Jovem capixaba vence o preconceito e é destaque em competição mundial
Thalita Mozer, de 24 anos, que é deficiente auditiva, faturou medalha de prata no futsal feminino
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Uma capixaba muito determinada voltou das Surdolimpíadas de Inverno, em Erzurum, Turquia, com uma medalha de prata, mostrando sua força no futsal feminino.
Thalita Mozer, de 24 anos, é deficiente auditiva e enfrentou barreiras para chegar onde está. Essa conquista adiciona mais um feito à trajetória dela, que já foi campeã mundial em 2019, na Suíça.
Com a ajuda do intérprete de Libras Luciano Rúbia, Thalita disse estar muito orgulhosa da conquista. “A emoção é muito boa, estou me sentindo muito feliz”, conta.
Na final, disputada na última segunda-feira, a Seleção Brasileira perdeu para a Espanha por 5 a 2 e terminou a competição na segunda colocação. A equipe brasileira, comandada pelo técnico Vanderlan da Silva, venceu várias partidas contra adversários como Japão, Itália, Irlanda e Grã-Bretanha.
A mãe da atleta, Lourdilene Mozer, estava ansiosa no aeroporto de Vitória, na tarde desta sexta-feira (15), esperando o desembarque da filha.
Ela contou que Thalita embarcou dia 25 do mês passado. “Thalita, com 3 anos de idade, jogou as bonecas fora. Ela gostava muito de bola. Conforme foi crescendo, a paixão foi aumentando”.
A atleta usa implante auditivo e, por conta disso, durante um tempo pensou que o sonho tinha ido embora.
“Em 2016, veio um olheiro de Brasília e falou: ‘essa menina tem futuro’. Nessa época, um time de surdos capixabas foi montado para competir em Betim, Minas Gerais. Lá, nós perdemos todos os jogos, mas o técnico da Seleção Brasileiro de Surdos estava presente e foi aí que tudo começou”.
Em 2018, a atleta começou a ser convocada para os treinos. Em 2019 aconteceu o Mundial, na Suíça. Ela foi convocada e foi ouro. Em 2022, foi bronze na modalidade de futebol de campo, em Caxias do Sul. Ano passado, foi prata no Mundial das Surdolimpíadas, que aconteceu em São José dos Campos, São Paulo.
A atleta não tem pretensão de parar. A mãe conta que a filha já está entre as favoritas para serem convocadas para o Japão. “Ela já vai começar a se preparar desde já para o ano que vem”, contou Lourdilene.
Thalita Mozer, jogadora de futsal: “Surdo consegue jogar normalmente”
A Tribuna — Como você conseguiu chegar até onde está? Qual sua trajetória?
Thalita — Eu comecei a jogar desde pequena, com 5 anos de idade. Aí, aos 14 , eu comecei no futsal, jogando com as meninas. Logo comecei a jogar com os meninos e só então passei a jogar com surdo. Foi aí que percebi: ‘nossa, eu sou muito boa!’.
Comecei a praticar, praticar, e em 2022 fui jogar em lá em Betim, Minas Gerais. Um olheiro me viu jogando e me chamou para começar a treinar pela Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), e vi que lá era muito bom, eu conseguia praticar bem. Depois disso, foram as conquistas nas disputas.
A surdez te atrapalhou em alguma coisa?
Não, de maneira nenhuma, é tudo normal. O surdo consegue jogar normalmente.
Como é para você superar mais esse desafio na sua carreira?
Foi muito difícil, porque lá era muito forte, a equipe era muito difícil, mas nós conseguimos jogar bem, com muita paciência, e ainda aproveitar as oportunidades. Não ficamos em nenhum momento tristes, conseguimos saber da nossa importância.
Quais os planos futuros para as próximas competições de futsal?
No ano que vem eu pretendo disputar um torneio no Japão.
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