem, e tudo depende de como o mundo vai estar daqui a um ano.
O Relógio do Juízo Final, que mede simbolicamente o fim dos tempos, marcou, ontem, que a humanidade jamais esteve tão perto do cataclismo planetário.
O Boletim dos Cientistas Atômicos, que descreve o relógio como uma “metáfora do quão próxima está a humanidade da auto aniquilação”, moveu os ponteiros de 100 segundos para 90 segundos para meia-noite.
Fonte: pesquisa AT
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